Os povos indígenas do Amazonas liderados pela COIAB reuniram-se em Manaus, nos dias 25 e 26 de novembro de 2010, na sede da COIAB, para debater e a avaliar a situação da saúde indígena, levando em consideração a criação da SESAI – Secretaria Especial de Saúde Indígena e desta forma manifestar sua indignação contra a FUNASA – Fundação Nacional de Saúde pelo deplorável serviço prestado às comunidades referente à saúde indígena, em particular, a situação gritante dos povos do Vale do Javari, de Parintins, no Amazonas, sem esquecer nossos parentes do Acre, do Maranhão, Mato Grosso e de toda Amazônia.
O Vale do Javari deveria trocar seu nome para Vale do Genocídio, dada as circunstâncias, em que se alastram AS MORTES e outras situações absurdas de gestão, que combinam com o descaso. Somente no último mês e meio morreram 15 pessoas, entre crianças e adultos, sendo que somente no mês de outubro, somaram 12 óbitos.
Relatos da UNIVAJA (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) denunciam que já foram encaminhados diversos pedidos de socorro e providência aos órgãos competentes, inclusive junto à ONU, e até o momento nenhuma solução foi dada para combater às mortes e o descaso em que se encontra a saúde desses povos sob a direção da FUNASA.
Com a implantação da nova política de saúde através da SESAI exigimos que, nesse momento de transição, o Sr. Ministro da Saúde, José Gomes Temporão tome providências de Estado junto a FUNASA para que não interfira nas decisões da SESAI, evitando assim transtorno,determinando urgentemente, ações de combate a mortandade e a formação de novos quadros profissionais em atenção à saúde dos povos indígenas.
Por isso, manifestamos nossa indignação e propomos que:
A recém criada SESAI, adote urgentemente as medidas cabíveis para conter o processo de extinção dos povos do Vale do Javari;
Que a nomeação e indicação para as chefias dos DSEI`s, sejam feitas em discussão com o Movimento Indígena, não mais com apadrinhamento político e, que os agentes da FUNASA não interfiram em suas nomeações;
Que as indicações feitas pelo conselho nacional sejam antes discutidas com Movimento Indígena;
Que sejam realizados seminários nos 07 DSEIS, a fim de discutir a implantação da SESAI;
Que o diálogo com o Movimento Indígena e todas as partes envolvidas na saúde indígena possa ocorrer com confiança e responsabilidade a fim de se desenvolver um Plano estratégico emergencial;
Que o controle social possa ser fortalecido e que se faça uma fiscalização mais atuante, com autonomia;
Que o perfil dos gestores da saúde indígena possa ser amplamente discutido com o Movimento Indígena;
Que seja realizado curso de formação técnico-administrativa para gestores da saúde indígena e para lideranças indígenas;
Que o espaço físico das CASAI’s seja construído levando em consideração a especificidade cultural de cada povo e/ou região, garantindo os meios necessários e eficientes para uma saudável recuperação dos pacientes;
GARANTIR a transformação das CASAI’s em unidades de saúde, propiciando atendimento integral aos povos indígenas;
Que seja criada uma resolução complementar da saúde indígena de fato especifica e diferenciada com atendimento prioritário na rede SUS;
Que sejam realizados seminários e ampla discussão visando atender a situação de saúde dos indígenas que vivem nas cidades.
O QUE DIZ A FUNASA
SAÚDE INDÍGENA - TRANSIÇÃO: Em consonância com o Art. 6º do Decreto Nº 7.336, de 19 de Outubro de 2010, o Ministério da Saúde e a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) terão o prazo de cento e oitenta dias para efetivar a transição da gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena para o Ministério da Saúde. No intuito de cumprir tal determinação, a FUNASA disponibiliza nesta página todos os links de conteúdo eletrônico referente à Saúde Indígena.
Saiba mais: http://www.funasa.gov.br/internet/transicao/saudeIndigenaTransicao.asp
Um comentário:
Muito boa a iniciativa do NCPAM em prestar apoio ao movimento indígena. O Amazonas está a mercê de uma péssima gestão de saúde.
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