quinta-feira, 26 de maio de 2011

AMANDA, A PROFESSORA ARRETADA

Ellza Souza (*)

Esse é um nome que pode ser citado com todas as letras. É o nome de uma cidadã que transparece verdade e lucidez na defesa do que acredita. A professora Amanda Gurgel, de Natal, Rio Grande do Norte, encantou a todos com um discurso simples que muitos brasileiros gostariam de pronunciar. Já estarrece a comparação de salários e responsabilidades entre professores e políticos. Ao professor cabe a vital função de preparar o ser humano para a vida por meio do conhecimento. Ao político cabe fazer leis, defender bons projetos em benefício da sociedade, gerir com seriedade os recursos públicos.

No caso do político isso seria muito simples se as pessoas que entrassem para essa atividade fossem fiscalizadas, preparadas e não pudessem legislar em causa própria. Não sendo assim o que acontece é que os candidatos a políticos entram pobres, paupérrimos e em pouco tempo ficam milionários. Como isso pode acontecer só com essa classe? Porque os políticos do Nordeste e do Norte principalmente são todos milionários e o povo dessas regiões são tão carente, pobre, sem casa, comida, emprego, saúde, estradas, escolas, merenda escolar, segurança, transportes coletivos e por aí vai. Além do bom salário, as mordomias são aviltantes e um disparate diante do desinteresse desses funcionários para com o cumprimento de suas tarefas.

No caso do professor no Brasil, ouvimos histórias de arrepiar por todo canto. Fazem um arremedo danado para esconder as mazelas quando deveriam era escancarar os problemas para tentar corrigi-los já que nunca dantes nesse país a educação foi tão esquecida, maltratada e violentada em todas as suas esferas. Do fundamental ao superior o descaso é o mesmo.

O professor que outrora tinha orgulho em seguir essa profissão, hoje se envergonha, se esconde pois nem os alunos os respeitam mais. A educação no Brasil se tornou um embolado de má gestão e descaso com a população onde se sovina até merenda ao professor e ao aluno que é filho do pobre e não tem voz nem vez, resta comer a salsicha enlatada e muitas vezes vencida que querem empurrar goela abaixo de nossos estudantes. É muita falta de vergonha e de caráter.

E isso só tem um jeito. Prestar mais atenção na hora de votar e tentar fazer uma LIMPA não reelegendo ninguém nas próximas eleições. Sabemos que eles são ardilosos portanto precisamos observar e tentar ser mais sabidos que os políticos. Nada de jogador, político, pastor, palhaço, analfabeto, banqueiro, industrial. Precisamos sim de bons profissionais, inteligentes, preparados, cultos, honestos que saibam resolver os “pepinos” da coletividade e não os seus próprios “pepinos”. Que a voz da professora Amanda ecoe na mente de todos que realmente querem um dia ser feliz num país que almeje sim o desenvolvimento mas de forma coerente e em harmonia com a natureza, respeitando as peculiaridades de sua população e dignidade do trabalhador honesto.

O protesto de Amanda é tocante e emociona pela completa verdade intrínseca nele. Tudo o que foi dito naquele momento é comprovado no cotidiano dos educadores de vocação. Alguns recebem 500 reais, outros como ela recebem 900. Comparando com os salários dos políticos podemos constatar que estão sim legislando em causa própria faz tempo. A diferença é cruel e deveria envergonhar a sociedade que escolhe mal os seus representantes. “É necessário transformar a nossa angústia em ação”, conclama a corajosa professora.

(*) É jornalista, escritora e articulista do NCPAM/UFAM.

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