sexta-feira, 29 de junho de 2012

POLÍTICA, PAIXÃO E ROCK-ROLL


Ademir Ramos (*)
               A geografia política dos campos em disputas encontra-se minada pelo gosto, prazer, vício e racionalidades como parte desse processo tão necessário para se ordenar o fato político nas estruturas organizacionais do Estado. É jogo duro, que requer muito rebolado, jogo de cintura para se afirmar no contexto e definir território como protagonista de um empreendimento político capaz de catalisar votos e interesses, acenando para uns e agradando a outros numa unidade determinada por múltiplas vontades amasiadas por promessas, ganhos e benefícios, que perpassam gabinetes e alcovas.

Este é o campo da política, onde o jogo requer competência e habilidade para atuar com retidão aparente e ambiguidade comportamental. Por isso, o “sim” na política não é o que pensamos ser, da mesma forma o “não”. Vai depender do seu contexto, do simbolismo que encerra, podendo deslumbrar outros enunciados em favor de variados encaminhamentos para se garantir ganhos diretos ou indiretos numa perspectiva coletiva ou individual.

O fato político não é linear. Ele se faz pela ambiguidade e de modo algum tal conduta minimiza a sua importância para sociedade. Isto porque, trata-se de expressões relativas à cultura de um povo ou, quando não, resulta do desenvolvimento cognitivo de uma classe dirigente orientada por determinada liderança vinculada ao processo produtivo local de forma direta ou não.

E o Rock e Rool faz dançar homens, mulheres e transexuais no mesmo diapasão balizado por normas e regras a serem celebradas na Corte com pompas e ritos, sabendo que a transgressão está sujeito à penalidade para o bom ordenamento das práticas sociais. No entanto, conforme as determinações políticas tudo pode ser desfeito ou até mesmo refeito com grandes ritos, quando a povo reclama por mudanças, desalojando os ratos e seus comanditas dos aparelhos do Estado.

Na Democracia a vontade do povo se faz sagrada nas urnas, devendo ser cultuada no altar das representações iconográficas da política, garantindo aos seus protagonistas o reconhecimento de participar ativamente do controle de suas decisões, visando combater os corruptos e malversadores do erário público. Na ausência de um povo organizado e participativo, as decisões são eivadas de vícios porque estão vinculadas a extrema pobreza, desqualificando a política como instrumento de cidadania, fazendo crer que o resto do banquete oferecido em forma de bolsas e outros apetrechos compensatórios, são o único meio para assegurar o direito de nossa gente.

A visibilidade dos fatos podem ser conferidas nas campanhas publicitários governamentais, em véspera das eleições, destacando os feitos dos governantes como se fosse atos de justiça social. Nada mais do que medidas paliativas para prolongar a dor, a dependência dos necessitados, visando garantir o voto de cabresto dos excluídos.

Mas o povo faz história. É bom saber que a paixão é fogo contagiante, ingrediente necessária da política a mobilizar o povo em campo difuso, criando situação de massa insustentável para os grupos situacionistas que pensam ter o povo sob o controle de suas forças. No entanto, por impulso ou por exaustão a Paixão e o Rock dos governantes e políticos oportunistas transformam-se em vício, desmoralizando as instituições democráticas e a própria família como unidade de sustentação da propriedade privada e do Estado. Então, o quadro muda, o cinismo, a impunidade e a corrupção deixam de ser tolerados e os políticos sujos serão julgados pelo povo nas ruas e nas urnas, renovando os poderes constituídos em louvor a Democracia Popular.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

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