quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

CAMPANHA DA FRATERNIDADE E O MOVIMENTO S.O.S. ENCONTRO DA ÁGUAS

A Campanha da Fraternidade (CF) é uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizada anualmente, sempre no período da Quaresma, após o carnaval. Seu objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e as pessoas de boa vontade em relação a uma situação concreta que envolva a sociedade brasileira, buscando formular solução para o problema levantado. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser transformada, e um lema, que explicita em que direção se busca a transformação. Desde a década de sessenta a Igreja Católica vem promovendo tal iniciativa. Para 2011 o tema da CF é Fraternidade e a Vida no Planeta seguido do lema A criação geme de parto ( Rm 8,22).

No amazonas, o Movimento S.O.S. Encontro das Águas, que há mais de dois anos vem lutando para efetivação do Tombamento desse patrimônio, bem como o reconhecimento internacional desse bem, participou da reunião de articulação com a coordenação da CF, no dia 23/11, quando pactuaram ação com objetivo de assegurar o controle social dessa política de conservação, em atenção aos recursos naturais identificados na circunscrição do Tombamento e de seu em torno.

Nessa perspectiva, o Movimento S.O.S. Encontro das Águas que tem sua base nas lideranças comunitárias da Colônia Antonio Aleixo, vem programando uma série de discussão sobre a questão do controle social dos recursos naturais do Lago do Aleixo e do Encontro das Águas. Visto que o Tombamento desses bens é uma demanda comunitária que há muito as lideranças reclamam junto ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Por hora, o Conselho Nacional do IPHAN votou favorável ao Tombamento, mas até a presente data ainda não foi publicado no Diário Oficial da União os expedientes legais que assegurem a tutela do Patrimônio Encontro das Águas ( Lago do Aleixo) como bem cultural nacional.

Nesse processo, o Movimento S.O.S. Encontro das Águas promove nos dias 4 e 5 de janeiro de 2011, no Clube de Mães da Colônia Antonio Aleixo, das 18 às 21h, um Ajury com objetivo de Formular Proposta de Gestão do Lago do Aleixo e Encontro das Águas, com apoio da coordenação das Pastorais Sociais, da CF e demais organizações, que lutam em parceria com os comunitários do Aleixo. O resultado das discussões deverá ser formatado em documento final, explicitando as propostas e encaminhamentos referentes aos instrumentos de controle comunitário implementado num processo de gestão participativa.

OBJETIVOS DA CF
Para alcançar sua finalidade, a CF de 2011 propõe os seguintes objetivos:

Viabilizar meios para a formação da consciência ambiental em relação ao problema do aquecimento global e identificar responsabilidades e implicações éticas;

Promover a discussão sobre os problemas ambientais com foco no aquecimento global;

Mostrar a gravidade e a urgência dos problemas ambientais provocados pelos aquecimento global e articular a realidade local e regional com o contexto nacional e planetário;

Trocar experiência e propor caminhos para a superação dos problemas ambientais relacionados ao aquecimento global.

ESTRATÉGIAS

Para isso serão adotadas as seguintes estratégias:

Mobilizar pessoas, comunidades, Igrejas, religiões e sociedade para assumirem o protagonismo na construção de alternativas para a superação dos problemas socioambientais decorrentes do aquecimento global;

Propor atitudes, comportamentos e práticas fundamentados em valores que tenham a vida como referência no relacionamento com o meio ambiente;

Denunciar situações e apontar responsabilidade no que diz respeito aos problemas ambientais decorrentes do aquecimento global.

PARTICIPAÇÃO

A todos (as) que queiram participar desse Ajury em favor da Fraternidade e Vida no Planeta recomendamos uma leitura densa do Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2011, visando apoderar-se do tema, obedecendo à seguinte metodologia: VER, JULGAR e AGIR. Ademais, estão também convidados a interagir conosco discutindo os temas em Rede ou até mesmo participando de nossas reuniões de planejamento no dia 07 de dezembro (na Colônia Antonio Aleixo), dia 15 às 18h, no Centro Pastoral da Arquidiocese de Manaus e do nosso Ajury, no dia 04 e O5 de Janeiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

BRINCANDO COM COISA SÉRIA

A ARCA DE NOÉ E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Há muito anos atrás (período do Regime Militar), circulou um artigo que tinha como título “A Arca de Noé”.
Nele era contada uma pequena estória. Nela o planeta passava por uma fase muito complicada e, para resolvê-la, um tal Noé resolveu construir uma grande arca de modo a colocar um casal de cada ser vivo e, quando o dilúvio chegasse, este grupo sobreviveria para repovoar o planeta.
A estória evolui com a intervenção de um grupo de “iniciados” que aceitaram a idéia, mas consideraram que este era um empreendimento de grande porte e, desta forma, não poderia ser simplesmente conduzido por tal Noé. Seria necessário estruturar um empreendimento que pudesse conduzir a complexidade da construção da arca. Mudaram, de imediato, o nome do projeto que passou a se chamar “Arca das Mudanças Climáticas”.
Os “iniciados” começaram a estruturação do empreendimento: eleição de presidente, diretorias, assessorias, núcleos de pesquisa, contratação de especialistas, secretárias, motoristas, sede própria e sedes descentralizadas em diferentes locais do planeta, enfim, o imprescindível para que um grande empreendimento pudesse ser desenvolvido sem risco.
As tarefas foram divididas em vários Grupos de Trabalho, com reuniões realizadas não nas regiões do planeta onde eram inevitáveis os primeiros efeitos do dilúvio, mas sim em lugares aprazíveis onde os grupos pudessem trabalhar em condições adequadas a importância do projeto.
Inevitável, estes grupos acabaram se dividindo entre “prós e contras” e cada um deles, sem se preocupar com o dilúvio a caminho, resolveram ignorar a variável tempo, consumindo o tempo disponível em apresentar estudos e pesquisas que reforçassem as suas posições. Isso demandou uma grande quantidade de recursos, que foram logo disponibilizados pelos países mais ricos do planeta.
Surgiram especialistas, políticos especialistas, agentes de financiamento especialistas, centros de pesquisa especializados, típicos do entorno de operação de um grande empreendimento.
Sendo muito especializadas, de imediato a sociedade foi relegada a um segundo plano, dado que, na visão do projeto, apenas um casal de humanos, decidido que seria escolhido entre a alta direção do “Arca das Mudanças Climáticas”. Na verdade, logo no início, as informações foram passadas a sociedade, mas em linguagem complicada que levou a um progressivo afastamento do tema, deixando aos “iniciados” a discussão e decisão sobre o assunto.
E o tempo foi passando. Países que tinham “madeira” para a construção da arca tentaram impor condições ao andamento do projeto, mas foram logo afastados pelos países que “detinham a tecnologia do corte da madeira”, de modo a, progressivamente, ir reduzindo o tamanho do grupo dos “iniciados”. Foram observadas denúncias (“Arcagate”), mas, para os “não iniciados”, acabou ficando a dúvida de quem realmente tinha à razão.
Concluindo, passado alguns anos veio o aviso que o dilúvio seria no dia seguinte.
No empreendimento “Arca das Mudanças Climáticas” um desespero total; perdidos entre muitas alternativas não tinham tido tempo para concluir a arca. Ou seja, era inevitável que o dilúvio seria plenamente fatal para todos do planeta.
Mas, do alto da torre de trinta andares construída para fazer funcionar o mega projeto, no dia seguinte, quando a água quase cobria o edifício, foi possível ver uma arca de madeira, com os “não iniciados” liderados por um tal Noé, passando ao largo.
Você já pensou em que grupo está?
Ainda há tempo para escolher o grupo certo.

Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
roosevelt@ebrnet.com.br