quinta-feira, 2 de abril de 2009

ACREDITE SE QUISER

No dia da mentira, primeiro de abril, os executivos da Lajes Logística S/A, que representam os interesses da Companhia Vale do Rio Doce no Amazonas sob o controle da empresa Log-In Logística Intermodal S/A, localizada no Rio de Janeiro, abriram os cofres para plantar nota na imprensa local, espelhando a desinformação quanto à construção do Porto das Lajes, que pretendem construir nas confluências do nosso magnífico Encontro das Águas, na zona leste de Manaus.

Insatisfeitos, Sergio Gabizo e Laurits Hansen, pressionados pelos acionistas da Log-In, resolveram “partir para o tudo ou nada”, como bem definiu um dos parlamentares da Assembléia Legislativa do Estado. A estratégia do “arromba” resulta do crescimento do Movimento Social SOS Encontro das Águas, que vem sendo coordenado pelo Conselho Comunitário da Colônia Antônia Aleixo e Bela Vista, representando os moradores da circunvizinhança do empreendimento e, principalmente, depois da manifestação da Frente Parlamentar capitaneada pelos Senadores João Pedro (PT), Jefferson Praia (PDT) e Artur Virgílio Neto (PSDB), que se posicionaram contra a construção do Porto das Lajes com ressonância no Congresso Nacional.

Além dessas e outras manifestações parlamentares, registram-se também a participação de comunicadores, intelectuais, estudantes, pescadores, religiosos, sindicatos, movimento das mulheres e demais segmentos sociais, a protestarem contra a Companhia Vale do Rio Doce, que é a principal acionista do empreendimento do complexo portuário das lajes.

Para efeito de avaliação e julgamento da matéria, a Justiça tem se valido da proposta do EIA/RIMA, que tramita junto ao Instituto Ambiental de Proteção do Amazonas (IPAAM), estando à disposição para consulta em sua página eletrônica. Por sinal, a analise do processo desqualifica a nota da empresa Lajes (Log-In) publicada em todos os jornais de Manaus, no dia da mentira. Nos termos do processo, os pesquisadores afirmam que: “para a implantação do Porto das Lajes há necessidade de supressão de uma área de aproximadamente 59,65 ha. Para a supressão da vegetação em qualquer que seja sua área, deverá ser apresentado um inventário florestal do empreendimento com a identificação de espécies nativas, ameaçadas de extinção, raras e endêmicas na região” (p.53).

Na página seguinte do Relatório, a empresa afirma também que: “Na área diretamente afetada do empreendimento Porto das Lajes existem áreas de preservação permanente, localizadas ao longo dos cursos de água (igarapés de tamanho diferenciado) e a vegetação que margeia o rio. Esta vegetação não poderá ser alterada, devendo ser observada pela empresa licenciada a preservação e conservação destas áreas “.

Para ofuscar a depredação dos ecossistemas do Encontro das Águas, os empresários, contrariando o EIA/RIMA espalharam a mentira que a pretensa construção do Porto será feita a mais de 2.400 metros da Área de Proteção Ambiental do Encontro das Águas. Invencionice dos beletristas, que pode levar os incautos a perderem o foco que é a linha, o espelho d’água do Encontro das Águas, que segundo o EIA/RIMA fica menos de 800 metros.

Para se recompor a verdade dos fatos à luz da ciência e a defesa do interesse público, segundo o empresário Belmiro Vianez Filho (leia o artigo aqui), só há um jeito: conversando. “É preciso promover fóruns de discussão e esclarecimentos com uma única e objetiva finalidade: preservar o interesse coletivo, em especial da comunidade diretamente envolvida e dos parâmetros ambientais alcançados. E é por aí que o porto, qualquer porto e qualquer obra com implicações sócio-ambientais devem ser auditadas. O resto é desinformação, falta de uma sólida e pró-ativa conversa”.

E para início de conversa, os comunitários do Lago Aleixo, orientados por pesquisadores e cientistas sociais estão convictos que a obra será predadora. Portanto, governo e empresários busquem outro lugar, que não seja o Encontro das Águas, em respeito à nossa cultura e ao meio ambiente, rasgando dessa feita, a mascara dos farsantes. A discussão envolve o Ministério do Meio Ambiente, Cultura, Transportes e Secretarias afins do Governo Federal, exigindo do governo estadual espírito público para não cometer os mesmos erros do passado relativos á construção da Hidrelétrica de Balbina, que até hoje provoca indignação nos amazoneses.

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