quarta-feira, 15 de abril de 2009

CRISTOVAM BUARQUE: ESSE É O CARA!

Mas discutamos se nossa democracia é legítima. Porque o critério de legitimidade está ligado á necessidade e vontade popular. É a aferição com a vontade popular, se atende aos anseios daquela sociedade. Convencer o povo de que temos um Congresso eleito por seus representantes e por isso vivemos uma democracia é enganá-lo, ludibriá-lo. Eles querem é confundir pois é em nome da legitimidade que se fazem as revoluções, então eles mascaram a questão. Vivemos num país democrático porque escolhemos nossos representantes? Nossos congressistas tem representado nossas crianças, nossos aposentados, nossos analfabetos, nossos índios, nossa vontade? Não somos os titulares?

* Por Maria Rachel Coelho

Há uma semana criou-se uma polêmica provocada por uma distorção feita pela imprensa num comentário feito pelo senador Cristovam Buarque, ao dizer, em entrevista à uma rádio, que qualquer dia alguém vai propor um plebiscito para saber se o povo quer, ou não, que o Congresso Nacional continue aberto. Declaração que recebeu críticas dos próprios colegas. Mas hoje ao ouvir um comentário de um aluno, dizendo que o senador que tanto defendo fez uma proposta covarde, me comprometi em sala de aula, e estou aqui para fazer alguns esclarecimentos.

Em primeiro lugar, cabe esclarecer que Cristovam não é covarde, pelo contrário , seu gesto foi de extrema coragem. Também não propôs nenhum plebiscito porque isso nem seria possível, a separação de poderes é cláusula pétrea na Constituição Federal. O que falou e foi o único que teve a coragem de fazê-lo, foi demonstrar seu descontentamento. O que falou e reiterou em plenário foi o que pensa o povo. E se a situação estivesse boa, ninguém teria medo de um plebiscito. Para Cristovam, o Congresso está paralisado em meio a medidas provisórias e decisões judiciárias.

Ele não agüenta mais ver um Congresso paralisado e cada vez mais enrolado em escândalos de corrupções , diretores para todos os lados, horas extras, gastos à vontade e as crianças sem escolas. Se eu tivesse ao seu lado na hora da entrevista sugeria também uma provocação ao nosso executivo, sem comprometimento, prioridades e metas, que continua dando migalhas aos pobres e nada faz para que aprendam a pescar o peixe. Seu grito corajoso de desabafo foi uma provocação para que a sociedade acorde, cobre, exija mudanças, prestação de contas, afinal somos os mandantes.

Seu desejo é que o Congresso retome uma posição de respeito, Cristovam quer um Legislativo mais transparente, propôs acabar com as "mordomias", e que os parlamentares passem mais tempo em Brasília discutindo os problemas do país e tornando a pauta do Congresso mais próxima das necessidades da população. Conhecendo-o como conheço, tenho certeza que se tivesse poder reduziria tantas despesas e transformaria tantas mordomias em escolas.

E me recuso a falar em ditadura. Num país com 70 milhões de analfabetos não há como discutir ciência política.

Mas discutamos se nossa democracia é legítima. Porque o critério de legitimidade está ligado á necessidade e vontade popular. É a aferição com a vontade popular, se atende aos anseios daquela sociedade. Convencer o povo de que temos um Congresso eleito por seus representantes e por isso vivemos uma democracia é enganá-lo, ludibriá-lo.

Eles querem é confundir pois é em nome da legitimidade que se fazem as revoluções, então eles mascaram a questão. Vivemos num país democrático porque escolhemos nossos representantes? Nossos congressistas tem representado nossas crianças, nossos aposentados, nossos analfabetos, nossos índios, nossa vontade? Não somos os titulares?

Mas por mais que o provoquem, Cristovam hoje não está mais sozinho. Em menos de dois anos já iniciamos uma verdadeira revolução educacional no Brasil e não pararemos. Vamos completá-la, de qualquer maneira. E Cristovam está lá dentro, representando de forma decente e falando de forma corajosa tudo que queremos falar mais uma mídia particular censura, manipula. Cristovam está lá trabalhando para que nossa bandeira e nossos sonhos se transformem em realidade. Três de seus projetos viraram lei ano passado. Por uma delas, a que cria o piso salarial do magistério, Cristovam ganhará, no dia 26 de maio, o Prêmio Mérito Legislativo - 2008, do Instituto Brasileiro de Estudos Legislativos. A lei que determina que toda criança de 4 anos tem direito de estudar na escola mais próxima da sua casa. E a lei que a cria o Dia Nacional da Leitura. Para quem não conhece o funcionamento daquelas casas deve imaginar: mais só 3 leis em um ano? Mas isso é algo inédito e ainda que ele tivesse feito só isso em um ano já bastava para que nos enchesse de orgulho. É muito difícil trabalhar com uma grande maioria de parlamentares que só aprovam o que interessa ao governo, porque para isso nunca faltam verbas.

Cristovam está lá, e não teve recesso, trabalhou todos os dias , salvo os dia 25/12 e 02/01. Alguns dias, saiu do gabinete às 10 da noite.

Não pára um minuto, o dia inteiro, elabora projetos de lei, que muitas vezes são plagiados e aprovados pelo executivo para que seu nome não apareça, mas um dia me ensinou: não tem problema, o importante é que as idéias boas sejam copiadas mesmo.

Responde a cada e-mail de cada leitor, se tem algum período livre, visita eleitores, trabalha 12 horas por dia. Ferrenho defensor da integração latino americana, deixa sua família, em um domingo de manhã, chega às vezes de madrugada na segunda, passa o dia em reunião e volta na madrugada da terça. Em 2008 recebeu 38 convites do exterior. Só pode atender a 8, para a Ásia, África, Europa, todas pagas pelos que o convidaram.

Agora só se fala em verba indenizatória, mas Cristovam já presta contas em seu portal há mais de um ano. Todos os meses estão disponíveis de forma transparente em seu portal. Algumas vezes, a verba é insuficiente e ele coloca recursos pessoais, de seu salário para que mantenhamos nosso sonho de revolucionar este país pela educação.

As viagens internas, pagas pela cota do Senado, são todas para trabalho legislativo, palestras, entrevistas, reuniões. Jamais fez viagem de férias ou pagou viagem de amigo ou familiar. Viaja todo o Brasil e pouco conhece das cidades. É comum chegar no hotel de noite e sair de madrugada.Só conhece as cidades de dentro dos carros, das janelas dos hotéis, quando já está escuro.

Quando surgem desconfianças com a luta, talvez o melhor seja o acomodamento. Até porque é mais calmo, e porque ele poderia ganhar muito mais com o salário de ex-reitor, cobrando por palestras fazendo consultorias em todo mundo, como fazia antes.

Essa semana foram dezenas de e-mails, mais esse é o objetivo. Na verdade, toda essa polêmica é mais uma tentativa para desanimá-lo, para afastá-lo da luta.

As vezes é preciso uma provocação para que haja uma reação. O que ele propõe é acabar com essa vergonha criada ao longo do tempo e que ainda se mantém.

Criticou os que só ficam apenas dois dias em Brasília por semana. Em dois dias não se consegue "parlamentar" e discutir os problemas do país. Os discursos são feitos ao vento. Há um divórcio entre as falas dos congressistas e os problemas concretos da realidade brasileira. O Congresso não se adaptou à realidade do avanço técnico, que criou uma situação nova. A democracia precisa se adaptar à realidade eletrônica. O Congresso demora cinco anos para aprovar um projeto, mas os problemas são "on-line".

E amanhã vocês vão me perguntar: por que, então ele não renuncia se pode ganhar mais fora do Senado?

E eu lhes respondo agora: POR QUE ELE É O CARA! Ama o Brasil e quer vê-lo alfabetizado, respeitado. Ama as crianças e quer vê-las todas numa escola de igual qualidade entre eleitos e eleitores. Por que quer uma vida mais digna para todos nós, professores. Por que é um mito e já entrou para a história deste país. E seu nome ficará na história universal. Para isso o salário de senador já é suficiente e para isso ser senador ainda é necessário. POR ISSO QUE OBAMA FALA, MAS NA PRÁTICA SUA ATITUDE É EDUCACIONISTA. Porque é CRISTOVAM BUARQUE: O CARA!

* Professora e Coordenadora do Movimento Educacionista.

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