quinta-feira, 26 de agosto de 2010

AOS LIVROS, COM CARINHO

Ellza Souza (*)

Buenos Aires tem uma livraria para cada 6 mil habitantes. Em Paris, livrarias, bancas de revistas e sebos estão espalhados por todo lado. Em cidades bem desenvolvidas, grandes ou pequenas, tem mais livrarias que supermercados. O livro alimenta a mente. Bons livros alimentam até a alma. Qual é a realidade da minha cidade? Vejamos. Podemos contar nos dedos de um lado da mão a quantidade de livrarias. Não vale alguns bazares que se dizem livrarias porque alguns poucos livros de auto ajuda se perdem entre agendas e bibelôs. Essas não contam. Temos a Valer, que luta para que o povo aprenda a gostar dos livros e desenvolve iniciativas como o Flifloresta (Festival Literário da Floresta) acontecido recentemente em Maués. E a Saraiva, que estou até fazendo promessa para que continue assim e não caia na tentação do “bazarismo”.

Em uma cidade que dizem por aí tem quase dois milhões de habitantes, qual é o papel do livro para a população? Pergunte a qualquer um na rua quantos livros já leu este ano? No cenário metropolitano de Manaus, onde estão as bibliotecas, os museus, as boas livrarias? “Meia boca” não vale. E não é por falta de autores que não nos falta, graças a Deus. Tenho medo que subindo essa geração não reste mais nada para contar histórias. As escolas modelos das periferias e do interior do Estado têm horror à leitura e preferem instalar logo o centro de informática para copiar mais rápido o “conteúdo programático”. Nada contra o computador que ajuda bastante mas o perigo é cair na tentação do imediatismo, da incapacidade da busca pelo conhecimento mais denso, da falta de paciência para uma boa leitura.

O cérebro precisa ser preenchido. E o livro é perfeito para isso. Como disse o pintor Moacir Andrade, 83 anos, “o prazer da leitura é igual ao do sexo”. Realmente é prazeroso fazer descobertas nas livrarias. Não apenas nas de livros novos mas principalmente nas de livros velhos, os sebos. O livro não fica velho. Aliás quanto mais lido melhor. Sei que o preço talvez afaste um pouco os leitores mas não é desculpa para o abandono dos livros.

(*) É jornalista e estudiosa da história da cultura do Amazonas.

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