
DESENVOLVIMENTO, AÇÕES E DESAFIOS
A Igreja Católica, em parceria com outras organizações religiosas, iniciou ontem uma série de atividades dentro do tema ecologia e fé na mobilização patrocinada pela Campanha da Fraternidade deste ano. Para o país todo, esse é um gesto oportuno que vai possibilitar reanimar debates em torno de questões relevantes que vão ajudar a definir os próximos passos da delicada e necessária tarefa de promover o desenvolvimento sustentável no Brasil.
Em especial, para a Amazônia, tais debates reforçam a emergência de repensar as ações planejadas e em desenvolvimento para a região. Dialogando com amplos setores da sociedade, as igrejas envolvidas nessa mobilização de caráter ecumênico podem organizar múltiplos fóruns de diálogos e ampliar o alcance dessa fala e das reflexões produzidas para os seus comunitários, criando uma base de discussão muito mais abrangente e em um nível cada vez mais reivindicado – o popular. Ou seja, ultrapassa-se o limite do espaço de atuação dos especialistas para alcançar os núcleos comunitários. Quanto maior for a participação popular nesse tema mais condições os governos terão de apresentar propostas mais democráticas e rever aquelas pensadas em âmbito restrito e cujos compromissos nem sempre estão ligados às questões de interesse da sociedade e que estabeleçam os marcos do desenvolvimento local, regional e nacional.
Um dos atos marcados é o de defesa da conservação e da preservação do encontro das águas. Nele, uma celebração ecumênica vai chamar atenção para a importância desse espaço como parte de um ecossistema singular da Amazônia. A proposta de construção do porto das Lajes nessa região tornou-se um cabo-de-guerra. Sair dele dentro de uma perspectiva de que a decisão mais sensata deve ser buscada por todos os atores envolvidos nessa disputa é o desafio.
O governo do Amazonas tem adotado posturas que ferem os compromissos assumidos internacionalmente quanto ao desenvolvimento sustentável, ao contrario, vem priorizando um modelo de desenvolvimento que esgota em si mesmo os recursos da região. Este ano, a Campanha da Fraternidade a olhar com mais atenção para o assunto e fazê-lo objeto de matéria de interesse mais coletivo.
MORADORES DO ENTORNO ESTÃO AFLITOS

Moradora do Igarapé da Castanheira, Maria de Fátima Ferreira, disse temer a poluição das águas e a escassez do peixe na região, caso o porto venha a se instalar na área. “Vamos lutar até o fim”, ressaltou. Outro morador da área que se diz temeroso é Raimundo Lima, conhecido como ‘Doquinha’, que mora na Colônia Antonio Aleixo. Ele participa do movimento desde o início e afirmou que a sua primeira preocupação é com a paisagem, que conhece desde garoto, porque nasceu no Catalão e cresceu vendo a beleza do Encontro das Águas. A outra preocupação é com a pesca porque a área é de desova do jaraqui, que pode ser comprometida com a construção de novos empreendimentos.
No manifesto, o S.O.S. Encontro das Águas denunciou que depois da aprovação do tombamento em novembro, “houve uma crescente instalação de atividades industriais e particulares altamente impactantes na região do Encontro das Águas e do Lago do Aleixo”.
MEIO AMBIENTE COMO TEMA RECORRENTE
Em outras três vezes a Campanha da Fraternidade teve como tema o meio ambiente: Em 1979, a Campanha discutiu o tema “Por um mundo mais humano – preserve o que é de todos”; em 2004, “Fraternidade e Água – Água, fonte da vida”; e, em 2007, a Amazônia foi lembrada: “Fraternidade e Amazônia – vida e missão neste chão”.
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