quinta-feira, 30 de abril de 2009

HOMENAGEM AO TRABALHADOR BRASILEIRO

É sabido que determinado indivíduo, dotado de perfil empreendedor, cria as condições necessárias para superá-la ou, no mínimo, atenuá-la, uma vez que, para o empreendedor a crise apresenta-se como oportunidade de negócio, momento em que este observa as potencialidades para isso. Seguindo a perspectiva de Peter Drucker, os empreendedores são aqueles que aproveitam as oportunidades para criar as mudanças, mobilizando recursos externos, valorizando a interdisciplinaridade do conhecimento e da experiência para alcançar seus objetivos.

Khemerson de Melo Macedo*

Tempos atrás, escrevi um artigo para esta página falando sobre a importância do trabalhador para o protagonismo social, econômico, cultural e político de nossa sociedade. Naquele contexto, escrevi: “Os verdadeiros protagonistas da História (...); são anônimos, estão nos recônditos dos mais diferentes espaços geográficos, esquecidos pelos historiadores e lembrados apenas pela memória de seus pares; (...); são trabalhadores, as forças motrizes da História”. Retomo, pois, deste ponto, para mais uma vez homenagear o trabalhador brasileiro, incluindo outras perspectivas que contemplem o tema em questão.

Naquele momento específico, era meu interesse demonstrar o valor do trabalhador a partir de seu protagonismo histórico, muitas vezes esquecido pelos discursos oficiais. Agora, retomo esta tese analisando a importância do trabalhador para a sociedade, que, certamente é muito mais preciosa do que simples mão-de-obra para o grande capital. Evito, contudo, a armadilha de analisar o trabalhador a partir da sua força de trabalho para as grandes corporações (algo que os marxistas certamente fariam bem melhor e mais exaustivamente do que eu) e lanço luz a outro aspecto bastante interessante: o empreendedorismo.

Termo apropriado por Joseph Schumpeter desde os anos 1950 como sendo uma pessoa criativa capaz de fazer sucesso com inovações, o empreendedorismo que, mais tarde, foi designado por Robert Hirsch como sendo o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e os esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal, o empreendedorismo entra em voga no cenário nacional, uma vez que o empreendedor surge como alternativa viável neste contexto de crise, onde o capital internacional rearticula-se e forja novos cenários.

É sabido que determinado indivíduo, dotado de perfil empreendedor, cria as condições necessárias para superá-la ou, no mínimo, atenuá-la, uma vez que, para o empreendedor a crise apresenta-se como oportunidade de negócio, momento em que este observa as potencialidades para isso. Seguindo a perspectiva de Peter Drucker, os empreendedores são aqueles que aproveitam as oportunidades para criar as mudanças, mobilizando recursos externos, valorizando a interdisciplinaridade do conhecimento e da experiência para alcançar seus objetivos.

Este aspecto no entanto não está restrito somente ao campo da economia ou da administração. Ser empreendedor é, de modo geral, ter atitude empreendedora, com habilidade para visualizar situações e determinar as melhores estratégias para alcançar seus objetivos, assumindo os riscos necessários para isso. Esta orientação, como consequência, vem sendo adotada cada vez mais no campo intelectual, a partir do momento em que os grupos de trabalho inseridos em instituições de ensino, pesquisa e extensão passam a adotar este novo modelo de organização, planejamento e gestão.

Desta forma, retomo a discussão inicial, acrescentando que o valor do trabalhador, assim como do intelectual ou do gestor, está na atitude que este adota em relação ao seu trabalho, a partir da concepção deste acerca dos caminhos a serem percorridos até os objetivos serem plenamente alcançados. Desta forma, a homenagem que faço reside justamente naquilo que o trabalhador tem de mais precioso: sua força de vontade e disposição para apreender e empreender, algo que deveria ser cultivado em todas as instâncias da sociedade moderna.


*Antropólogo e coodenador de pesquisa do NCPAM

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