terça-feira, 24 de agosto de 2010

PESTICIDA NA AGRICULTURA DO AMAZONAS

Paola Souto Campos e Andrea Viviana Waichman (*)

O uso de agrotóxicos resulta em um custo social e ambiental invisível decorrente da contaminação do solo, da água, dos trabalhadores agrícolas e dos consumidores, e de doenças e mortes não registradas nas estatísticas oficiais (Soares & Porto, 2009).

A utilização de pesticidas na agricultura da Amazônia é uma importante fonte de contaminação da água e do solo e esta contaminação põe em risco as atividades que são essenciais para a subsistência dos agricultores e das populações locais e ameaça a sustentabilidade e o funcionamento dos ecossistemas.

Segundo as autoras, até o momento não existem estudos que determinem o risco de exposição ambiental aos agrotóxicos na região amazônica, pois se acredita que o uso de agrotóxicos na região não se constitui em um problema ambiental nem de saúde pública preocupante.

Com isto o objetivo geral deste estudo foi, avaliar o risco do uso de agrotóxico para o ambiente e a saúde humana em áreas agrícolas do município de Manaus, Iranduba e Careiro da Várzea.

Os Resultados mais relevantes e as conclusões foram que:

- Em Iranduba os solos contêm maiores resíduos de parationa metílica (parathion, organofosforado de classe toxicológica I) e malationa (malathion, organofosforado de classe toxicológica III)) representando riscos agudos e crônicos para o ecossistema terrestre. E, em Manaus, os solos tiveram concentrações de todos os agrotóxicos menores que às observadas em Iranduba, com exceção da lambda cialotrina (piretróide de classe toxicológica III).

- Nas amostras de água, a parationa metilica e a malationa foram os agrotóxicos presentes em maiores concentrações e com maior número de amostras que tiveram concentração acima do Valor Máximo Permitido – VMP pela legislação que define os padrões de qualidade d’água, Resolução CONAMA 357/2005. A deltametrina (éster de classe toxicológica III) foi detectada em Iranduba, sendo que neste caso 33,4% das amostras apresentaram concentrações acima do VMP, evidenciando-se uma situação de risco.

- O uso da parationa metílica e a malationa e o grau de contaminação das águas superficiais em Careiro da Várzea, Iranduba e Manaus representam risco crônico para os ecossistemas aquáticos. No caso da deltametrina, o seu uso no município de Iranduba colocam em risco tanto crônico quanto agudo a biota dos sistemas aquáticos.

- No caso da água subterrânea, situação de risco foi evidenciada no município de Manaus para o agrotóxico parationa metílica uma vez que a concentração média determinada ficou acima do valor máximo permitido tanto pela legislação brasileira como pelos valores da União Européia.

De todos os agrotóxicos utilizados, a parationa metílica e a malationa são os que causam maior preocupação em relação à saúde da população e do ambiente. Embora estes agrotóxicos já tenham sido banidos na União Européia, seu uso é amplo e irrestrito no Estado do Amazonas e são considerados pelos agricultores um dos agrotóxicos mais efetivos no controle das pragas.

O trabalho evidencia também a necessidade de monitoramento dos agrotóxicos mais utilizados nas regiões, avaliando os níveis com uma maior periodicidade, respeitando a sazonalidade da agricultura e o uso para diferentes culturas. Finalmente sugere-se que esforços sejam feitos pelas autoridades ambientais, de saúde e responsáveis pela produção agrícola para implementar programas de monitoramento e controle do uso de agrotóxicos que garantam um uso adequado destes produtos, para que a produção de alimentos no Estado do Amazonas não coloque em risco a saúde ambiental, dos agricultores e dos consumidores.

(*) Publicado nos anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, disponível em: http://seminariodoambiente.ufam.edu.br/2010/anais/rn43.pdf

Fonte: www.organicosmanaus.blogspot.com/

Nenhum comentário: