SONHO
MEU
O ato em si requer do
protagonista coragem de se posicionar em defesa dos seus sonhos e ideais na
perspectiva de se apropriar dos meios necessários para construção coletiva ou
social da felicidade.
Ademir
Ramos (*)
Saiba
que o amanhecer sempre será uma possibilidade de se afirmar ou reparar um
propósito em direção a um determinado fim. O ato em si requer do protagonista
coragem de se posicionar em defesa dos seus sonhos e ideais na perspectiva de
se apropriar dos meios necessários para construção coletiva ou social da
felicidade. A possibilidade é uma vereda difusa a exigir opção dos caminhantes
movidos por seus sonhos e objetivos podendo ou não ser efetivados no curso de
sua existência. As opções podem ser resultantes da fortuna do acaso ou pensada
e definida como conquista consumada no tempo das oportunidades, a superar a indiferença,
a ignorância e o comportamento arrogante dos truculentos. Tanto numa situação
como em outra o caminhante deve ser capaz de julgar e decidir. Contrário a isso,
estará à mercê da vontade do outro, coisificado, desfeito de sua natureza
operadora, enquanto prisioneiro de sua própria covardia desencorajado de viver
com dignidade e altivez.
Esta situação de extrema
miséria existencial pode ser evitada se o caminhante comportar-se coletivamente
em rede, interagindo com os sistemas sociais e, sobretudo, tratando-se de
pessoa em desenvolvimento é necessário que tenha acesso as políticas públicas
de Estado, em particular, a escola enquanto farol promotor do discernimento a
clarificar as veredas para melhor se avaliar suas práticas, qualificando seus
atos para afirmação de sua vontade. Nesse processo de formação tanto a família
como a escola exercem grande influência, sendo ambas responsáveis pelo vigor e
encorajamento do caminhante. Fala-se da família enquanto estrutura social com
os meios necessários para transformação da natureza por meio do trabalho, criando
as condições materiais que possa oferecer aos seus os meios necessários para
garantir a sustentabilidade econômica, social e espiritual. A fragilidade dessa
instituição põe em risco a construção da sociedade e a sua própria constituição
política, econômica e social. A escola por sua vez, não tem por fim, em nenhum
momento, substituir a família, seu objetivo deve pautar-se no processo de
aprendizagem investindo cada vez mais no caminhante, em processo de formação
reflexiva, capaz de dialogar com os campos da ciência, cultura, arte e dos
saberes tradicionais. Assim sendo, transferir ou alocar na escola responsabilidade
outras que não sejam o desenvolvimento das competências, habilidades,
linguagens e modos de pensar é reduzir o caminhante e seu povo a barbárie
social, provocando dessa feita, o desmonte das instituições sociais a com eçar
pela violência desmedida, banalizada nos campos e nas cidades.
A educação enquanto
questão social exige dos governantes e parlamentares não só protocolo de
intenção, mas o cumprimento do dever constitucional para garantir o acesso a
escola a todos e todas, respeitando suas diferenças e especificidades, a
começar pela imediata construção e implementação dos projetos políticos
pedagógicos das creches, bem como o efetivo padrão de qualidade da rede escolar
de ensino, somando-se a isso a graduação, pós-graduação. Para esse fim é
necessário investir mais, muito mais na formação inicial e continuada dos
professores, oferecendo justas condições de trabalho e salário, em atenção a esses
profissionais trabalhadores da educação que lutam por remuneração e condições
de trabalho digno, gritando por Justiça e responsabilidade social junto aos poderes
de Estado.
(*) É professor, antropólogo,
coordenador do projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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