quinta-feira, 7 de maio de 2009

CONSIDERAÇÕES SOBRE EMPREENDEDORISMO COMUNITÁRIO NO MONTE DAS OLIVEIRAS

Nessa oficina percebe-se a presença em sua maioria das mulheres da comunidade. Algumas já tinham seu próprio negócio e não faziam parte da associação dos catadores de lixo reciclável como também um jovem empreendedor que trabalha com hortifruti e que, durante sua apresentação, verificou-se que seus produtos, quase em sua maioria, eram provenientes de produção familiar.



Valcilene Gomes de Oliveira*

Este relatório tem por objetivo descrever o desenvolvimento do trabalho, dos acontecimentos às experiências vivenciadas no campo durante a participação na primeira fase do Projeto Oficina de Empreendedorismo Comunitário em Santa Etelvina/ Monte das Oliveiras, no período de 28/03/2009 a 02/05/2009. Conforme plano de trabalho estabelecido a priori, as equipes tanto do empreendedorismo comunitário como do empreendedorismo digital tiveram seu primeiro contato com os comunitários de Santa Etelvina, trabalhadores do setor da reciclagem e que desenvolvem esta atividade também no bairro do Monte das Oliveiras, o que possibilitou a realização das oficinas de empreendedorismo nesta comunidade. Em visita para o reconhecimento do campo, ocorrido no dia 28/03/09, os acadêmicos puderam estreitar laços com a base comunitária e, acompanhados pelo consultor do SEBRAE, estabeleceram diretrizes para a realização das oficinas.

No galpão onde os catadores de lixo e os facilitadores do NCPAM se reuniram foram abordadas várias questões para que tomássemos conhecimento de quem eram as pessoas que iríamos trabalhar e suas necessidades. Assim, foram levantados alguns dados como, por exemplo, na reciclagem trabalham 27 pessoas que chegam a fazer 30 toneladas por mês na coleta seletiva da qual também 27 famílias são beneficiadas diretamente dessa coleta. Outro ponto verificado foi a doação do material por empresas do Distrito Industrial, mas que segundo a líder Sra. Aldenice a doação havia sido interrompida devido a crise no mercado. Depois dessa breve conversa fomos levados ao local onde seriam ministradas as oficinas, a Paróquia Preciosíssimo Sangue, Rua Monsenhor Pinto, bairro Monte das Oliveiras.

Dando continuidade às ações, no dia 04/04/09 teve início a primeira oficina, com a apresentação oficial dos projetos à comunidade pelo Prof. Ademir Ramos, colocando como pontos básicos para o fortalecimento da comunidade princípios e valores como espírito de cooperação, organização e solidariedade. Neste sentido, ficou definido entre os comunitários como prioridade a discussão e definição de diretrizes para a elaboração de um Plano de Negócios para a instituição envolvida (o Instituto Ambiental Dorothy Stang), além do planejamento e formatação de um blog comunitário, que servirá como um portal de notícias e reivindicações da comunidade, além de dar suporte e visibilidade às ações empreendedoras dos comunitários envolvidos. Ao final, foi percebido certo entusiasmo no semblante dos participantes, tanto jovens quanto adultos.

Na oficina de dia 11/04/09, a Universidade e o parceiro SEBRAE desenvolveram um trabalho para o fortalecimento da comunidade, onde através de palestra incentivaram o comunitário a agregar valor ao trabalho feito com reciclagem de lixo, incentivando também a auto-estima dos comunitários através de vídeo motivacional apresentado pelo grupo de empreendedorismo digital. Já o facilitar do SEBRAE em sua apresentação orientou a comunidade como ser um empreendedor e assim, atingir “metas” para tanto terá que conhecer o desafio; planejar cada detalhe; encontrar o melhor caminho, ser persistente; calcular os riscos; ter comprometimento e, aliado a estes pontos, a atitude e o conhecimento viram oportunidade. Nessa oficina foram feitos outros encaminhamentos, tais como: a divisão dos presentes em dois grupos de trabalho para a segunda etapa do projeto, a ser trabalhado a partir de dois enfoques distintos: o empreendedorismo comunitário e o digital.

Ao definirmos as equipes, o grupo de empreendedorismo comunitário, já na quinta oficina em 02/05/09, sob o comando da facilitadora Lena Muniz, a temática de agregação de valores ao material com o qual se trabalha, orientando-os quanto ao planejamento de cada detalhe de seu trabalho para assim obterem lucro, evitar desperdício, investir e não gastar em supérfluos e também estratégias e vendas e atendimento a clientes, motivando-os a conhecer melhor o produto com o qual se vai trabalhar. Em seguida, os comunitários fizeram uma pequena exposição de seus negócios, apresentando seus produtos. Alguns foram com material reciclado, outros com frutas, artesanato e bio-jóias.

Nessa oficina percebe-se a presença em sua maioria das mulheres da comunidade. Algumas já tinham seu próprio negócio e não faziam parte da associação dos catadores de lixo reciclável como também um jovem empreendedor que trabalha com hortifruti e que, durante sua apresentação, verificou-se que seus produtos, quase em sua maioria, eram provenientes de produção familiar.

Para as próximas oficinas, espera-se mapear na comunidade, as iniciativas empreendedoras existentes, identificando talentos e definindo coletivamente prioridades para a elaboração de uma proposta de Plano de Negócios, contemplando, dessa forma, a organização e o planejamento comunitário para o desenvolvimento de atividades sustentáveis e sustentadas.

*A autora é graduando do 7º período de Ciências Sociais e facilitadora do projeto Oficina de Empreendedorismo Comunitário em Santa Etelvina/ Monte das Oliveiras. Este artigo corresponde a relatório de campo produzido a partir das ações do respectivo projeto.

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