QUANDO
O POLÍTICO SE TRANSFORMA EM MASCOTE DOS PODEROSOS
E para não deixar a corda
quebrar, os políticos e governantes corruptos são orientados a investirem na
mídia, multiplicando seus feitos isolados em aparente política de Estado,
convencendo os tolos por alguns instantes a acreditarem que o que prometem
fazem e o que dizem acontecem, apostando no convencimento de seu carisma e na
impunidade como salvo conduto as próximas eleições.
Ademir
Ramos (*)
Eleito,
o governante procura de imediato constituir o seu time para entrar em campo e
fazer muitos gols. O povo quer gol, enquanto resultado positivo das decisões,
em atenção à cidade, a expectativa dos aflitos e dos interesses dos poderosos
que esperam também ser reembolsados com obras e favores para multiplicação de
seu capital. Isto pode parecer um grave problema para alguns ou somente uma
leve dor de cabeça para outros. Depende unicamente do governante que opera a
política, suas prioridades e seus compromissos. Parece fácil, mas não é, porque
no curso do processo eleitoral o candidato assume certos compromissos que
muitas vezes não pode arcar sem o sacrifício do povo e a violação das normas
constituídas. Os poderosos querem retorno imediato enquanto o povo
desarticulado fica na geral aguardando algum sinal positivo que resulte em
beneficio direto ou indireto a comuna local. O jogo vira um tédio e o eleito
rasteja na vala rasa da política.
O voto, dessa feita, transforma-se
em mercadoria e o governante e o parlamentar em mascote dos interesses
econômicos dos grupos dominantes, instrumentalizando as estruturas de governo
para satisfazer com verba pública seus caprichos e privilégios, não ocorrendo
tal feito, começa a vazar na “imprensa livre” e nas mídias sociais notas
plantadas, desqualificando o eleito, na tentativa de desestabilizar o seu
governo e/ou seu mandato. O “governante rabo preso”, com estas forças
contrárias aos interesses coletivos, nada operam em favor do povo, repetindo os
velhos vícios das oligarquias patronais, alimentando assim, os seus tutores políticos
regionais seguidos das práticas corruptivas. Nesses termos, as políticas
públicas se reduzem em bravatas midiáticas virtual ofuscando a realidade e
embotando a consciência dos eleitores. Esta política estropiada, casada com o
despreparo técnicos dos operadores mais ainda a falta de um projeto de Estado
assentam-se numa prática carismático-plebiscitária do patronato político promotor
de eventos e gestos messiânicos típico dos governos populistas, reduzindo o
cidadão em mero pedinte.
Está praga política se
dissemina ainda mais quando a desigualdade social impera e, consequentemente os
males sociais se multiplicam, excluindo as pessoas de usufruírem da melhor
escola, da saúde, da segurança, da habitação, da empregabilidade, da cultura e
da ciência. E para não deixar a corda quebrar, os políticos e governantes
corruptos são orientados a investirem na mídia, multiplicando seus feitos isolados
em aparente política de Estado, convencendo os tolos por alguns instantes a
acreditarem que o que prometem fazem e o que dizem acontecem, apostando no
convencimento de seu carisma e na impunidade como salvo conduto as próximas
eleições.
Cansado do zero a zero, o
povo bestializado pode quebrar as barreiras e invadir o campo, transformando a
tolice em loucura e quem sabe criando as condições favoráveis para as mudanças
estruturantes. Às vezes não, o estranhamento do presente faz com que o povo prefira
voltar à opção do passado que arriscar-se em novas opções partidárias seja para
o parlamento como também ao poder executivo. Eis o legado que um governante e
político falastrão podem deixar para história.
(*) É professor, antropólogo
e coordenador do Projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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