terça-feira, 19 de maio de 2009

SOCIEDADE VIRTUAL

Luciana Veras

A Cidade é o epicentro das relações virtuais, aproximando e segmentando pessoas e sociedades. Hoje, a cidade não pode ser compreendida como base na oposição simplista entre automação no centro e fabricação de baixo custo na periferia, isto é, organizado em uma hierarquia de inovação e fabricação articuladas em redes globais, caracterizada pela descontinuidade geográfica, paradoxalmente formada por complexos territoriais de produção (Castells, 1999). E nessa nova configuração, a cidade global é um processo que conecta serviços avançados, centros produtores e mercados em uma rede global com intensidade em diferentes escalas, dependendo da relativa importância das atividades localizadas em diferentes espaços.

Ainda que controversa, a cidade global apresenta uma dualidade onde que na mesma medida que apresenta uma sociedade plenamente organizada, com empregos altamente qualificados e bem remunerados, apresenta no mesmo espaço, sua própria decadência e obsolescência do ambiente construído no subúrbio encurralando minorias sociais e étnicas (Carvalho, 2000). Destarte, essas minorias formam sociedades segregadas, e sem o aparato tecnológico e muitas vezes inexistente no cyber espaço. A sociedade virtual é aquela organizada em torno de redes com funções e lugares bem definidos dentro do cyber espaço, mas datada e situada em formas urbanas emergentes num determinado período histórico.

Sabendo disso, o NCPAM desenvolveu o projeto de extensão Oficina de empreendedorismo digital em Santa Etelvina/ Monte das Oliveiras, com o objetivo de se trabalhar com os comunitários a apropriação das ferramentas midiáticas necessárias para a construção de um blog comunitário, onde, a partir da gestão comunitária será possível agregar a participação da comunidade envolvida.

Para além de uma inserção no mundo digital, o projeto focou tão somente a comunidade, mas a equipe do Instituto Ambiental Dorothy Stang, propiciando interação com a comunidade e visibilidade à novas oportunidade de negócios, articuladas a idéia de cidade global.

Tendo em mente que para se escrever num blog é necessário compreendermos a dinâmica da comunicação pela internet, bem diferente das mídias impressas e/ou audiovisuais, motivando, dessa feita, o(a) blogueiro(a) para o desenvolvimento de habilidades na visibilidade e avaliação de novas oportunidades de negócios, promovendo os recursos necessários para pô-los em mobilização. E iniciando ação apropriada para assegurar o sucesso. Desta forma, a oficina de produção de texto, estabelecida no contexto das oficinas, voltou-se para a análise e reflexão sobre as demandas comunitárias, priorizando os meios para sua superação e definindo planos para o futuro numa perspectiva dialógica comum. As oficinas digitais focaram inicialmente no negócio da reciclagem, sendo ampliado posteriormente a outros trabalhos identificados na comunidade.

Trabalhando em conjunto com o Projeto Empreendedorismo Comunitário, que objetivou debater acerca da importância do cooperativismo no fortalecimento do IADS e da comunidade no exercício da prática do empreendedorismo mediante pesquisa de campo para levantamento de perfil socioeconômico (empreendedorismo comunitário) e iniciativas digitais (empreendedorismo digital). Essas duas ações foram parte do esforço dos facilitadores do NCPAM que, com o apoio dos cursos de Administração, Economia e Ciências Sociais fizeram da prática da academia uma possibilidade de mudar realidades mediante o conhecimento teórico empreendido em sala de aula, diante da realidade do dinamismo da informação.

CASTELLS, Manuel. – A era da informação: Economia, Sociedade e Cultura, vol. I (A Sociedade em Rede), São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CARVALHO, Monica de. Cidade Global: anotações críticas sobre um conceito. In São Paulo em Perspectiva, vol. 14, n. 4 out-dez/2000. São Paulo: Fundação SEADE, 2000

*Aluna de Ciencias Sociais pela UFAM e pesquisadora do NCPAM

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