A POLÍTICA POR
EXCELËNCIA: ELEIÇÕES 2012
A legitimidade do processo eleitoral está comprometida, restando somente à formalidade da Lei. Para isso, requer que os presentes que se sintam parte desse processo possam atuar politicamente, recorrendo aos instrumentos disponíveis nas mídias sociais para denunciar a trama da compra do voto seguido de promessas de empregos, doação de gasolina, transporte ou outros meios que visem o aliciamento do eleitor na captação do voto.
Ademir Ramos (*)
A formação do Estado
brasileiro resulta de sua história e da própria cultura nacional marcada por
sua diversidade sob a orientação dos interesses dominantes a operar o reordenamento
das instituições enquanto expressão de uma determinada forma de governo. Em se
tratando do Brasil contemporâneo, exalta-se a Democracia como processo de
organização e gestão, bem como da própria cidadania. Além dessas diretrizes é
relevante destacar a especificidade de cada ente federativo impulsionado pelo
desenvolvimento de suas forças produtivas, agregando valor na disputa das
decisões políticas relativo aos interesses local no contexto do Pacto
Constitucional.
A defesa dos interesses
republicanos está acima de qualquer vontade particular das oligarquias
regionais. Devendo, portanto, exigir dos eleitos responsabilidade no zelo da
coisa pública, dando ênfase a transparência e ao cumprimento a norma geral que
regula as tomadas de decisões. Pode parecer simples, mas esta máxima tem sido
violada de forma recorrente tanto no Planalto como na Ribeira Amazônica.
Os vícios decorrentes da
impunidade tem assolado a Nação, desmoralizado as instituições e provocado nos
cidadãos um sentimento de total descrédito à política e aos seus mandatários.
Esta situação de crise institucional faz pensar sobre as relações do eleitor
cidadão com o Estado, com os Partidos e, sobretudo, com os candidatos em
processo eleitoral. Tal crise põe em questão a autonomia dos poderes, sua
competência e sua capacidade operativa para garantir os direitos sociais,
quando não, serve também para reordenar as práticas políticas das instituições
fazendo valer a Justiça como mandamento republicano de um processo
civilizatório em formação fundamentado na participação como instrumento de
controle social.
Eleições
2012 - As eleições diretas no Estado democrático de direito é
a exaltação da soberania popular, a começar pela manifestação da cidadania por
meio do voto, sendo orientada para garantir acesso às políticas públicas em
atenção à educação, cultura, saúde, segurança, habitação, reforma agrária, numa
perspectiva sustentável. No Brasil, a prática da acumulação da riqueza e a
concentração do poder nas mãos de poucos tem excluído cada vez mais o povo do
processo de decisão e dos benefícios das políticas públicas, gerando um
exército de necessitados a se fartar com políticas compensatórias com objetivo
de matar a fome dos homens, mulheres e crianças, criando dependências e vícios,
o que nega a todos (as) o desenvolvimento cognitivo e a inserção no processo
produtivo assentado na empregabilidade e autonomia. Condição necessária para
que o cidadão (ã) seja protagonista de sua própria história.
Nesse contexto da
desigualdade e de exclusão social, as eleições que se aproximam, pouco ou quase
nada representam para mudar o cenário político nacional. A começar pela
estrutura partidária, quase sempre autoritária, dominada por grupos econômicos
ou representações de lideranças regionais viciadas, que pouco caso fazem aos
interesses populares. Por isso mesmo, não renovam seus quadros e nem tampouco
reordenam seus programas partidários porque têm certeza dos votos dos famintos
que, assim como eles pretendem também continuar “mamando”. Os dirigentes desses partidos, em sua
maioria, são lacaios do poder a serviço da dominação.
Dessa feita, a
legitimidade do processo eleitoral está comprometida, restando somente à
formalidade da Lei. Para isso, requer que os presentes que se sintam parte
desse processo possam atuar politicamente, recorrendo aos instrumentos
disponíveis nas mídias sociais para denunciar a trama da compra do voto seguido
de promessas de empregos, doação de gasolina, transporte ou outros meios que
visem o aliciamento do eleitor na captação do voto. Para isso, as igrejas, as ONGs
responsáveis juntamente com o movimento social deveriam se organizar e montar
plantão na rede de computadores para denunciar o crime eleitoral junto à
imprensa e ao próprio Ministério Público Federal reclamando providência
imediata.
(*) É professor, antropólogo e coordenador do
NCPAM/UFAM.
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