quinta-feira, 2 de abril de 2009

PORTO DAS LAJES: È PRECISO CONVERSAR!

A construção do porto vai ter a grife da transparência e compromisso inarredável da tradicional família Pinheiro com o desenvolvimento sócio-econômico da região. Um patamar que agregou a participação de empresas com invejável governança corporativa no setor portuário para fundar com parâmetros de sustentabilidade uma nova forma de empreender no Estado.

Belmiro Vianez Filho *

Uma onda de desinformação sobre a construção do Porto das Lajes tem impedido que o debate sobre esta demanda emergencial do modelo econômico de Manaus e da região possa aclarar as intenções e ações em jogo e assegurar a defesa explícita do interesse público. Do jeito que a discussão - ou a falta dela - está colocada o assunto está servindo a determinados agentes do setor e curiosos de plantão que se atrevem a emitir opinião sobre o assunto com perigosa superficialidade e desrespeito à relevância da questão. Não dá, por exemplo, para equacionar o gargalo vital da competitividade com a sugestão de construir o porto em Itacoatiara - quem sabe em Macapá - e assim assegurar, de fato e apenas, a desconstrução logística do modelo ZFM.

Com a autoridade de quem utiliza e padece as seqüelas das maiores taxas portuárias do país, posso dizer que este novo terminal portuário simboliza uma nova etapa do enfrentamento de nossas dificuldades, ilustradas pelos caminhos desencontrados entre logística e competitividade do modelo. Foi desse engasgo e dessa demanda que surgiu a iniciativa do novo terminal. Seus proponentes pecaram por não debater exaustivamente a questão com a sociedade, talvez pelo convencimento do amontoado de benefícios que a proposta transporta e aporta. Eles foram sensíveis, entretanto, às recomendações da Suframa, das entidades de classe e de todos os usuários e vítimas das tais taxas extorsivas. E inovaram com a precaução de promover um meticuloso estudo para escolher o local com menor impacto sócio-ambiental e de maior vantagem estratégica para o distrito industrial. E mais: submeteram a proposta do porto aos rigores da legislação ambiental, que exige compromissos e responsabilidades que jamais empreendimento similar assumiu

A construção do porto vai ter a grife da transparência e compromisso inarredável da tradicional família Pinheiro com o desenvolvimento sócio-econômico da região. Um patamar que agregou a participação de empresas com invejável governança corporativa no setor portuário para fundar com parâmetros de sustentabilidade uma nova forma de empreender no Estado. Não procede afirmar que o Porto vai destruir o Encontro das Águas. Se sua localização dista quase 3 mil metros da APA, Área de Proteção Ambiental, tombada pelo governo do Estado, fica assegurada a preservação deste patrimônio sagrado. Não dá para vislumbrar - de acordo com a demonstração documental dos empreendedores - o local do Porto do mirante da Embratel onde a prefeitura anuncia a construção de um monumento. Aí, na verdade, existem outras estruturas portuárias contra as quais estranhamente ninguém se manifesta.

Outras alegações acusam a obra de comprometer o Lago do Aleixo, cujo leito já está poluído pelo negligência de maus empresários e omissão do poder público. O novo porto promete assumir o monitoramento da qualidade da água, que servirá de alerta às autoridades, entre outros benefícios que incluem mais de 600 empregos, educação ambiental e qualificação profissional para a comunidade, entre outros ganhos. Em suma, está faltando conversa. E só há um jeito de contornar os problemas da falta de conversa: conversando. É preciso promover fóruns de discussão e esclarecimentos com uma única e objetiva finalidade: preservar o interesse coletivo, em especial da comunidade diretamente envolvida e dos parâmetros ambientais alcançados. E é por aí que o porto, qualquer porto e qualquer obra com implicações sócio-ambientais devem ser auditadas. O resto é desinformação, falta de uma sólida e pró-ativa conversa.

*Empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas belmirofilho@belmiros.com.br

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