Aldemir Bentes (*)
Maués, Maués, linda cidade do meu Amazonas, Maués Terra do Guaraná, lindas morenas iguais praias de verão...
Essa era a modinha da época e que tomava conta de toda a Praça Coronel João Verçosa nas ondas sonoras propagadas pela Voz Serenata em tempos de eleições ou eventos políticos. Quem tem mais de 30, se lembra, os mais jovens não sabem do que estou falando, mas, eu explico.
O município de Maués é conhecido no Brasil e no mundo através de seu principal produto, o guaraná.
Ah! como é bom morar na praia... Lúcio Bahia
Todavia, as nossas belezas naturais atraem muitos turistas para a nossa região. São rios de águas transparentes, cachoeiras, mata e as nossas famosas praias, musa inspiradora de poetas, cantores, escritores e apaixonados pela beleza natural encontrada em nossa cidade.
Outrora, a nossa mais famosa praia, a Ponta da Maresia, era coberta por uma densa mata de igapó, na qual predominava robustas árvores de araçás, hoje conhecidos como camu-camu, ricos em vitamina “C”. Um prefeito “iluminado”, já falecido, achou por bem, devastar toda a área da Ponta da Maresia, pois segundo se comenta, era para evitar que as pessoas procriassem entre as árvores, o que em sua visão, era um ato imoral que agredia os bons costumes.
Com a derrubada de grande quantidade de árvores, aos poucos, as dunas começaram a se desfazer e o cabo de areia que tinha em média cerca de 3 metros de altura, foi aos poucos diminuindo até chegar ao nível que conhecemos hoje.
Outro fator que contribuiu por muito tempo para a descaracterização selvagem da Ponta da Maresia, foi a retirada de areia em parte de sua extensão. Essa prática foi suspensa e os buracos criados por esta atividade, foram em parte, recuperados, com o enchimento e regularização da praia.
Os assados improvisados, no qual se usava os troncos das árvores como fogareiros naturais, também contribuíram para o desaparecimento de grande quantidade de árvores como as periquiteiras, capuranas e tucuribazeiros.
O Famoso Pau Torto
O Pau Torto foi por muitos anos, décadas, o cartão postal da Ponta da Maresia. Era uma árvore de tento, cujas sementes, pequenas, são cobertas pelas cores vermelhas e pretas e são usadas na confecção de peças artesanais. O Pau Torto tinha o formato de um sofá. Em seu tronco inclinado horizontalmente, as pessoas ali se reuniam para conversar, beber e namorar. A falta de escrúpulo de alguns freguentadores que ateavam fogo ao redor da referida árvore e as vezes, em seu tronco, contribuíram para a sua morte prematura. Protestamos contra sua morte porque o fato ocorrido representa o nosso descaso com a natureza que é uma das marcas identitária do nosso município.
Mas, o que nos entristece hoje, é que em pleno século XXI, ainda permitimos que inescrupulosos continuem a destruir nossas praias, tudo em nome do progresso. Estou me referindo a obra da orla fluvial de Maués que por falta de “inteligência” de seus executores e do poder público que podia e deveria intervir, iniciou as obras em plena época da enchente. Os danos causados ao meio ambiente serão incalculáveis, pois as praias de toda aquela área, foram afetadas com a grande quantidade de barro ali depositado, com a finalidade de conter a enchente que invadiu a obra, culminando com a sua paralisação.
Se quisermos continuar a ser a Maués das belas praias, dos rios transparentes, da selva exuberante, das cachoeiras encantadas; devemos contribuir para que essas belezas naturais sejam preservadas.
Faço esse relato para que alguma coisa possa ser feita antes que nossas praias sejam apenas lembranças, como as fotos do nosso pau torto.
A Praia é Nossa. Não permitamos que as nossas praias sejam DEVORADAS pela POLUIÇÃO.
*É filho de Maués, professor, escritor, formado em Letras pela UEA e parceiro do NCPAM/AM Cfr: http://blogdoaldemirdemaus.blogspot.com/search?q=
Maués, Maués, linda cidade do meu Amazonas, Maués Terra do Guaraná, lindas morenas iguais praias de verão...
Essa era a modinha da época e que tomava conta de toda a Praça Coronel João Verçosa nas ondas sonoras propagadas pela Voz Serenata em tempos de eleições ou eventos políticos. Quem tem mais de 30, se lembra, os mais jovens não sabem do que estou falando, mas, eu explico.
O município de Maués é conhecido no Brasil e no mundo através de seu principal produto, o guaraná.
Ah! como é bom morar na praia... Lúcio Bahia
Todavia, as nossas belezas naturais atraem muitos turistas para a nossa região. São rios de águas transparentes, cachoeiras, mata e as nossas famosas praias, musa inspiradora de poetas, cantores, escritores e apaixonados pela beleza natural encontrada em nossa cidade.
Outrora, a nossa mais famosa praia, a Ponta da Maresia, era coberta por uma densa mata de igapó, na qual predominava robustas árvores de araçás, hoje conhecidos como camu-camu, ricos em vitamina “C”. Um prefeito “iluminado”, já falecido, achou por bem, devastar toda a área da Ponta da Maresia, pois segundo se comenta, era para evitar que as pessoas procriassem entre as árvores, o que em sua visão, era um ato imoral que agredia os bons costumes.
Com a derrubada de grande quantidade de árvores, aos poucos, as dunas começaram a se desfazer e o cabo de areia que tinha em média cerca de 3 metros de altura, foi aos poucos diminuindo até chegar ao nível que conhecemos hoje.
Outro fator que contribuiu por muito tempo para a descaracterização selvagem da Ponta da Maresia, foi a retirada de areia em parte de sua extensão. Essa prática foi suspensa e os buracos criados por esta atividade, foram em parte, recuperados, com o enchimento e regularização da praia.
Os assados improvisados, no qual se usava os troncos das árvores como fogareiros naturais, também contribuíram para o desaparecimento de grande quantidade de árvores como as periquiteiras, capuranas e tucuribazeiros.
O Famoso Pau Torto
O Pau Torto foi por muitos anos, décadas, o cartão postal da Ponta da Maresia. Era uma árvore de tento, cujas sementes, pequenas, são cobertas pelas cores vermelhas e pretas e são usadas na confecção de peças artesanais. O Pau Torto tinha o formato de um sofá. Em seu tronco inclinado horizontalmente, as pessoas ali se reuniam para conversar, beber e namorar. A falta de escrúpulo de alguns freguentadores que ateavam fogo ao redor da referida árvore e as vezes, em seu tronco, contribuíram para a sua morte prematura. Protestamos contra sua morte porque o fato ocorrido representa o nosso descaso com a natureza que é uma das marcas identitária do nosso município.
Mas, o que nos entristece hoje, é que em pleno século XXI, ainda permitimos que inescrupulosos continuem a destruir nossas praias, tudo em nome do progresso. Estou me referindo a obra da orla fluvial de Maués que por falta de “inteligência” de seus executores e do poder público que podia e deveria intervir, iniciou as obras em plena época da enchente. Os danos causados ao meio ambiente serão incalculáveis, pois as praias de toda aquela área, foram afetadas com a grande quantidade de barro ali depositado, com a finalidade de conter a enchente que invadiu a obra, culminando com a sua paralisação.
Se quisermos continuar a ser a Maués das belas praias, dos rios transparentes, da selva exuberante, das cachoeiras encantadas; devemos contribuir para que essas belezas naturais sejam preservadas.
Faço esse relato para que alguma coisa possa ser feita antes que nossas praias sejam apenas lembranças, como as fotos do nosso pau torto.
A Praia é Nossa. Não permitamos que as nossas praias sejam DEVORADAS pela POLUIÇÃO.
*É filho de Maués, professor, escritor, formado em Letras pela UEA e parceiro do NCPAM/AM Cfr: http://blogdoaldemirdemaus.blogspot.com/search?q=
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