Ellza Souza (*)A calorosa capital do Amazonas vai receber personalidades que irão discutir nos dias 24, 25 e 26 de março, no Tropical Hotel, o tema Sustentabilidade e Preservação do meio ambiente no mundo. E nada melhor do que trazer para a Amazônia pessoas que falem a mesma linguagem conservacionista. Bill Clinton, Arnold Schwarzenegger, sir Richard Branson, Dan Eptein, Fábio Feldman, James Cameron, ministra Izabella Teixeira. Daqui, estarão presentes todas as autoridades que são nitidamente a favor da construção de um porto no Encontro das Águas. Nessa lista, talvez por desconhecimento meu, não vejo o João, a Marisa, o Raimundo, o Antonio, ilustres conhecedores da realidade amazônica e que sabem muito bem as mazelas e as soluções para a aliança homem-natureza.
Na Amazônia tudo é muito exagerado e gigantesco. Se mal manipulada, sem conhecimento da floresta, corremos o risco de só destruir e não chegar a lugar nenhum. Precisamos aprender com os que já destruíram a natureza de seus países e hoje querem preservar. Precisamos também ensinar a quem quer nos escutar. Todos podem se manifestar mas com honestidade e objetividade. Ou é a favor ou contra a vida no planeta e isso implica em tomada de posição. Não podemos nos posicionar de acordo com a platéia. Esse Fórum de idéias tão diversificadas pode ser muito importante e a sociedade precisa ficar atenta ao que vai ser debatido ali.
Se for um evento só para figurões que querem bater um papo alegre perderemos a oportunidade de dignificar e debater causas como a do tombamento do Encontro das Águas, alternativas de desenvolvimento para a Amazônia sem necessidade de acabar com ela e como aliviar a vida na cidade de Manaus, Belém e pequenas comunidades infiltradas selva adentro. Se forem debatidas questões como essa pelas partes envolvidas como o povo, governo e empresas, e se do evento saírem compromissos assinados e passiveis de fiscalização, vou acreditar que estamos realmente caminhando para um mundo melhor e que a vida na terra ainda tem jeito.
Caso contrário, vou achar que vamos ficar todos alienados e infelizes como o jovem músico que mostrou desconhecer completamente a Amazônia e o modo de viver de seus habitantes. Infelizmente o jovem tem razão. Não podemos mais ser considerados civilizados pois as grandes civilizações brasileiras foram exterminadas há muito tempo. E ficou gente como ele que deve viver no mundo da lua e no lugar de ler um bom livro prefere o mundo fantasioso das mensagens rssss e kkkkkkk.
(*) É jornalista e escritora e colaboradora do NCPAM/UFAM.
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