quarta-feira, 6 de maio de 2009

DIREITO SIM, ANARQUIA NÃO!

A luta dos estudantes do Amazonas não deve ser qualificada como anarquia, como alguns “papagaios da mídia” passaram a cantar. Pelo contrário, trata-se de uma reação respaldada no direito coletivo com grande ressonância no movimento social por resguardar a economia popular. Segundo os militantes estudantis, a luta continua e dessa vez a estratégia é ocupar os gargalos urbanos, exigindo dos governantes, parlamentares e empresários uma resposta que atenda os anseios da maioria justificada na palavra de ordem: “a gente não quer só comida, quer comida, diversão e arte”.

Foto: Amazonas Em Tempo

Estudantes param o trânsito, outra vez*

Pelo segundo dia consecutivo, estudantes fazem protesto nas ruas pelo retorno ao direito a 120 créditos de meia-passagem.

Aproximadamente mil estudantes universitários fizeram ontem, por mais de três horas, mais um protesto contra redução na quantidade de meias passagens. A manifestação teve início em frente ao campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e causou congestionamentos nas avenidas Rodrigo Otávio, Efigênio Sales, André Araújo, Cosme Ferreira e ruas próximas. Conforme o gerente de fiscalização do Instituto Municipal de Trânsito (Imtrans), Uarodi Guedes, o trânsito ficou comprometido em 50 quilômetros nessas vias. Durante a manifestação, dois estudantes, Paulo Henrique Susmikat, 22, e Júlio Holanda, 21, foram detidos por baderna e encaminhados ao 3º Distrito Integrado de Polícia (DIP).

Os estudantes programaram para hoje mais quatro protestos, porém se a Câmara Municipal permanecer com a decisão de reduzir a quantidade de meias passagens há previsão de que pelo menos 13 pontos da cidade sejam interditados. Segundo o presidente do Diretório Estudantil da Escola Ângelo Ramazzotti, Manoel Almeida, mesmo que a Câmara seja a favor dos estudantes algumas das principais vias da cidade, como André Araújo, Grande Circular, Paraíba e Mário Ypiranga serão interditados em protesto contra ao que chamaram de omissão do executivo municipal, que não se manifestou quanto a redução das meias passagens.

“Na melhor das hipóteses vamos parar quatro pontos da cidade, mas se a Câmara não recuar e rever a quantidade de meias passagens para os estudantes vamos paralisar 13 pontos de Manaus. Estamos lutando por um direito conquistado com muita luta e não vamos abrir mão dele de uma hora para outra. Amanhã (hoje) de manhã, às 9h, nosso compromisso é na Câmara de Manaus e as 14h é nesses pontos de protesto”, informou.

Se a quantidade de meias passagens não for revista os alunos prometem fazer manifestações amanhã na av. Djalma Batista e na quinta-feira no Centro, partindo da Praça do Congresso. Segundo o acadêmico de engenharia florestal, Antônio Rodrigues, 25, a manifestação no campus da Ufam foi “puxada” pela classe estudantil como um todo, que se sente prejudicada com a redução na quantidade de meias passagens. Conforme ele, o movimento não teve uma liderança específica.

“Estamos aqui para informar os estudantes sobre a importância de defender um direito que é nosso, não para defender legendas partidárias. Não precisamos da meia passagem só para ir e vir da faculdade, nossas atividades escolares e acadêmicas vão além disso e não podemos ser prejudicadas desse jeito. A população também tem o direito de saber com base em que os empresários querem o reajuste da tarifa, cadê a planilha de custos que até hoje não foi divulgada?”, questionou.

Agentes da Polícia Militar e da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) acompanharam toda a movimentação dos estudantes, desde a saída da Ufam, até a manifestação realizada em frente ao colégio Ângelo Ramazzotti e o retorno ao campus universitário, onde o protesto foi finalizado às 20h40. Até o fechamento desta edição os dois estudantes detidos permaneciam no 3º DIP, onde seriam ouvidos pelo delegado plantonista e, devido ao crime de que foram acusados, assinariam um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e seriam liberados.

Nova emenda na Câmara

Após muita pressão dos estudantes, que estiveram ontem em frente à Câmara Municipal de Manaus em protesto à redução dos créditos de meia-passagem, o presidente da Casa, Luiz Alberto Carijó, anunciou que ainda hoje colocará em deliberação o projeto de emenda do vereador José Ricardo (PT) que restabelece o direito aos estudantes a 120 créditos mensais. A redução da meia-passagem foi aprovada por unanimidade, no final do ano passado, e passou a vigorar no final de semana. Desde segunda-feira, os estudantes se mobilizam em protestos pela cidade, como ocorreu na noite de segunda-feira quando uma passeata praticamente parou o trânsito na bola do Coroado e na avenida André Araújo, Aleixo, Zona Centro-Sul.

Ontem pela manhã, aproximadamente 200 alunos voltaram à carga e foram para a porta da CMM. Eles queriam ser recebidos pelos vereadores e ter a garantia das mudanças. Os portões estavam fechados e a guarda municipal foi chamada para fazer a segurança no local.

Do carro de som, os estudantes mandavam seus recados: “Aqui não tem vândalo e sim cidadão. Queremos entrar na “casa do povo” para dizer que com 44 passes não dá para se ter acesso a uma educação integral como é nosso direito”, disse o presidente da União Municipal dos Estudantes (Umes), Yan Evanovick. Já a estudante Priscilla Senna, do curso de Design da Ufam, reclamava da injustiça. “Muitos estudantes fazem estágio, cursos de final de semana e não é certo gastar a metade do salário mínimo com passagem”

O palanque dos estudantes também deu espaço para os políticos. Os vereadores José Ricardo, Mário Frota, Ademar Bandeira e Eduardo Castelo subiram no carro de som para “prestar apoio aos estudantes”.

A pedidos dos vereadores, o presidente Carijó foi ate à rua e sugeriu a formação de uma comissão com 10 integrantes, mas os estudantes recusaram a proposta. Por fim, Carijó autorizou a entrada de todos.

Dentro da Câmara, os discursos ganharam caras novas mas refletiram idéias antigas. Wilker Barreto defendeu uma discussão técnica ampla com estudantes e empresários enquanto Mário Frota criticou os colegas que o antecederam por terem aprovado a redução da meia-passagem. “Quem manda em Manaus são os donos de ônibus e esse plenário, no passado, atendeu as suas exigências”, disse.

O projeto de emenda à Lomam, de autoria do vereador José Ricardo e que, segundo Carijó, começará a tramitar hoje, assegura aos estudantes o direito a 120 créditos de meia-passagem ao mês, para uso no transporte coletivo urbano de passageiros. A meia-passagem não será usada apenas para ir à escola, mas para atividades extra-classe também. Alem disso, a emenda obriga aos empresários a publicar, por meio de cartazes no interior do ônibus, o valor da moeda com a indicação do artigos e parágrafo da Loman que obriga o troco integral e o número de telefone da empresa ou órgão de fiscalização do poder publico. A proposta de emenda já conta com 16 assinaturas.

Durante a manifestação de ontem, o presidente da Umes, Yann Evamovick, anunciou a criação de uma agenda semanal, com realização diária de manifestações em diversos pontos da cidade. Ontem, os estudantes fecharam a entrada do Campus Universitário e hoje anunciam uma manifestação na avenida Djalma Batista (ver matéria). Ele também anunciou que as lideranças estudantis estão se mobilizando para um abaixo-assinado com milhares de assinaturas de estudantes prejudicados pela redução da meia-passagem.



*Do jornal Amazonas em Tempo

Um comentário:

Anônimo disse...

Eh isso ai, precisamos fazer isso, pq senao estaremos prejudicados...meus pais estao desempregados, preciso da ajuda de terceiros,e com essa passagem assim nao dah p eu ir p a facul!!!

Parabenizo a materia!

Abracos

...esse teclado esta desconfigurado