terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O VALOR INESTIMÁVEL DO ENCONTRO DAS ÁGUAS

O jornal de maior circulação do Amazonas, A Crítica, em sua edição de hoje (16) publica no caderno Cidades, na página sobre o Meio Ambiente, página inteira em atenção a luta dos manauaras contra a construção do Terminal Portuário das Lajes. O empreendimento é uma iniciativa da Log-In Logística Intermodal, que é controlada pela Vale Mineradora, com o aval do governador Eduardo Braga (PMDB) e da empresa JUMA partícipe do Grupo Simões, representante da coca-cola no Amazonas.

Os empresários tem feito de tudo para barganhar o licenciamento do empreendimento, inclusive interferindo no dia-a-dia dos comunitários da Colônia Antonio Aleixo, vizinhos da pretensa obra que além de impactar os ecossistemas do monumental Encontro das Águas - enlace entre o Rio Negro e Solimões -, onde inicia o Amazonas em território brasileiro, ameça também de morte a configuração cênica desse fenômeno que muito significa para os manauaras quanto o seu valor identitário histórico e cultural.

Para o renomado escritor Márcio Souza, respeitando o valor ambiental do Encontro das Águas e sua especificidade, o atentado contra esse patrimônio da humanidade é comparado a uma vaga tentativa de se implodir a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel ou o Cristo Redentor do povo do Rio de Janeiro, beneficiando diretamente a indústria imobiliária e os governos corruptos e provincianos. Esta proposta é na verdade uma grande insensatez marcada pelo lucro fácil e pela propina da construção civil, que há muito alimenta a corrupção no Brasil dos políticos dos mensalões e dos altos escalões governamentais.

A matéria de A Crítica vem assinada por duas grandes jornalistas formadas pela Universidade Federal do Amazonas, Ana Célia Ossame e Elaíza Farias. Ambas com reconhecimento nacional sendo premiadas pelos seus trabalhos na imprensa local.

No texto da matéria, as autoras trazem para os leitores um belo depoimento do professor, escritor e um dos imortais da nossa Academia Amazonense de Letras, Tenório Telles, para ele o Encontro das Águas é "inspirador de artistas e poetas, fontes de equilíbrio da natureza e símbolo cultural e histórico da capital amazonense".

De um modo geral, segundo Tenório Telles, "algumas cidades, alguns países se identificam pelo seu patrimônio cultural ou natural. No caso de Manaus, o espaço que melhor expressa a sua identidade é o Encontro das Águas. É um fônomeno que expressa a beleza da Amazônia, por meio de dois rios expressivos e o tombamento é uma forma de preservar e assegurar a permanência desse fenômeno para as próximas gerações. Estou convencido que qualquer interferência nesse espaço vai afetar não só o equilíbrio natural, mas também a sua característica. O fenômeno não apenas tem importância como espaço geológico, histórico e geográfico, mas também tem papel fundamental na inspiração de poemas. Prova disso é o poema Encontro das Águas de Quintino Cunha".

Portanto, pode-se afirmar com toda sabedoria que o nosso Encontro das Águas é um bem inestimável tanto para os amazonenses como para a humanidade inteira. Por isso, não tem preço somente valor no coração dos amantes.

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