Ellza Souza (*)
Participei de uma reunião onde o tema principal era o tombamento do encontro das águas. O que eu fazia ali já que estavam reunidos no local, pessoas importantes do Movimento SOS Encontro das Águas, imprensa, professores, líderes de comunidades, representante de político sério e outros. Bem, como cidadã que nasceu à beira de tão lindo rio como é o Negro, acho que estava no meu direito e ouvi atentamente tudo o que foi falado. Fiquei com vergonha da minha ignorância em relação a esse assunto que está preocupando principalmente os moradores das proximidades do Lago do Aleixo que aliás virou o deserto do Aleixo, com a seca.
Tenho que anunciar logo que senti falta do povo na reunião que sei não estava ali por ignorar os fatos em relação à construção de um porto nas Lajes. Fiquei triste com isso pois não tem poder maior no mundo do que uma sociedade organizada que sabe direitinho o que é melhor para ela. O poder econômico é gigante e seu modus operandi é cruel. Então se a sociedade manauara não se espertar, deixar a leseira de lado e partir para o engajamento por essa e outras causas em benefício de nossos bens naturais que Deus nos deixou com tanta abundância, estaremos fadados a um trágico destino.
Manauaras, somos um povo bom, inteligente, vivemos na Amazônia que está na boca de todo mundo principalmente de governantes acima do bem e do mal. Na realidade na hora de realizar um mega projeto desses nas proximidades do encontro das águas brancas e negras de rios tão estupendos e férteis, ninguém pensou na vida, nem da população, nem das espécies e muito menos na história de nossos ancestrais e foram escolher justamente onde está o sítio mais antigo da cidade para destruir, manipular, manchar, desfazer o que o pai do céu fez com tanto carinho. Além de tudo o local é um marco da bravura do nosso Ajuricaba que preferiu morrer em tépidas águas a ficar nas mãos de seus algozes.
Esses mefistofélicos que se uniram para acabar um lugar desses, tão lindo, tão pacato e tão bom com o ser humano pois o rio mesmo sendo envenenado constantemente com substâncias tóxicas para a saúde do ser humano como o sulfato de alumínio usado no tratamento da água, mesmo assim e apesar da agressão aos peixes e as pessoas, o rio continua alimentando muita gente e não somos completamente envenenados pela inacreditável capacidade do rio de resistir, dando um exemplo sem igual de como o ser humano deve agir em sua breve passagem nessa vida. Sem medo, sem temer, sem achar que os poderosos podem tudo e nós não podemos nada. Nós somos a maioria e só precisamos conhecer, defender, nos organizar.
Não é porque foi cometido um erro, o da construção de uma captadora de água na área em questão que outras obras criminosas podem ser construídas no local. Acho que não é interessante para ninguém a construção de um porto na área das Lajes onde os maiores rios do mundo se encontram. Pega mal para os donos do projeto seja lá quem forem pois devem ter um nome a zelar, para os governantes que se supõe estarem do lado do bem público, ao lado do povo e principalmente ao lado da preservação da Amazônia. Usar o argumento de que vai gerar emprego, renda e melhorar a vida da comunidade, não é válido. Isso se chama manipulação e corrupção já que os prejuízos sociais, ambientais e históricos de uma obra desse porte num lugar com essa natureza representa o começo de um final trágico para a existência de todos. Não só dos moradores do Lago do Aleixo e de Puraquequara, dos pescadores da região, da Manaus como um todo pois um rio poluído e envenenado escorre para o mar e pode acabar com a nossa raça na terra. Porque fazer isso por dinheiro se a moda entre os bilionários é ajudar os que mais precisam. A viver não a morrer.
Lulu, moradora da comunidade do Aleixo, contou na reunião uma história que me deu esperança. E estendo esse sentimento de esperança aos manauaras e peço para que não se omitam e se engajem nesse movimento em prol do tombamento do nosso Encontro das Águas. Lulu contou que no Lago do Aleixo (antes da seca claro) foi encontrado um filhote de peixe-boi, uma espécie profundamente abalada pela pesca predatória e que corre risco de extinção. Para Lulu “apesar da poluição tem vida no lago”. Esse bichinho completamente indefeso veio nos demonstrar que nem tudo está perdido.
(*) É escritora, jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM.
Participei de uma reunião onde o tema principal era o tombamento do encontro das águas. O que eu fazia ali já que estavam reunidos no local, pessoas importantes do Movimento SOS Encontro das Águas, imprensa, professores, líderes de comunidades, representante de político sério e outros. Bem, como cidadã que nasceu à beira de tão lindo rio como é o Negro, acho que estava no meu direito e ouvi atentamente tudo o que foi falado. Fiquei com vergonha da minha ignorância em relação a esse assunto que está preocupando principalmente os moradores das proximidades do Lago do Aleixo que aliás virou o deserto do Aleixo, com a seca.
Tenho que anunciar logo que senti falta do povo na reunião que sei não estava ali por ignorar os fatos em relação à construção de um porto nas Lajes. Fiquei triste com isso pois não tem poder maior no mundo do que uma sociedade organizada que sabe direitinho o que é melhor para ela. O poder econômico é gigante e seu modus operandi é cruel. Então se a sociedade manauara não se espertar, deixar a leseira de lado e partir para o engajamento por essa e outras causas em benefício de nossos bens naturais que Deus nos deixou com tanta abundância, estaremos fadados a um trágico destino.
Manauaras, somos um povo bom, inteligente, vivemos na Amazônia que está na boca de todo mundo principalmente de governantes acima do bem e do mal. Na realidade na hora de realizar um mega projeto desses nas proximidades do encontro das águas brancas e negras de rios tão estupendos e férteis, ninguém pensou na vida, nem da população, nem das espécies e muito menos na história de nossos ancestrais e foram escolher justamente onde está o sítio mais antigo da cidade para destruir, manipular, manchar, desfazer o que o pai do céu fez com tanto carinho. Além de tudo o local é um marco da bravura do nosso Ajuricaba que preferiu morrer em tépidas águas a ficar nas mãos de seus algozes.
Esses mefistofélicos que se uniram para acabar um lugar desses, tão lindo, tão pacato e tão bom com o ser humano pois o rio mesmo sendo envenenado constantemente com substâncias tóxicas para a saúde do ser humano como o sulfato de alumínio usado no tratamento da água, mesmo assim e apesar da agressão aos peixes e as pessoas, o rio continua alimentando muita gente e não somos completamente envenenados pela inacreditável capacidade do rio de resistir, dando um exemplo sem igual de como o ser humano deve agir em sua breve passagem nessa vida. Sem medo, sem temer, sem achar que os poderosos podem tudo e nós não podemos nada. Nós somos a maioria e só precisamos conhecer, defender, nos organizar.
Não é porque foi cometido um erro, o da construção de uma captadora de água na área em questão que outras obras criminosas podem ser construídas no local. Acho que não é interessante para ninguém a construção de um porto na área das Lajes onde os maiores rios do mundo se encontram. Pega mal para os donos do projeto seja lá quem forem pois devem ter um nome a zelar, para os governantes que se supõe estarem do lado do bem público, ao lado do povo e principalmente ao lado da preservação da Amazônia. Usar o argumento de que vai gerar emprego, renda e melhorar a vida da comunidade, não é válido. Isso se chama manipulação e corrupção já que os prejuízos sociais, ambientais e históricos de uma obra desse porte num lugar com essa natureza representa o começo de um final trágico para a existência de todos. Não só dos moradores do Lago do Aleixo e de Puraquequara, dos pescadores da região, da Manaus como um todo pois um rio poluído e envenenado escorre para o mar e pode acabar com a nossa raça na terra. Porque fazer isso por dinheiro se a moda entre os bilionários é ajudar os que mais precisam. A viver não a morrer.
Lulu, moradora da comunidade do Aleixo, contou na reunião uma história que me deu esperança. E estendo esse sentimento de esperança aos manauaras e peço para que não se omitam e se engajem nesse movimento em prol do tombamento do nosso Encontro das Águas. Lulu contou que no Lago do Aleixo (antes da seca claro) foi encontrado um filhote de peixe-boi, uma espécie profundamente abalada pela pesca predatória e que corre risco de extinção. Para Lulu “apesar da poluição tem vida no lago”. Esse bichinho completamente indefeso veio nos demonstrar que nem tudo está perdido.
(*) É escritora, jornalista e colaboradora do NCPAM/UFAM.
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