domingo, 3 de junho de 2012

DE VOLTA PRO MEU ACONCHEGO
        Ellza Souza (*)

Depois de quase um mês olhando outras paragens, aprendendo e observando outras culturas, voltei com saudade do meu próprio chão. Ao chegar no centro que é o berço histórico da cidade onde nasci, fiquei horrorizada com o que vi. O belo rio Negro subiu pra valer e ao avançar pelas ruas imundas de Manaus forma uma lama insuportavelmente fedorenta.

O lixo e os ratos tomam conta de cada recanto das beiradas, os ambulantes parece que incharam. Não fui à Feira Moderna, mas me avisaram que nem devo ir pois não vou encontrar boa coisa. Já imagino a podridão que se mistura aos alimentos em geral em meio a água suja do rio contaminado pela insanidade e incompetência do ser humano que teima em maltratar a natureza.

As comunidades construídas à beira dos rios e igarapés como as do Antonio Aleixo na área do Buritizal estão sofrendo horrores, pois os projetos só existem nas propagandas. As pessoas, principalmente crianças e velhos que não sabem o que fazer e muito menos para onde ir, estão sujeitos às doenças e privações. E vão ficando em suas casas rezando para a água parar.

A enchente de 2012 bateu todos os recordes. No ônibus uma mulher me deu uma informação alvissareira: sua mãe que vive no alto Solimões avisou que a água parou por lá e já está “vazando”. Logo logo pára por aqui.

Acho que falta educação, educação, educação, incluindo aí informações sobre o cuidado com o meio ambiente. Que pelo menos as futuras gerações saibam o que fazer nessa matéria já que na atual geração não aprendemos a cuidar do planeta e a diminuir o ritmo do consumo e do lixo que descaradamente jogamos no solo, na água, no espaço.

(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM.

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