A direção de qualquer empreendimento agrega valor que credencia os negócios operacionais da empresa no mercado de bens materiais ou simbólicos contidos em seu processo de produção. Em março de 2008, o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) decidiu nomear para a presidência da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), entidade civil de direito privado, o empresário Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em setembro de 2008, após a nomeação do governador do Amazonas, a Sadia S.A. informou que Luiz Fernando Furlan passava a ocupar a presidência do Conselho de Administração da empresa. Fato ocorrido em reunião extraordinária do Conselho realizada no dia 6 de outubro, quando Walter Fontana Filho e Eduardo Fontana d’Avila, presidente e vice-presidente do Conselho, respectivamente, pediram renúncia de seus cargos. O Conselho aceitou os pedidos e nomeou Luiz Fernando Furlan para a presidência do órgão com o aval da assembléia dos acionistas.
Quanto à FAS, segundo Luiz Fernando Furlan é “instigante e desafiadora a missão, porém não impossível. Ao ser convidado pelo governador Eduardo Braga e pelo BRADESCO a presidir o Conselho da Fundação, recebi a missão de colocar em funcionamento uma fundação privada, movida por princípios e pessoas profissionais, dentro dos mais altos conceitos éticos, voltada a um substancioso plano de ação e à concretização de resultados práticos e efetivos”.
Quanto à SADIA, a empresa apresentou um prejuízo de 2,4 bilhões de reais, em 2008. O prejuízo foi causado pelas operações cambiais da empresa, que apostava na baixa do dólar. Quanto às atividades operacionais, a empresa encerra 2008 como a maior empresa brasileira exportadora de proteína animal e a maior produtora do setor de carnes. No entanto, segundo o presidente da FAS, que também é presidente da SADIA, a companhia tenta se reerguer, mas, “apesar do arrefecimento da crise mundial nas últimas semanas, a oferta de crédito para a companhia ainda não voltou à normalidade, especialmente voltado para exportação”, informou.
Nessa circunstância, se questiona a permanência do empresário da SADIA a frente da política ambiental do governo do Amazonas, valendo-se de sua própria definição relativa à missão da FAS, expressa em seu portal eletrônico, tendo por “objetivo obter uma estrutura institucional apropriada para implementar as políticas de mudanças climáticas, de Conservação Ambiental e de Desenvolvimento Sustentável, do Governo do Estado do Amazonas (...) dentro dos mais altos conceitos éticos”.
Ademais, a Amazônia precisa tanto de investimentos de fundos governamentais e de mercado, é o que diz Virgílio Viana, um dos diretores da FAS, em entrevista a Amazonia.org.br comentando as principais propostas para financiamento da proteção da floresta amazônica, como fundos governamentais e mecanismos de mercado de carbono. Assim sendo, “esbarramos com algumas dificuldades, principalmente burocráticas.
Tanto na capacitação quanto no desembolso dos recursos", explicou.
Por esta razão, a permanência do presidente da SADIA à frente da Fundação Amazonas Sustentável é injustificável, tornando-se entrave nas tratativas internacionais relativo à política ambiental do Estado, levantando suspeitas afins que desqualificam o ator junto às agencias internacionais. Nesse contexto, podemos garantir que o capital da floresta é mais significante que o capital alimentício dos frangos, perus, suínos e outros agregados frigoríficos.
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