Em Faro, no interior da Amazônia, em território paraense, os poderes sobrenaturais oriundos da cultura religiosa afrobrasileira e das encantarias caboclas, fazem o mais valente dos homens esmorecerem, falar fino, dizer que aceita até mesmo chocar caroço de tucumã se for preciso para ser compensado pelas promessas imediatas do povo do santo. Entre essas tertúlias do sincretismo caboclo, ficou instituído entre os pais de santo que assim como o mais justo de todos os homens andou sobre as águas, os candidatos concorrentes ao pleito eleitoral de 2010 teriam como critério esse único motivo como traço diferencial entre eles.
No início, tanto os candidatos do Amazonas quanto do Pará não deram muita trela para essa leseira. Ao contrário, diziam que essa estultice era manifestação de um espírito pré-capitalista rural e que por isso sua eficácia simbólica nada representaria para eleições onde a racionalidade urbana opera mensurada nas pesquisas e na mídia eletrônica.
Os mestres e iniciados continuaram seus ofícios, principalmente nos finais de semana, quando depois das missas, os mais afoitos correm em direção aos terreiros para sustentar com as entidades uma relação complementar, tentando seduzi-las para satisfação dos seus mais secretos interesses. Agora também, os devotos, não satisfeitos, aderiram às lojas maçônicas, atirando pra todos os lados contanto que alcancem seus intentos.
Nesta época, o mais simples dos homens vive essa inquietação, principalmente, os candidatos as próximas eleições. Embora todos finjam em não se importar com as pesquisas e nem tampouco com as predições dos santos de terreiros, mas todos os candidatos se encontram em pânico frente aos desconhecidos. Os mais céticos deles dizem acreditar no seu trabalho, mas não dispensam uma fezinha se for para laurear a vitória nas urnas
Por esse caminho das águas, que os candidatos insistem em interpretar como uma simples metáfora das encantarias caboclas. Entretanto, buscam de toda forma celebrar ritos que venham promover o descarrego, livrando-se assim, do “olho gordo” e do trabalho dos curandeiros de Faro, que agora enfrentam uma férrea disputa com os pastores da Igreja Universal, que fazem questão de mostrar pela mídia que os seus protegidos além de bem sucedidos estão curados das cargas malefeitas dos terreiros do povo do santo.
Em consulta aos candidatos tanto no Pará como por aqui no Amazonas identificamos alguns que prometem vender sua alma pro Diabo para ser eleito. Isto significa que tudo farão para abater suas presas não interessa como e nem onde. Para isso, alguns devotos de Santa Etelvina, do Pobre Diabo e de São Cipriano estão gastando os tubos para construir sua armadura contra as flechas dos candidatos corruptos que depositaram sua fé no capital e a partir de então aliados aos poderes de Estado se fortaleceram e criaram legiões capazes de fazer valer sua vontade canina, oferecendo para abate o povo que nele votou.
Nessa circunstância, o povo além de votar dança, sendo oferecido para o sacrifício dos corruptos e de seus lacaios que instrumentalizaram o Estado para ostentar riqueza gerando a miséria e a desigualdade social. Esta prática também se estende ao patrimônio público seja material ou espiritual, expropriando dos homens, mulheres, crianças e jovens o direito de viver com dignidade.
Para se livrar desses candidatos “ficha suja” é necessário submetê-los ao caminho das águas a partir das urnas. E quando derrotados, afogados em sua própria náusea, o povo cantará vivas a Justiça comemorando sua própria emancipação sob o signo da participação enquanto motor das transformações sociais.
(*) É professor, antropólogo e coordenador geral do NCPAM/UFAM.
No início, tanto os candidatos do Amazonas quanto do Pará não deram muita trela para essa leseira. Ao contrário, diziam que essa estultice era manifestação de um espírito pré-capitalista rural e que por isso sua eficácia simbólica nada representaria para eleições onde a racionalidade urbana opera mensurada nas pesquisas e na mídia eletrônica.
Os mestres e iniciados continuaram seus ofícios, principalmente nos finais de semana, quando depois das missas, os mais afoitos correm em direção aos terreiros para sustentar com as entidades uma relação complementar, tentando seduzi-las para satisfação dos seus mais secretos interesses. Agora também, os devotos, não satisfeitos, aderiram às lojas maçônicas, atirando pra todos os lados contanto que alcancem seus intentos.
Nesta época, o mais simples dos homens vive essa inquietação, principalmente, os candidatos as próximas eleições. Embora todos finjam em não se importar com as pesquisas e nem tampouco com as predições dos santos de terreiros, mas todos os candidatos se encontram em pânico frente aos desconhecidos. Os mais céticos deles dizem acreditar no seu trabalho, mas não dispensam uma fezinha se for para laurear a vitória nas urnas
Por esse caminho das águas, que os candidatos insistem em interpretar como uma simples metáfora das encantarias caboclas. Entretanto, buscam de toda forma celebrar ritos que venham promover o descarrego, livrando-se assim, do “olho gordo” e do trabalho dos curandeiros de Faro, que agora enfrentam uma férrea disputa com os pastores da Igreja Universal, que fazem questão de mostrar pela mídia que os seus protegidos além de bem sucedidos estão curados das cargas malefeitas dos terreiros do povo do santo.
Em consulta aos candidatos tanto no Pará como por aqui no Amazonas identificamos alguns que prometem vender sua alma pro Diabo para ser eleito. Isto significa que tudo farão para abater suas presas não interessa como e nem onde. Para isso, alguns devotos de Santa Etelvina, do Pobre Diabo e de São Cipriano estão gastando os tubos para construir sua armadura contra as flechas dos candidatos corruptos que depositaram sua fé no capital e a partir de então aliados aos poderes de Estado se fortaleceram e criaram legiões capazes de fazer valer sua vontade canina, oferecendo para abate o povo que nele votou.
Nessa circunstância, o povo além de votar dança, sendo oferecido para o sacrifício dos corruptos e de seus lacaios que instrumentalizaram o Estado para ostentar riqueza gerando a miséria e a desigualdade social. Esta prática também se estende ao patrimônio público seja material ou espiritual, expropriando dos homens, mulheres, crianças e jovens o direito de viver com dignidade.
Para se livrar desses candidatos “ficha suja” é necessário submetê-los ao caminho das águas a partir das urnas. E quando derrotados, afogados em sua própria náusea, o povo cantará vivas a Justiça comemorando sua própria emancipação sob o signo da participação enquanto motor das transformações sociais.
(*) É professor, antropólogo e coordenador geral do NCPAM/UFAM.
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