quarta-feira, 26 de maio de 2010

A V CARAVANA NA FOLHA DE S.PAULO

KÁTIA BRASIL (*)

Sobre as águas, o poeta amazonense Thiago de Mello, 84, fez ontem um protesto diferente: em prosa e verso, ele defendeu o tombamento do encontro dos rios Negro e Solimões. O objetivo é denunciar os impactos paisagístico e ambiental de obras públicas e privadas construídas na região da Amazônia."Ainda que os braços do teu inimigo pareçam tão fortes como as asas de moinhos, resiste companheiro! Ainda que a noite seja tão tensa de escuridão, resiste companheiro! E tu verás a claridão da madrugada chegar." Organizado pelo Movimento S.O.S Encontro das Águas, o protesto ocorreu de manhã. Autor de "Os Estatutos do Homem", escrito nos anos 70, o poeta foi preso durante o regime militar (1964-1985) e se exilou no Chile. Foi ameaçado, na Amazônia, de morte por madeireiros. "Eu sou filho da floresta, a árvore e a madeira viajam nos meus sonhos e explicam esta maneira de estar sempre ao lado do amor e da justiça, e de carregar nos meus ombros a esperança." Mello criticou obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - citou uma delas: uma adutora, construída com recursos do programa. Ele disse que, com elas, o governo não está se preocupando com as questões ambientais.

O poeta amazonense faz parte do grupo de intelectuais que apoia a campanha da senadora Marina Silva (PT-AC) a Presidência da República.

Ao final do protesto, Thiago de Mello fez uma prece: Querido Encontro das Águas/ Tua beleza é sagrada/ Pela tua vida eterna te prometemos trabalhar/ Com toda perseverança/ Pela necessária mudança/ De tudo que é preciso mudar/ Cada um na sua vez e cada qual no seu lugar.

(*) É jornalista e correspondente da Folha de S. Paulo no Amazonas.
Foto do militante do Movimento S.O.S Encontro das Águas: Valter Calheiros.

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