segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

QUERO UM LIVRO DO PAPAI NOEL

Ellza Souza (*)

O primeiro dia da liquidação anual da Livraria Valer mostrou que ainda temos leitores em Manaus apesar das poucas livrarias. A fila antes de abrir a loja subia a Avenida Getúlio Vargas. Muita gente querendo comprar livros. Isso é uma maravilha!!! Estava um pouco triste com as palavras do articulista do Estadão, Mauro Chaves (leia no www.ncpam.com.br) que sugere o lema “Não somos ladrões” se referindo a fraude no sistema de incentivos fiscais para produções artísticas e culturais brasileiras. Lendo o seu texto sobre o assunto vai dando um aperto por percebermos que o jornalista tem razão e até a beleza que envolve a nossa vida pela arte e cultura está minada pelo jeitinho, pela incompetência, pelo apadrinhamento. Estamos perdidos ou ainda resta uma esperança?

Na liquidação da Valer vi a esperança. No domingo, segundo dia da liquidação, pude constatar o sucesso do evento. Um público diversificado lotava o salão com alguns autores como Leyla Leong, Ana Peixoto e Elson Farias autografando seus livros infantis e fazendo a festa para seu público. O Tenório Telles falou como sempre palavras de incentivo à leitura, alertando aos pais presentes qual a verdadeira função do livro de despertar o conhecimento, o aprimoramento, a sensibilidade.

As crianças circulavam livremente por entre os livros e essa proximidade deixava em seus semblantes alegria pelos personagens, pelas histórias, pela integração com o imaginário. Do bebê de oito meses no colo do pai, a filha da Bia de um ano e oito meses que tocava nos livros e prestava atenção nas pessoas e nas ilustrações coloridas das capas. Jovens de dez e 12 anos já demonstravam um interesse por romances mais densos do tipo best-sellers, os universitários buscavam livros na área de saúde, serviço social, contabilidade, história do Amazonas, romances de Milton Hatoun. Tinha livro para todos os gostos.

Destacava-se entre os livros uma versão de O Pequeno Príncipe, com o texto lindamente ornamentado com dobraduras e personagens recortados em relevo dando um encanto maior a essa história de Saint Exupéry que cada vez mais atrai pequenos e grandes leitores. Perguntei ao João sua idade e ele falou “pode não acreditar” pois parecia uns oito e mostrou os quatro dedos da mão; Marcelo, 7 anos; Gabriel, Rafael e Daniel, “três anjinhos leitores” segundo a mãe, de 2, 9 e 13 anos. Os adultos estavam ali profundamente animados pela possibilidade de comprar um livro pela metade do preço. As crianças pequenas como o Gabriel querem pegar no livro e ouvir as histórias. Os adolescentes já têm seus temas e personagens preferidos como a série Crepúsculo, segundo Joaquim de 12 anos e “fico atento às sugestões dos amigos”.

Para todos que desejam ler o primeiro livro vale as sábias palavras do pintor Moacir Andrade "a leitura é um dos grandes prazeres do ser humano, experimentem".

Que venham mais iniciativas como essa. Mais leitores, mais livrarias, mais bibliotecas, mais sebos, mais quartas literárias, mais tenórios, mais isaacs, mais moacir andrade, mais elenas koynovas, mais paz. Não podemos deixar morrer a cultura, o saber, a arte, a música, o primário abc já que até para excelentíssimos deputados e senadores não se exige conhecimento nenhum e muito menos ficha limpa. Só nos resta os livros e que venham mais autores com obras que não deixem morrer nossos neurônios, nossos sentimentos, nossa sensibilidade. Não é mesmo professor?

(*) É escritora, jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM.

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