quinta-feira, 19 de maio de 2011

A FERA NÃO MORREU E O DESGOVERNO TAMBÉM

Ellza Souza (*)

Já não basta a violência, o mau uso dos recursos públicos, uma saúde mental de enlouquecer, ônibus sujos, salsichas vencidas para a merenda escolar, começamos a sentir o bafo de uma desgraceira que se chama inflação e a indexação de contrapeso. Quem viveu viu e sentiu os horrores de um monstro como esse que corrói qualquer ganho decente de uma pessoa que trabalha e luta por uma condição de vida melhor. Esse aumento de preços é resultado de desgoverno, de gastança no setor público, de equívocos na economia do país, de incompetência na gestão do dinheiro dos impostos.

Não foi fácil domar o monstro inflacionário mas com certos ajustes e muito sofrimento para a população o Brasil conteve a sanha do crioulo doido que arrastava a vida de todos para uma paranóia sem fim e para a qual o país não oferece tratamento adequado pois como a saúde em geral e a manicomial em particular, não existem recursos suficientes.

No último surto inflacionário, muitas tragédias aconteceram, muitos perderam suas economias juntadas durante muitos anos e a insegurança diária dos aumentos abusivos deixou marcas difíceis de esquecer. Para quem passou por isso já começa a tremer diante da inabilidade das autoridades que deveriam conter a fera com atitudes sérias, éticas, onde o bem do coletivo estivesse acima do bem próprio. Entrou no torvelinho da inflação, onde a pilantragem de toda espécie procura tirar proveito, fica catastrófico sair. A sociedade precisa estar muito bem preparada e atenta pois é a única a sofrer as conseqüências da fera inflacionária.

Será que em mais de quinhentos anos de história, de opressão, ainda não aprendemos a escolher nossas excelências pela competência, pelo currículo e pela ficha corrida, deixando de lado o compadrismo, o paternalismo, o quem dá mais. Dói. Não quero esse sofrimento para os meus filhos e muito menos para os filhos dos outros.

(*) É jornalista, escritora e articulista do NCPAM/UFAM.

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