Ademir Ramos (*)
Na busca da subversiva memória Amazônica ouvimos uma narrativa digna de ser partilhada com todos vocês que teclam na telinha em busca do novo. Foi lá em Urucará, na mesorregião central do Amazonas, no Paraná de Urucará, nas proximidades da foz do rio Uatumã. Foi lá, que registramos esse depoimento que nos faz pensar e refletir sobre o que o bicho homem é capaz de fazer
Antigamente, não muito longe, nesse lugar presenciava o passeio de famíla de Peixe-boi subindo o Paraná de Urucará para procriar nas cabeceiras dos rios. Macário, o narrador, afirmava que o povo vinha à beira para ver essa beleza da natureza. No entanto, nem todos tinham o mesmo propósito de reverenciar a vida. E numa dessas ocasiões. Ele, foi chamado por um compadre para ir à comunidade mais próxima para presenciar a pesca do Peixe-boi. "O que me deixou muito triste e abatido", explicava o narrador, "porque o que eu vi foi desumano". A matança de uma família inteira de Peixe-Boi "na base do arpão, da cacetada e o do sufocamento, é muita dor para um cristão", lamentava o senhor Macário.
Eu vi tudo isso e o golpe de misericórdia se dá quando o homem tomando pelas mãos dois pedaços de madeira empurrava nas narinas do peixe matando por sufoco. "Foi nessa hora que eu vi as lagrimas do peixe-boi cair de seus olhinhos. - Eu vi", gesticulava o pescador. Isso me marcou muito, "fazendo abandonar a pescaria desse animal e tampouco comer a sua carne até hoje. Juro por Deus".
(*) É professor, antropólogo e cooredenador do NCPAM/UFAM. Notas do caderno de Campo:2004.
Na busca da subversiva memória Amazônica ouvimos uma narrativa digna de ser partilhada com todos vocês que teclam na telinha em busca do novo. Foi lá em Urucará, na mesorregião central do Amazonas, no Paraná de Urucará, nas proximidades da foz do rio Uatumã. Foi lá, que registramos esse depoimento que nos faz pensar e refletir sobre o que o bicho homem é capaz de fazer
Antigamente, não muito longe, nesse lugar presenciava o passeio de famíla de Peixe-boi subindo o Paraná de Urucará para procriar nas cabeceiras dos rios. Macário, o narrador, afirmava que o povo vinha à beira para ver essa beleza da natureza. No entanto, nem todos tinham o mesmo propósito de reverenciar a vida. E numa dessas ocasiões. Ele, foi chamado por um compadre para ir à comunidade mais próxima para presenciar a pesca do Peixe-boi. "O que me deixou muito triste e abatido", explicava o narrador, "porque o que eu vi foi desumano". A matança de uma família inteira de Peixe-Boi "na base do arpão, da cacetada e o do sufocamento, é muita dor para um cristão", lamentava o senhor Macário.
Eu vi tudo isso e o golpe de misericórdia se dá quando o homem tomando pelas mãos dois pedaços de madeira empurrava nas narinas do peixe matando por sufoco. "Foi nessa hora que eu vi as lagrimas do peixe-boi cair de seus olhinhos. - Eu vi", gesticulava o pescador. Isso me marcou muito, "fazendo abandonar a pescaria desse animal e tampouco comer a sua carne até hoje. Juro por Deus".
(*) É professor, antropólogo e cooredenador do NCPAM/UFAM. Notas do caderno de Campo:2004.
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