Ellza Souza (*)
A tragédia faz a gente refletir em muitas coisas. Como vivemos, o que produzimos, o que comemos, como tratamos a natureza, nossa poderosa mãe. O terremoto que aconteceu no Japão e as ondas que vieram pra cima da terra, das cidades, das pessoas, incontroláveis, mostram a nossa insignificância e falta de jeito para com ela. A infinitude daquelas forças que vem jorrando após o choque das placas tectônicas, onde mar e terra se unem numa energia que não é páreo para inteligência nenhuma. Sabemos que tem as placas, que tem os tremores, que tem a agressão às geleiras, aos mares, aos rios, às florestas, mas insistimos em fazer cidades megalomaníacas onde não se levam em conta o meio ambiente, as outras espécies, as árvores, as doces águas dos igarapés, os olhos dáguas. O menos ruim para um planeta já tão doente seria cidades pequenas com apelos menores de consumo e construções.
Já se construiu muita coisa bela no mundo. Hoje a beleza e a vida das pessoas não mais importa. Com a corrupção grassando por aí e o descaso das autoridades, o que importa é o cachezinho, é a exacerbação das vaidades, de obras faraônicas sem ter um faraó que se preze. O mar indomável se espalhou por muitos lugares no caso do Japão e tudo se transformou num lixão que as águas levaram para seus leitos. No gigantesco lamaçal tinha carros luxuosos, casas, navios, concreto de estradas, pontes e viadutos. Não se via gente e árvores. O tamanho das pessoas e as poucas que ficam se misturam ao turbilhão que não perdoa nada que encontra pela frente.
Os moradores foram previamente avisados do que estava por vir e procuraram lugar seguro para sobreviver. Sem perguntas, sem pânico, as pessoas já até se acostumaram com essas calamidades e só com os documentos num saquinho plástico e a vontade de viver, deixam tudo para trás e procuram salvar a pele e a inteligência de reconstruir tudo no mesmo lugar e nos mesmos moldes. Dramáticos acidentes naturais são cada vez mais freqüentes. Nunca vi tanta chuva na Amazônia. A chuva é maravilhosa para a floresta e para a vida de todos mas parece que há um ciclo que não se fecha. Há um descontrole de forças e sempre vai sobrar para o mais fraco de todos, o homem. A sua propalada competência tecnológica até agora não serviu para absolutamente nada. Ou melhor serviu para amontoar mais lixo no planeta que a essas alturas bóiam nos mares do Pacífico.
Tô pagando um réis para quem tiver uma solução pacífica para a existência da vida na terra. São tantos os especialistas que aparecem nesses momentos trágicos só não aparece um com uma solução real. Sabemos que não existe essa solução porque não somos páreo para a natureza. No lugar de mirabolantes soluções podemos procurar dentro de cada um de nós uma maneira de viver mais simples e pacífica.
(*) É jornalista, escritora e colaboradora do NCPAM/UFAM.
A tragédia faz a gente refletir em muitas coisas. Como vivemos, o que produzimos, o que comemos, como tratamos a natureza, nossa poderosa mãe. O terremoto que aconteceu no Japão e as ondas que vieram pra cima da terra, das cidades, das pessoas, incontroláveis, mostram a nossa insignificância e falta de jeito para com ela. A infinitude daquelas forças que vem jorrando após o choque das placas tectônicas, onde mar e terra se unem numa energia que não é páreo para inteligência nenhuma. Sabemos que tem as placas, que tem os tremores, que tem a agressão às geleiras, aos mares, aos rios, às florestas, mas insistimos em fazer cidades megalomaníacas onde não se levam em conta o meio ambiente, as outras espécies, as árvores, as doces águas dos igarapés, os olhos dáguas. O menos ruim para um planeta já tão doente seria cidades pequenas com apelos menores de consumo e construções.
Já se construiu muita coisa bela no mundo. Hoje a beleza e a vida das pessoas não mais importa. Com a corrupção grassando por aí e o descaso das autoridades, o que importa é o cachezinho, é a exacerbação das vaidades, de obras faraônicas sem ter um faraó que se preze. O mar indomável se espalhou por muitos lugares no caso do Japão e tudo se transformou num lixão que as águas levaram para seus leitos. No gigantesco lamaçal tinha carros luxuosos, casas, navios, concreto de estradas, pontes e viadutos. Não se via gente e árvores. O tamanho das pessoas e as poucas que ficam se misturam ao turbilhão que não perdoa nada que encontra pela frente.
Os moradores foram previamente avisados do que estava por vir e procuraram lugar seguro para sobreviver. Sem perguntas, sem pânico, as pessoas já até se acostumaram com essas calamidades e só com os documentos num saquinho plástico e a vontade de viver, deixam tudo para trás e procuram salvar a pele e a inteligência de reconstruir tudo no mesmo lugar e nos mesmos moldes. Dramáticos acidentes naturais são cada vez mais freqüentes. Nunca vi tanta chuva na Amazônia. A chuva é maravilhosa para a floresta e para a vida de todos mas parece que há um ciclo que não se fecha. Há um descontrole de forças e sempre vai sobrar para o mais fraco de todos, o homem. A sua propalada competência tecnológica até agora não serviu para absolutamente nada. Ou melhor serviu para amontoar mais lixo no planeta que a essas alturas bóiam nos mares do Pacífico.
Tô pagando um réis para quem tiver uma solução pacífica para a existência da vida na terra. São tantos os especialistas que aparecem nesses momentos trágicos só não aparece um com uma solução real. Sabemos que não existe essa solução porque não somos páreo para a natureza. No lugar de mirabolantes soluções podemos procurar dentro de cada um de nós uma maneira de viver mais simples e pacífica.
(*) É jornalista, escritora e colaboradora do NCPAM/UFAM.
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