sábado, 4 de dezembro de 2010

REVITALIZAÇÃO DO MERCADO DE MANAUS

O mercado é o teatro do povo, tal afirmativa nasce do coração e mente da antropóloga Arminda Mendonça, pesquisadora de nossa cultura e do patrimônio do povo do Amazonas, que por ora tem merecido toda atenção da direção nacional do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), visando assegurar o Tombamento do Encontro das Águas e do Centro Histórico de Manaus. Estas determinações proclamadas por Editais públicos vem contrariando a vontade do Superintendente do IPHAN no Estado, Juliano Valente, comparsa dos interesses eleitoreiro do deputado Sinésio Campos, que tem sido comparado como testa de ferro dos mascarados predadores da construção civil com representação na Assembléia Legislativa do Estado. O deputado Sinésio Campos, em indicar o Superintende do IPHAN na região, pensava talvez se apoderar das decisões institucionais, condicionando aos seus interesses privados - ávidos de lucro - para acumular aqui e investir lá em sua belíssima Santarem às margem do rio Tapajós, em terras paraenses. Assim tem feito contrariando interesse do povo do Amazonas e violando os valores republicanos. No entanto, até agora tem prevalecido a decisão do IPHAN nacional, merecendo do povo do Amazonas respeito e consideração tanto pelo Tombamento do Encontro das Águas como também pela Proteção do Centro Histórico de Manaus, na perspectiva de que o povo do Amazonas não só resgate o Mercadão, mas o Teatro e todo o patrimônio formador de sua identidade social, econômica e histórica. Vivas a revitalização do Mercado Municipal de Manaus e ao documentarista Hamilton Salgado, que agrega a sua arte fotográfica a narrativa do encanto do lugar predicando valor ao seu feito, confira:

Ellza Souza (*)

O mercado de uma cidade é um grande atrativo para o turista. Manaus há algum tempo está sem o seu mercadão que se encontra fechado em face da disputa em torno de suas pedras portuguesas de Liós. Ou seja, faltou vontade política para fazer a reforma desse prédio tão importante historicamente. Mas agora o Mercado Municipal Adolpho Lisboa situado na beirinha do rio Negro numa área considerada o berço da cidade, está sendo revitalizado.

Na manhã ensolarada do dia 2 de dezembro fui fazer uma visita ao velho mercado para tirar fotos do trabalho minucioso de recuperação numa tentativa de devolver sua arquitetura original. Belos detalhes como escadas de ferro e de mármore, vitrais, fachadas, colunas com identificação do fabricante, estavam escondidos sob feias paredes e placas. Do jeito que está, com obras a todo vapor e pelo que li na placa oficial já são mais de 300 dias de trabalho, faltando mais de 400 para a conclusão, mesmo com entulhos, poeira, material amontoado, se observa um lugar amplo, de muita luz e beleza.

O prédio foi feito para funcionar um mercado, lugar apropriado para a comercialização de alimentos, artesanato, produtos típicos da floresta. Por isso precisa não só ser bonito mas arejado e limpo onde as pessoas daqui e de qualquer lugar possam fazer compras ou simplesmente visitá-lo. Os permissionários que detém licença para vender seus produtos no mercado e estão provisoriamente nas proximidades, devem se preparar para a volta e reavaliar seu conceito de atendimento ao público. Acho que a Prefeitura deveria viabilizar cursos e palestras a essas pessoas com informações sobre a história do Adolpho Lisboa, noções de higiene e manipulação dos alimentos e de boas relações com o público.

A visita teve o suporte do fotógrafo Hamilton Salgado que nos mostrou toda a obra, apresentou os profissionais responsáveis e o Antonio Fonseca tirou as minhas fotos. Salgado não só mostrou como nos falou sobre dados históricos importantes do local. Seu conhecimento vem de pesquisas e vários documentários que já realizou sobre a história de Manaus. O competente fotógrafo amazonense é também um contador de histórias e se realiza tentando resgatar e registrar os casos que viveu e ouviu.

(*) É escritora, jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM.

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