quarta-feira, 30 de março de 2011

AUMENTO DE ÔNIBUS É PRAGA DO ORDINÁRIO

Elza Souza (*)

Em Manaus, o ônibus vai para módicos 2,75. O aumento da tarifa quando vem, vem mesmo. Infalível e sem recurso que impeça o acinte como se fosse uma praga do ordinário do lugar. Não tem nada no sistema coletivo de transporte em Manaus que justifique o aumento da passagem a não ser a cara de pau dos políticos que não tem competência para evitar isso que nesses momentos deveriam ficar ao lado da população.

Ontem fui para a parada da Darcy Vargas em frente do Tocantins II às 17 h 45 mais ou menos. Era dia ainda. Tinha um compromisso às 19h30 no shoping da rua Recife. A distância é pequena mas precisa de um transporte para lá chegar. Duas horas depois tive que voltar para casa, na calada da noite e cabisbaixa sem entender o porquê da desdita. Não passou nenhum coletivo que servisse para o trajeto que queria fazer. Perdi o meu compromisso.

O engarrafamento era grande e até carona era inviável pois os carros estavam parados. De onde vou tirar a merreca de 0,50 cada vez que pegar um ônibus. E se pegar. Não tem ônibus e quando tem não atende as expectativas do usuário que quer pelo menos dignidade, ônibus lavados, paradas obrigatórias, trajetos adequados.

Minha pobre cidade, Manaus que poderia ser linda, limpa, com serviços públicos funcionando, igarapés pra todo lado com o barulhinho da água acalmando a mente de seus cidadãos, parques com muitas árvores proporcionando recantos de paz e sombra, os taperebás do bairro da Chapada caindo em cima dos pedestres para lembrar-lhes seu adocicado sabor.

Manaus, o que será de nós que moramos aqui com essa degradação social e moral que acontece a olhos vistos. Sem direito a nada, o “desprovido de recursos” não tem direito nem a lazer pois se quiser vá a pé ou volte para o seu rincão, lá nas brenhas da floresta. Aliás não podemos nem reclamar. Se reclamar, pode morrer. Praga de autoridade municipal não é refresco não. Ontem na parada, botei meu rabinho entre as pernas e fui maquinar meus pensamentos mais adiante. Parada é lugar de otário que fica horas pensando. E reclamando. Fazer o quê?

(*) É jornalista, escritora e colaboradora do NCPAM/UFAM.

Um comentário:

Felipe Pereira disse...

Ótimo texto! Não é o texto dos nossos sonhos, pois sintetiza uma incomoda realidade. Vamos seguir em frente, cabeça erguida, sem desistir do sonho de termos uma cidade melhor. Vamos fazer o que for possível e aquilo que estiver ao nosso alcance como cidadãos. Se os governantes (maioria) não se preocupam em distribuir educação (isso mesmo, uso a palavra distribuir,pois acredito que distribuição de educação é o que gera a verdadeira distribuição de renda) façamos isso como sociedade civil organizada. O voto está ao alcance do povo, né? Batalharmos pela melhor utilização do "poder de voto" já é um grande passo!