sábado, 25 de maio de 2013


SONHO MEU



O ato em si requer do protagonista coragem de se posicionar em defesa dos seus sonhos e ideais na perspectiva de se apropriar dos meios necessários para construção coletiva ou social da felicidade.

Ademir Ramos (*)
Saiba que o amanhecer sempre será uma possibilidade de se afirmar ou reparar um propósito em direção a um determinado fim. O ato em si requer do protagonista coragem de se posicionar em defesa dos seus sonhos e ideais na perspectiva de se apropriar dos meios necessários para construção coletiva ou social da felicidade. A possibilidade é uma vereda difusa a exigir opção dos caminhantes movidos por seus sonhos e objetivos podendo ou não ser efetivados no curso de sua existência. As opções podem ser resultantes da fortuna do acaso ou pensada e definida como conquista consumada no tempo das oportunidades, a superar a indiferença, a ignorância e o comportamento arrogante dos truculentos. Tanto numa situação como em outra o caminhante deve ser capaz de julgar e decidir. Contrário a isso, estará à mercê da vontade do outro, coisificado, desfeito de sua natureza operadora, enquanto prisioneiro de sua própria covardia desencorajado de viver com dignidade e altivez.

Esta situação de extrema miséria existencial pode ser evitada se o caminhante comportar-se coletivamente em rede, interagindo com os sistemas sociais e, sobretudo, tratando-se de pessoa em desenvolvimento é necessário que tenha acesso as políticas públicas de Estado, em particular, a escola enquanto farol promotor do discernimento a clarificar as veredas para melhor se avaliar suas práticas, qualificando seus atos para afirmação de sua vontade. Nesse processo de formação tanto a família como a escola exercem grande influência, sendo ambas responsáveis pelo vigor e encorajamento do caminhante. Fala-se da família enquanto estrutura social com os meios necessários para transformação da natureza por meio do trabalho, criando as condições materiais que possa oferecer aos seus os meios necessários para garantir a sustentabilidade econômica, social e espiritual. A fragilidade dessa instituição põe em risco a construção da sociedade e a sua própria constituição política, econômica e social. A escola por sua vez, não tem por fim, em nenhum momento, substituir a família, seu objetivo deve pautar-se no processo de aprendizagem investindo cada vez mais no caminhante, em processo de formação reflexiva, capaz de dialogar com os campos da ciência, cultura, arte e dos saberes tradicionais. Assim sendo, transferir ou alocar na escola responsabilidade outras que não sejam o desenvolvimento das competências, habilidades, linguagens e modos de pensar é reduzir o caminhante e seu povo a barbárie social, provocando dessa feita, o desmonte das instituições sociais a começar pela violência desmedida, banalizada nos campos e nas cidades.

A educação enquanto questão social exige dos governantes e parlamentares não só protocolo de intenção, mas o cumprimento do dever constitucional para garantir o acesso a escola a todos e todas, respeitando suas diferenças e especificidades, a começar pela imediata construção e implementação dos projetos políticos pedagógicos das creches, bem como o efetivo padrão de qualidade da rede escolar de ensino, somando-se a isso a graduação, pós-graduação. Para esse fim é necessário investir mais, muito mais na formação inicial e continuada dos professores, oferecendo justas condições de trabalho e salário, em atenção a esses profissionais trabalhadores da educação que lutam por remuneração e condições de trabalho digno, gritando por Justiça e responsabilidade social junto aos poderes de Estado.

(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM. 

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