sexta-feira, 11 de março de 2011

AVALIANDO A COBERTURA DA IMPRENSA LOCAL

O NCPAM por dever de ofício tem catalogado as publicações referente à luta do Movimento S.O.S. Encontro das Águas com propósito de incentivar os pesquisadores a desenvolverem trabalhos sobre a temática em foco. O fato é que há uma grande lacuna de pesquisa quando se trata do ecossitema desta região relativo à fauna, flora e a economia local. O estudo apresentado pela Lajes (Vale) Logística S/A segue à moda alfaiate, isto é, feito sobre encomenda, não permitindo que se avalie com objetividade as demandas locais visto que a missão a priori é ajustar cientificamente os estudos a construção do Terminal Portuário das Lajes, dando guarida ao empreendimento. Pesa em quantidade, mas perde em qualidade. Trata-se de estudos e pesquisas apologética prejudicando, sobremaneira, a materialidade dos relatórios apresentados. Uma das contestações formuladas publicamente é o destrato feito quanto ao conhecimento tradicional dos comunitários do entorno, tentando apagar o saber local e sobre ele construir uma nova versão amparada na ação imediata movida por interesse industrial à revelia da consulta a vizinhança. A manifestação da Abertura da Campanha da Fraternidade de 2011, com ampla repercussão na imprensa na quarta-feira (9), passou por um processo de avaliação do Comitê do Movimento, qualificando as matérias publicadas, bem como também a densidade das informações apresentadas. O fato foi noticiado no Jornal Nacional como manifestação emblemática, como se aqui fosse a Abertura Nacional da Campanha da Fraternidade. Da mesma forma, o Comitê avaliou as publicações nos jornais de Manaus, considerando as mais relevantes a matéria assinada pela jornalista Célia Santiago, do Jornal Em Tempo sob o título "Preservar para Garantir a Vida", dando ênfase a fala dos comunitários do entorno do Encontro das Águas. Além desta, registrou-se também a publicação do Editorial de a Crítica, podendo ser conferido abaixo.

DESENVOLVIMENTO, AÇÕES E DESAFIOS

A Igreja Católica, em parceria com outras organizações religiosas, iniciou ontem uma série de atividades dentro do tema ecologia e fé na mobilização patrocinada pela Campanha da Fraternidade deste ano. Para o país todo, esse é um gesto oportuno que vai possibilitar reanimar debates em torno de questões relevantes que vão ajudar a definir os próximos passos da delicada e necessária tarefa de promover o desenvolvimento sustentável no Brasil.

Em especial, para a Amazônia, tais debates reforçam a emergência de repensar as ações planejadas e em desenvolvimento para a região. Dialogando com amplos setores da sociedade, as igrejas envolvidas nessa mobilização de caráter ecumênico podem organizar múltiplos fóruns de diálogos e ampliar o alcance dessa fala e das reflexões produzidas para os seus comunitários, criando uma base de discussão muito mais abrangente e em um nível cada vez mais reivindicado – o popular. Ou seja, ultrapassa-se o limite do espaço de atuação dos especialistas para alcançar os núcleos comunitários. Quanto maior for a participação popular nesse tema mais condições os governos terão de apresentar propostas mais democráticas e rever aquelas pensadas em âmbito restrito e cujos compromissos nem sempre estão ligados às questões de interesse da sociedade e que estabeleçam os marcos do desenvolvimento local, regional e nacional.

Um dos atos marcados é o de defesa da conservação e da preservação do encontro das águas. Nele, uma celebração ecumênica vai chamar atenção para a importância desse espaço como parte de um ecossistema singular da Amazônia. A proposta de construção do porto das Lajes nessa região tornou-se um cabo-de-guerra. Sair dele dentro de uma perspectiva de que a decisão mais sensata deve ser buscada por todos os atores envolvidos nessa disputa é o desafio.

O governo do Amazonas tem adotado posturas que ferem os compromissos assumidos internacionalmente quanto ao desenvolvimento sustentável, ao contrario, vem priorizando um modelo de desenvolvimento que esgota em si mesmo os recursos da região. Este ano, a Campanha da Fraternidade a olhar com mais atenção para o assunto e fazê-lo objeto de matéria de interesse mais coletivo.

MORADORES DO ENTORNO ESTÃO AFLITOS

Neusa França, moradora da comunidade Bela Vista, comentou que participa do movimento pelo tombamento e preservação do Encontro das Águas desde o início e que a sobrevivência de sua família depende disso porque vive da produção de artesanato feito com restos de madeira recolhidas de árvores caídas e da pesca de sobrevivência. “Toda a população deve se engajar nesta luta, que é de todos”, afirmou.

Moradora do Igarapé da Castanheira, Maria de Fátima Ferreira, disse temer a poluição das águas e a escassez do peixe na região, caso o porto venha a se instalar na área. “Vamos lutar até o fim”, ressaltou. Outro morador da área que se diz temeroso é Raimundo Lima, conhecido como ‘Doquinha’, que mora na Colônia Antonio Aleixo. Ele participa do movimento desde o início e afirmou que a sua primeira preocupação é com a paisagem, que conhece desde garoto, porque nasceu no Catalão e cresceu vendo a beleza do Encontro das Águas. A outra preocupação é com a pesca porque a área é de desova do jaraqui, que pode ser comprometida com a construção de novos empreendimentos.

No manifesto, o S.O.S. Encontro das Águas denunciou que depois da aprovação do tombamento em novembro, “houve uma crescente instalação de atividades industriais e particulares altamente impactantes na região do Encontro das Águas e do Lago do Aleixo”.

MEIO AMBIENTE COMO TEMA RECORRENTE

Em outras três vezes a Campanha da Fraternidade teve como tema o meio ambiente: Em 1979, a Campanha discutiu o tema “Por um mundo mais humano – preserve o que é de todos”; em 2004, “Fraternidade e Água – Água, fonte da vida”; e, em 2007, a Amazônia foi lembrada: “Fraternidade e Amazônia – vida e missão neste chão”.

Nenhum comentário: