Saia
justa na Política Manauara
Ademir
Ramos (*)
O
sistema eleitoral no Brasil encontra-se ainda assentado nos interesses das
oligarquias paroquiais em contraponto às metrópoles urbanas e industriais,
exigindo dos governantes coalizões convenientes que afrontam a racionalidade
política programática em prejuízo a qualidade da gestão republicana. É o caso
da Prefeitura de Manaus, tendo a frente o renomado Artur Virgílio Neto, que com
muito cuidado escolheu o seu time para governar a capital do Estado visando o
reordenamento das instituições em atenção às demandas populares, incentivando o
acesso as políticas públicas sob orientações da oferta de serviço de qualidade
em respeito à cidadania e ao movimento social.
O governo Artur Neto tem
procurado dar continuidade às obras que se encontravam por ser concluídas. Além
de tocar estas obras e os serviços afins, Artur Neto tenta também ampliar suas
relações junto ao governo federal com firme propósito de celebrar convênios
para sanear os problemas estruturantes que impactam a cidade, sua gente ao
ponto de comprometer o futuro de Manaus seguido da qualidade de vida do seu
povo. O desafio é grande para construir esta liga que resulte em projetos e
programas com as garantias Republicanas. Ademias, competência e habilidade no
processo de gestão municipal confrontam-se com interesses eleitoreiros dos
subalternos, criando uma “saia justa” na gestão da Prefeitura de Manaus.
É o caso das propagandas do
PSDB e do DEM veiculadas na mídia local. Em princípio nada de mais, contudo é
importante atentar para o caráter organizacional da gestão municipal. Poder
legítimo este centrado no Prefeito Artur Neto, que se valendo desse diploma legal
nomeou o Deputado Pauderney Avelino (DEM) para a secretaria municipal de
educação. Ambos os partidos, programaticamente fazem oposição ao governo
petista. Ambos também recorrem aos programas federais do Ministério da Educação
em atenção a ensino básico para proclamar a sua marca na gestão municipal
provocando um nó na cabeça dos eleitores mais atentos.
As inserções partidárias na
mídia são legais. O que se discute é o processo de gestão moral, político e
programático sob a direção do Prefeito Artur Neto, se esta prática pega o
PPS/MD também fará suas inserções dando visibilidade às obras de infraestruturas
e outros feitos, deixando o Prefeito “a ver navios” no cinzento horizonte
político eleitoral das alianças para 2014.
Outros afirmam também que esta
prática é marca identitária de um governo de coalizão democrático e
participativo. Certamente não temos nada contra, o que discutimos é a direção
política do processo de gestão municipal visto que os ensinamentos milenares de
Sun Tzu dão conta que “um chefe consumado cultiva a Lei Moral e adere
estritamente ao método e disciplina; portanto, está em seu poder controlar o
sucesso. A mesma coisa para a tática.”
Sucesso e Tática é a marca da
inteligência de um governo indutor do desenvolvimento da cidade. No passado,
Artur Neto fazia referência ao conselho do Presidente Tancredo Neves, que
ensinava aos catecúmenos da política, que não se deve nomear quem não se pode
demitir. Na verdade, até pode, mas o mal-estar será geral, então dá-lhe corda
aos afoitos para que com o seu próprio ato cometa o desespero de voar sem teto.
Talvez seja esta a tática, sabe lá.
(*) É professor, antropólogo e
coordenador do Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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