terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MIRATINGA NELES!


NO AMAZONAS O PRECONCEITO É UMA PRAGA

Designado a representar o governador do Amazonas Eduardo Braga (PMDB), em conferência a ser proferida em Manaus aos alunos e professores do Projeto Rondon de várias regiões do País, no sábado passado (31/1), o secretário de estada da educação, Gedeão Amorim, contaminado pela propagando oficial do governo do Estado que exalta de forma fascista o “orgulho de ser amazonense”, deu um tiro no pé, manifestando preconceito, discriminação e racismo contra os povos indígenas que moram e habitam secularmente esse território. O representante do governador, no auditório da Universidade do Estado do Amazonas, fez questão de alertar aos rondonistas, que “aqui (no Amazonas) vocês não vão encontrar só índios. Aqui também tem gente bonita”.

De imediata, as organizações indígenas se pronunciaram alegando que só “pode ser praga do governador”, porque até então o secretário de educação demonstrava respeito para com as culturas indígenas. Sua declaração, segundo as lideranças do movimento indígenas do Amazonas, é “digna de repúdio, merecendo ser denunciada junto ao Ministério Público Federal”. O fato foi discutido no Fórum Social, em Belém do Pará, quando as lideranças indígenas da Amazônia exigiram do representante do governo do estado do Amazonas, retratação pública e pedidos de desculpas à Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.

A declaração do secretário de educação do Amazonas se dá logo após a intolerância do diretor do Pronto Socorro da Criança, Joaquim Alves Barros Neto, que recomendado pela equipe médica do hospital do Estado, não permitiu a presença de um Pajé nas dependências do Pronto Socorro para confortar uma criança Tukano, filha da família Barreto, de São Gabriel da Cachoeira, que havia sido mordida por uma cobra venenosa.

Insatisfeitos os familiares retiraram a criança indígena do hospital do Estado e a internaram no Getulio Vargas, hospital escola da Universidade Federal do Amazonas, para merecer os cuidados tanto do Pajé como também dos profissionais da ciência médica orientados por uma prática intercultural e dialógica, garantindo a saudável recuperação da criança sem mutilar a perna afetada, como queriam os médicos do Estado.

Dos fatos ocorridos pode se concluir que o preconceito, racismo e a intolerância são marcas de um governo que julgam os povos indígenas fora de seu padrão estético, sendo incorporadas nas práticas de seus profissionais como representações do “feio, exótico, preguiçoso e primitivo”, predicativos que manifestam dominação política, exploração econômica e exclusão social dos povos tradicionais.

Marcas dessa política neocolonial podem ser conferidas no Amazonas, quando se comprova o abandono da Educação, Saúde e Sustentabilidade das comunidades indígenas, que migram de suas terras para a capital do estado por não merecer nem da União e muito menos do governo do Amazonas a atenção das políticas públicas em cumprimento aos seus direitos fundamentais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Marcos Almeida.
Realmente, é lamentável este ocorrido o qual o secretário de educação deu uma péssima lição de preconceito. Isto sem dúvidas, são as sementes do mal, que são lançadas pelo governo do amazonas, que contaminado pelo virus Ianque de branquiar tudo, de super valorizar o belo, isto é, o branco. Isso nos mostra que basta umas idas e vindas para bandas de lá, que nosso ilustre governador turista, logo esqueçe suas origens Tupiniquins, e ainda por cima, contagia todo o seu clero com essa versão colonizadora e preconceituosa.
Mas, sem querer atribuir a culpa, a outros por um fato cometido por nosso prezado secretário, nos resta esperar um pronunciamento quanto a esta gafe gravissima cometida com nossos irmãos indígenas.

Devemos perguntar ao secretário se as indígenas que ele tanto admira pelos interiores do Estado, se elas são ou não bonitas?

Fica a questão: como poderemos mudar a visão que os outros Estados tem do Amazonas, se nossas autoridades agem assim, esquecendo que tem o sangue indígena em suas veias? Demonstrando total descaso por nossas raízes.