QUE PAÍS É ESTE?
Ellza Souza (*)
De uns tempos pra cá o país foi tomado
por uma desqualificada leva de pessoas que são bons de propaganda, mas ruins de
competência. Se observarmos atentamente podemos comprovar que no setor público
ou privado, quase nada funciona. Pessoas qualificadas estão desempregadas e
pessoas sem estudo, sem educação, sem preparo técnico estão “se dando muito bem
obrigada”. Desde um simples atendimento numa loja, banco, operadora de celular
até no pronto socorro, repartição pública, companhia aérea, as relações não funcionam
mais a contento. Parece que há uma cumplicidade, um companheirismo
nos bastidores da sociedade que está arrastando a todos para um inevitável
buraco bem fundo.
Não foi surpresa para os que fazem
concurso com esforço, com sacrifício, com decência, as denúncias na mídia sobre
os concursos públicos. Pegaram os pilantras no flagra mas daí a
punição tem um precipício enorme e todos sabem que não é de hoje que a coisa
vem se desintegrando. Sentimos na pele essa coisa mau cheirosa da corrupção e
da contravenção, em todas as áreas. E os caras cada vez mais vão tomando conta
porque um protege o outro e estamos conversados. Sinto uma pena enorme ao ver a
desqualificada condição de vida de grande parte da população que votam errado,
sabemos, mas que também contribuem para esse descalabro que estamos vivendo.
Sou de um tempo que os concursos eram
vistos com seriedade e só passava quem estivesse preparado para exercer a
função pretendida. Agora os caminhos são outros. Nada de méritos, nada de
moralidade, nada de competência. Os políticos se gabam de não terem estudado
mas “chegaram lá” e o resultado está aí no esfacelamento da nação. Isso terá um
preço e não ficará impunemente para sempre. Vamos sofrer todos juntos, pobres e
ricos, pois a criminalidade está à solta e a educação de qualidade, a saúde, a
vida nas cidades e no interior, os transportes, a juventude está boiando em
todos os sentidos.
E o pior é essa gabolice de que somos
uma potência. Aonde? Só se for para as empreiteiras, para os desonestos, os
falsários e contraventores. Sei que não somos tão burros assim e merecemos um
país melhor. Faculdade e escola particular tem aos montes e o adágio
é “pagou passou”. E o nosso ensino público e a merenda escolar será que os pais
fiscalizam isso? Dinheiro tem para bons serviços públicos mas a gestão é
puramente política e de compadre pra compadre. O Brasil não merece tanta
pilantragem. Não esperem melhorias vinda dos políticos. Eles estão muito bem
arranjados. O povo se não começar a se coçar é que vai pagar todos os patos em
pouco tempo. Abram o olho e pratiquem uma coisa chamada “controle social” que é
a fiscalização ao uso correto das verbas públicas. Participem de bem
intencionadas associações de bairro e busquem informações corretas para não
virar de vez o patinho da história do Brasil.
(*) É escritora, jornalista e
articulista do NCPAM.
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