sábado, 26 de março de 2011

MANAUS FESTEJA O MEIO AMBIENTE

Ellza Souza (*)

Não se sabe se a festa é para preservar ou para acabar com o resto. As coisas não ficam muito bem explicadas. Dois fóruns acontecem hoje em Manaus onde o meio ambiente é falado e louvado por sumidades no assunto.

Personalidades do mundo inteiro e do Amazonas fazem belos discursos preservacionistas mas atitudes concretas em prol da natureza, por quem tem autoridade para tomar as providências necessárias, não vemos.Por exemplo, aqui no Amazonas, onde tem água doce para abastecer o planeta, sofremos de um grande mal insustentável: descaso das autoridades e da população em relação ao cuidado com os nossos rios. Tudo que não presta jogamos no rio. Já que nós que nascemos aqui não respeitamos essas águas, vem os de fora querendo se dar bem por aqui com seus projetos mirabolantes e sua falinha de que é melhor para o povo pois vai gerar emprego e bem estar.

Pode até gerar meia dúzia de empregos mas fiquem certos de que os beneficiados não serão amazonenses a quem pode ficar reservado o subemprego. Já viram alguma coisa que mostre o contrário? No caso das águas me refiro à construção do porto no Encontro das Águas, algo inadmissível se o que desejamos é preservar a água no mundo. Já basta o lixo “doméstico” jogado nos igarapés e no rio Negro. Juntar a isso o risco de uma catástrofe envolvendo o óleo que move os navios de grande calado fica impensável implantar tal idéia de jirico num lugar que representa o abraço de dois grandes rios e a história ali gravada nas pedras que mal foi estudada ainda.

Discutir essa parte, do lixo e dos rios, já estaria de bom tamanho para ser abordado nos fóruns de sustentabilidade onde todos querem a continuidade da vida na terra. Uns bem intencionados outros não. Vá saber quem é quem. Existem algumas desconfianças pois a relação homem-natureza e suas implicações nas cidades a cada dia fica pior. Nada que a própria natureza não dê conta de se defender. Mas nós, desvalidos seres diante de terremotos, cheias, enchentes, tsunamis, avalanches, temporais, somos de “alguma água” nesses momentos? Insistir em atitudes equivocadas é o pior remédio.

Acho melhor repensar no consumo, no lixo, nos meios de transportes, no desmatamento, na água. Ou pagar pra ver. Pagar? Talvez o dinheiro sirva para fazer uma fogueirinha para aquecer os que sobrarem para contar a história. Ou como uma autoridade se manifestou na televisão que com a desgraça dos japoneses o Brasil podia lucrar com isso, pelos negócios que poderão advir. É o fim do ser humano inteligente e perfeito.

(*) É jornalista, escritora e colaboradora do NCPAM/UFAM.

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