*Cristovam Buarque
Em 2002, 674.086 eleitores deram-me seus votos para senador da República pelo Distrito Federal. Durante a campanha, eu disse que Brasília só teria futuro se o Brasil fizer uma revolução pela educação. E que, além de defender o DF, o papel de um senador da República seria lutar por essa revolução em todo o país.
Coerente com essa posição, logo no início do mandato aceitei o convite do presidente Lula para ocupar o cargo de ministro da Educação. Seria uma contribuição para o Brasil e o DF: fazer a revolução de que o Brasil precisa, fazendo escola de qualidade para todos, com o filho do trabalhador na mesma escola que o filho do patrão. E eu tentei. Nos poucos meses em que fiquei como ministro, apresentei projetos das leis necessárias para a revolução. Essa era uma função de senador da República, pelo DF.
Desde 2004, de volta ao Senado, mantive meu compromisso de representar o DF lutando pelos direitos de nossas cidades brasilienses, mas sem deixar de lutar pelo Brasil todo. Desde então, junto com outros parlamentares da bancada de Brasília, estive presente em todas as lutas que interessaram ao Distrito Federal. E estive presente em todos os grandes debates nacionais, como um senador da República.
Foi como senador da República que consegui aprovar o projeto de lei — que já foi sancionada e está em vigor — que estabelece o piso nacional do salário do professor; e também a lei que assegura a cada criança vaga na escola mais perto de sua casa, a partir do dia em que fizer quatro anos de idade. Além desses, já transformados em leis, apresentei mais de 100 projetos, quase todos voltados para os interesses de todo o país. Tudo isso me faz dizer que sou um senador por Brasília e um senador de toda a República brasileira. Assim, disputei a Presidência da República, em 2006, sabendo que não teria chance de ser eleito, mas poderia levar a voz do DF ao cenário nacional, defender uma revolução brasileira e colocar a educação na agenda nacional.
Lamentavelmente, a função de senador da República não vem sendo bem entendida.
Alguns consideram que o senador pelo DF deve limitar suas ações ao DF, e não deve se envolver — nem gastar seu tempo, viajar — na defesa de problemas nacionais. E, por isso, alguns têm defendido que os senadores pelo DF devolvam as passagens que o Senado oferece mensalmente aos demais senadores. Não sabem que essas passagens não são recebidas, elas são usadas ou não, conforme o pedido do senador, para cumprir suas obrigações de visitar suas bases eleitorais e de defender e mudar o país.
É importante que todos os brasileiros saibam quantas passagens foram usadas, por quem e com que finalidade. Por isso, apresentei ao presidente Sarney a sugestão de divulgar quais passagens são emitidas pelo Senado, para que passageiro, com que destino e finalidade, autorizadas por qual senador. Tudo de modo transparente.
Somos senadores da República, e por isso temos a obrigação de cuidar do que acontece em todo o país. Cada uma de minhas leis mereceram e continuam merecendo serem defendidas em todo o país, mesmo ao custo (e desgaste) de dezenas de viagens por nosso imenso país. Nenhuma delas aconteceu por diversão ou lazer. Essas, obviamente, o Senado não deve financiar para senador nenhum, do DF ou de qualquer outro Estado.
É preciso saber se as passagens foram usadas para benefício pessoal ou para o trabalho: o debate de idéias, a defesa de projetos, a tentativa de despertar a população nacional para a necessidade de fazer a revolução de que o Brasil precisa.
Como senador da República, quando tomo um avião, sinto-me como um enfermeiro em uma ambulância, indo atender a um doente chamado Brasil, ou como um jornalista indo cobrir uma pauta para seu veículo de comunicação. Cumprindo minha obrigação como Senador da República.
É uma pena que muitos, inclusive alguns bem informados, vejam o senador como mais um vereador da sua cidade, não como um senador para toda a República. De fato, muitas noites, terminado meu trabalho no Senado, costumo assumir o papel de vereador, visitando cidades, conversando com a população, defendendo interesses específicos, porque essa é uma condição necessária para atender aos eleitores diretamente e viabilizar a continuação de minha vida na política. Mas esse esforço adicional só se justifica se, depois de eleito, também lutar pelo nosso Brasil. Inclusive, fazendo o esforço que exigem as viagens necessárias. Sendo um senador de toda a República, pelo DF.
*Senador da República pela PDT
Coerente com essa posição, logo no início do mandato aceitei o convite do presidente Lula para ocupar o cargo de ministro da Educação. Seria uma contribuição para o Brasil e o DF: fazer a revolução de que o Brasil precisa, fazendo escola de qualidade para todos, com o filho do trabalhador na mesma escola que o filho do patrão. E eu tentei. Nos poucos meses em que fiquei como ministro, apresentei projetos das leis necessárias para a revolução. Essa era uma função de senador da República, pelo DF.
Desde 2004, de volta ao Senado, mantive meu compromisso de representar o DF lutando pelos direitos de nossas cidades brasilienses, mas sem deixar de lutar pelo Brasil todo. Desde então, junto com outros parlamentares da bancada de Brasília, estive presente em todas as lutas que interessaram ao Distrito Federal. E estive presente em todos os grandes debates nacionais, como um senador da República.
Foi como senador da República que consegui aprovar o projeto de lei — que já foi sancionada e está em vigor — que estabelece o piso nacional do salário do professor; e também a lei que assegura a cada criança vaga na escola mais perto de sua casa, a partir do dia em que fizer quatro anos de idade. Além desses, já transformados em leis, apresentei mais de 100 projetos, quase todos voltados para os interesses de todo o país. Tudo isso me faz dizer que sou um senador por Brasília e um senador de toda a República brasileira. Assim, disputei a Presidência da República, em 2006, sabendo que não teria chance de ser eleito, mas poderia levar a voz do DF ao cenário nacional, defender uma revolução brasileira e colocar a educação na agenda nacional.
Lamentavelmente, a função de senador da República não vem sendo bem entendida.
Alguns consideram que o senador pelo DF deve limitar suas ações ao DF, e não deve se envolver — nem gastar seu tempo, viajar — na defesa de problemas nacionais. E, por isso, alguns têm defendido que os senadores pelo DF devolvam as passagens que o Senado oferece mensalmente aos demais senadores. Não sabem que essas passagens não são recebidas, elas são usadas ou não, conforme o pedido do senador, para cumprir suas obrigações de visitar suas bases eleitorais e de defender e mudar o país.
É importante que todos os brasileiros saibam quantas passagens foram usadas, por quem e com que finalidade. Por isso, apresentei ao presidente Sarney a sugestão de divulgar quais passagens são emitidas pelo Senado, para que passageiro, com que destino e finalidade, autorizadas por qual senador. Tudo de modo transparente.
Somos senadores da República, e por isso temos a obrigação de cuidar do que acontece em todo o país. Cada uma de minhas leis mereceram e continuam merecendo serem defendidas em todo o país, mesmo ao custo (e desgaste) de dezenas de viagens por nosso imenso país. Nenhuma delas aconteceu por diversão ou lazer. Essas, obviamente, o Senado não deve financiar para senador nenhum, do DF ou de qualquer outro Estado.
É preciso saber se as passagens foram usadas para benefício pessoal ou para o trabalho: o debate de idéias, a defesa de projetos, a tentativa de despertar a população nacional para a necessidade de fazer a revolução de que o Brasil precisa.
Como senador da República, quando tomo um avião, sinto-me como um enfermeiro em uma ambulância, indo atender a um doente chamado Brasil, ou como um jornalista indo cobrir uma pauta para seu veículo de comunicação. Cumprindo minha obrigação como Senador da República.
É uma pena que muitos, inclusive alguns bem informados, vejam o senador como mais um vereador da sua cidade, não como um senador para toda a República. De fato, muitas noites, terminado meu trabalho no Senado, costumo assumir o papel de vereador, visitando cidades, conversando com a população, defendendo interesses específicos, porque essa é uma condição necessária para atender aos eleitores diretamente e viabilizar a continuação de minha vida na política. Mas esse esforço adicional só se justifica se, depois de eleito, também lutar pelo nosso Brasil. Inclusive, fazendo o esforço que exigem as viagens necessárias. Sendo um senador de toda a República, pelo DF.
*Senador da República pela PDT
Artigo de Cristovam Buarque publicado em 25/4/2009 no jornal Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário