O PMDB FAZ E ACONTECE NO
GOVERNO PETISTA
O governo Dilma tornou-se refém do PMDB de
Sarney, Romero Jucá, Eduardo Braga, Valdir Raupp, Henrique Alves, Renan
Calheiros, Michel Temer, estes expoentes da oligarquia brasileira, aliados com
a frente ruralista dominam a base de apoio governista no Congresso Nacional,
conduzindo as mesas de negociações para assegurar interesses não republicanos.
A dissimulação de suas lideranças beira o cinismo, afronta o povo brasileiro e
reduz a política no campo minado com graves resultados na governabilidade e no
fortalecimento das instituições democráticas. Estes agentes tramam nos
bastidores agressões ao STF recorrendo às vias transversais para desmoralizar os
seus atores e com isso amordaçá-los. O que nos causa espécie é o imobilismo do
PT, que ainda vive sob o fantasma do Lula. Sem direção orgânica e sem inteligência
política o partido encontra-se reduzido as conveniências eleitorais de seus
parlamentares. Nesta seara é cada um por si, visto que a presidente Dilma, de
forma centralizadora só respeita companheiro quando está com a “faca no peito”. Desse modo, a coalizão caminha para a negociata e não havendo “acordo” o
PMDB faz governo ou alia-se com o PSDB ou outra força qualquer, continuando o
mandonismo e o controle das oligarquias sob o taco do Sarney. Assim sendo, não
pode dar certo.
Porque
se sustenta apenas sobre o terreno cediço das conveniências do varejo político,
a mastodôntica base de apoio governista no Congresso Nacional vive criando
problemas para o Palácio do Planalto, com demonstrações reiteradas de que o
"presidencialismo de coalizão" de que o lulopetismo tanto se orgulha
acabou criando um aparentemente admirável, mas, na verdade, frágil gigante com
pés de barro.
Como resultado, a governabilidade, em
nome da qual há 10 anos se fazem todos os tipos de concessão ao que a política
tem de pior, esvai-se pelo ladrão.
Ilustra essa deplorável realidade a
decisão do principal aliado do governo, o PMDB, de colocar mais um cravo na
coroa de espinhos de Dilma Rousseff, ainda mal refeita dos sobressaltos que o
mesmo aliado lhe impôs, dias atrás, na votação da Medida Provisória dos Portos.
Desta vez, o PMDB comandou, na Câmara dos Deputados, a apresentação do
requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar irregularidades na Petrobrás.
Dois terços da bancada de 82
peemedebistas assinaram o pedido. E, com requintes de malícia, o líder do PMDB
na Casa, Eduardo Cunha (RJ), absteve-se de subscrever o documento, enquanto o
presidente nacional da legenda, senador Valdir Raupp (RO), declarava-se
"surpreso" com a adesão em massa de seus correligionários à
iniciativa.
Não é que a Petrobrás não esteja
realmente merecendo uma atenta investigação sobre seu funcionamento desde que o
presidente Lula a transformou em poderoso instrumento do projeto petista de
perpetuação no poder.
A crônica da economia brasileira na
última década está repleta de exemplos de como a maior estatal do País se
tornou uma arma da propaganda lulopetista, frequentemente ao arrepio de seus
próprios interesses empresariais. Toda a Nação se recorda do espalhafatoso
anúncio da conquista da "autossuficiência" em petróleo - e das
sucessivas quedas da produção, que fizeram da empresa grande importadora de
derivados.
A CPI agora proposta se destina a
apurar a venda de ativos da Petrobrás no exterior. Mas ninguém deve se iludir
com a possibilidade de que eventuais irregularidades nessa ou em qualquer outra
área de atuação da estatal venham a ser investigadas. O pedido de criação dessa
CPI não é para valer. Há pelo menos mais 10 requerimentos relativos a outras
CPIs na frente deste, o que significa que a votação do pedido pode ser
tranquila e indefinidamente postergada, ao sabor das conveniências políticas do
comando da Câmara, que está nas mãos do PMDB. E é claro que Dilma Rousseff já
entendeu claramente o recado.
O partido de Michel Temer, José
Sarney, Renan Calheiros, Henrique Alves e Sérgio Cabral, depois de ter
abrigado, em suas origens, um amplo arco de democratas empenhados no combate ao
regime autoritário que se instalou no País por mais de 20 anos, acabou se
transformando, depois da redemocratização, em legenda a serviço dos governantes
de turno, e hoje tem ojeriza aos ônus da oposição. Assim, a ameaça de criação
da CPI da Petrobrás é, nas palavras de um parlamentar do partido, "mais
uma demonstração de insatisfação da base". E explicou: "Como é que
vamos segurar a base, se você não a atende?".
A existência de uma base parlamentar
de apoio ao governo tão sólida quanto possível é, mais do que compatível com
regimes democráticos, indispensável à sua estabilidade. Mas alianças políticas,
mesmo não dispensando um inevitável quinhão de fisiologismo, devem ser
construídas sobre bases mais consistentes do que o mero toma lá dá cá. Alianças
políticas duradouras se fazem em torno de propostas, de programas de governo
resultantes de um consenso mínimo entre os aliados. Assim, mesmo sabendo que
para conquistar e se manter no poder Lula e o PT "flexibilizaram" sem
nenhum constrangimento suas mais arraigadas convicções políticas, é realmente
muito difícil de imaginar algum traço de espírito público nas relações entre
este governo e os partidos que o apoiam. Não pode dar certo.
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