sábado, 21 de maio de 2011

"A MIM AS CRIANCINHAS"

Ademir Ramos (*)

Qualquer citação fora do seu contexto semântico ganha forma e sentido diferenciado. Por isso, que os exegetas perseguem ao longo do tempo ler e compreender o significado de determinados discursos, locução ou até mesmo adágios populares que denunciam formas comportamentais referendando condições de vida, trabalho e afetividade das pessoas na trama social.

Na política as representações da infância passaram por todas essas “manhas”, como bem diria o nosso professor Paulo Freire, na tentativa de afirmar e imprimir propósito que manipule ou pontifique determinados interesses coletivos, visando o controle patrimonial de situação doméstica escudado no núcleo familiar ou no poder de Estado.

A cultura de massa geminada ao espetáculo da política midiática recorre às velhas praticas patrimoniais, populistas, para sustentar legitimidade, isolando os problemas da infância das questões sociais e de preferência acalentando essas manifestações no campo da “sagrada família”, isentando o Estado de sua tutela jurídica e responsabilidade social.

O cinismo é marca de uma política omissa e irresponsável por não definir e formular programas estruturantes que garantam e oportunizem o desenvolvimento cognitivo e social dessas pessoas – crianças e jovens - em formação, por não oferecer os serviços básicos de qualidade tais como saúde, educação, entretenimento e empregabilidade aos pais e mães, permitindo que a desigualdade opere se multiplique na sociedade.

A proteção das crianças e dos jovens requer compromisso público dos Estadistas, exigindo desses governantes que façam o dever de casa, criando condições materiais para implementar políticas governamentais de combate a toda forma de violência, promovendo a inclusão desses infantos nas estruturas de ensino aprendizado animados pelo lúdico e orientados pela ciência da educação sob a direção qualificada dos professores no contexto da escola democrática e participativa.

O chamamento para realização dos objetivos propostos em benefício das crianças e jovens faz-se por meio da educação agregada às políticas de Estado. Se assim fosse, o governante sairia das telas da mídia eletrônica e passaria a ser reconhecido não mais como o lobo mal, mas como Estadista lembrado pelo investimento alocado a presente geração que no futuro estará à frente de uma nação soberana a desenvolver e dominar ciência e a tecnologia como plataforma de sustentabilidade.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa raça que se esconde em pele de cordeiro para fazer maldades um dia vai pagar. Se não for aqui pois o ser humano não diferencia o mentiroso do que fala a verdade, será LÁ, num calderão fervente que lhe espera desde a primeira falcatrua. Errar é humano, sabemos mas o problemas é passar toda a sua vida urdindo maldades para seu próximo. E usar mal as verbas públicas é o pior dos pecados. Mexer com as criancinhas, é pior ainda.