quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ENCONTRO DAS ÁGUAS GANHA TOMBAMENTO DEFINITIVO

Elaíze Farias

O conselho consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiu agora à tarde (4) pelo tombamento definitivo do Encontro das Águas dos rios Solimões e Negro, em Manaus.

Segundo a assessoria de imprensa do Iphan o pedido de impugnação do tombamento elaborado pela empresa Lajes Logística, que havia sido dado entrada na semana passada, foi rejeitado pelos conselheiros e procuradores do órgão. A assessoria informou ainda que o processo de tombamento não foi alterado.

O passo seguinte é enviar o tombamento para a homologação do ministro da Cultura, Juca Ferreira.

O relator do processo favorável ao tombamento do Encontro das Águas foi o arqueólogo Eduardo Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).

Fonte:http://acritica.uol.com.br/amazonia/Encontro-Aguas-ganha-tombamento-definitivo_0_365963483.html

URGENTE: A coordenação do NCPAM foi informada pelo poeta Thiago de Mello, que repassou informe da direção do Iphan Nacional sobre o Ato de Tombamento do Encontro das Águas, que para os Manauaras não tem preço e muito menos está à venda. O seu valor é incomensurável a se manifestar nas culturas, na sociobidiversidade, na economia e história do povo do Amazonas. A preocupação agora concentra-se no processo de gestão desse patrimônio, devendo ser uma ação compatilhada e participativa. Alegria total em nossa redação, que comungamos com todos amantes da natureza contra a depredação e os aventureiros que tratam a Amazônia como terra de ninguém. Eis a resposta soberana de um povo que tem como mito fundador a liberdade de Ajuricaba, lider dos Manaós, que transformou o Encontro das Águas em seu túmulo, repudiando o regime de escravidão instituído pelo império colonial na Amazônia. O Encontro das Águas álém da morada dos mitos é também fortaleza dos Manauaras, descendentes dos Manaós.

MENSAGEM DO O EX-SUPERINTENDENTE DO IPHAN/AM

Fico feliz com essa vitória, ainda mais porque minha filha nasceu agora dia 28 de outubro e é para estes que vêm, que estamos sempre trabalhando. Agora é, como diz o e-mail, fazer cumprir o espírito do tombamento, preservando o local com as características fundamentais para a sua leitura histórica e natural. Vamos permanecer atentos a qualquer descaminho possível. Como desdobramento imediato do tombamento eu proponho que iniciemos o processo de tombamento como monumentos isolados do necrotério da Colonia Antonio Aleixo, do Cinema (onde hoje funciona a Lajes Logística, a Administração e pelo menos um dos pavilhões de internação). Já produzimos alguma documentação na época em que fui superintendente do Iphan-AM , para encaminharmos ao Governo do Estado, na tentativa de evitarmos a demolição de todos os vestígiods da antiga Colônia. Não me lembro se chegou a haver uma demanda do MPF, mas é só procurar no Iphan e pesquisar nos ofícios 2008/2009; Isso vai manter as coisas acesas lá na área e a causa é boa, visto que a primeira destinação da Colônia foi abrigar os soldados da borracha. Depois disso tornou-se um importante marco do tratamento da hanseníase e suas mazelas, isolamento, detruição da cidadania, etc. Eu encomendei um trabalho sobre isso para o Erlan Souza, cineasta daí do Amazonas. Vale a pena conferir. é a memória do povo amazonense que vai sendo destruída. Pelo menos que seja um tombamento estadual.
Esqueci uma coisa, que vinha permeando todo o nosso discurso pelo encontro desde o primeiro ofício encaminhado para o MPF: Com a aprovação do tombamento se inicia agora a campanha para que o Brasil proponha o Encontro como Patrimônio Natural e Cultural da Humanidade (era preciso o reconhecimento anterior da excepcionalidade do sítio pelo país membro da UNESCO, o que agora conseguimos), na categoria de paisagem cultural (ou simplesmente como sítio natural, porque é mais fácil). Proponho que este desejo seja encaminhado imediatamente ao DEPAM (Iphan/Brasília) e aos órgãos ambientais, além dos ministérios da cultura e meio ambiente. Agora é o momento antes que o debate esfrie.
André Bazzanella

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