sexta-feira, 26 de novembro de 2010

EM DISCUSSÃO O MODELO PREDADOR DE DESENVOLVIMENTO NA AMAZÔNIA

Debate sobre o futuro da região organizado pelo Fórum Amazônia Sustentável em Belém reuniu políticos, empresários e lideranças locais. O evento começou na quinta-feira (25) e encerra hoje (26), no Centro de Convenções Hangar, em Belém do Pará, durante o seu IV Encontro Anual. O Fórum está ancorado nas logomargas de poderosas empresas tais como Vale, Alcoa, Agropalma, entre outras, que se beneficiam diretamente da exploração de recursos ambientais e minerais na Amazônia, provocando tamanho dano a paisageme a economia local. É o caso da Alcoa em Juruti, no Pará, com exploração mineral e a mais recente jogada da Vale (Log-In) aliada com o governo do Amazonas para se construir um Porto no Encontro das Águas, não merecendo sequer uma vírgula do Fórum Amazônia Sustentável. O contraponto da discussão dos "empreendedores verdes" vem de Santarém, onde está reunidos as lideranças sociais, culturais e étnicas no V Fórum Social Pan-Amazônico, protestando contra esses megaprojetos resultantes de manipulações políticas, que alimentam a corrupção e o tráfego de influência não só nos beiradões, mas sobretudo, no planalto palaciano. Em pauta a discussão do modelo de desenvolvimento predador na Amazônia e a luta do seu povo para garantir seus direitos fundamentais, recorrendo ao meio ambiente como fonte de sustentabilidade. A foto denuncia o modus operandi excludente desses predadores, que estabelecem estacas e arames farpados frente as manifestações populares.

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A Amazônia é uma das regiões mais ricas em recursos naturais e ao mesmo tempo tem alguns dos piores indicativos sociais do Brasil. Na região, vivem cerca de 25 milhões de pessoas, das quais 38% vivem na linha da pobreza; 22% desse total têm apenas dois reais de renda por dia. Isso significa que ser exportadora de matérias primas e abrigar algumas das maiores empresas do mundo não conduz necessariamente a região a um nível de desenvolvimento social satisfatório. Mas isso parece estar mudando, segundo afirmam os agentes participantes do Fórum Amazônia Sustentável.

“Estamos entrando em um novo ciclo econômico”, afirmou o pesquisador do Imazon, Adalberto Veríssimo, um dos coordenadores do Fórum Amazônia Sustentável, que promove até hoje (26), em Belém um debate sobre Riscos e Oportunidades para a Amazônia na próxima década. Cerca de 300 organizações civis, governos e empresários participaram do debate.

Para Veríssimo, a região amazônica vive o início de um novo ciclo de desenvolvimento. “O modelo que considerava a floresta como um obstáculo para o crescimento econômico da região está ultrapassado”, disse ele, ponderando que a consolidação de alternativas sustentáveis precisa de investimentos permanentes. “Não podemos voltar ao modelo antigo, do desmatamento, que não deu certo. Temos que olhar um novo modelo e dar escala a ele”, afirmou.

Presente ao encontro, o senador eleito pelo Acre e ex-governador, Jorge Viana, considerou que a economia deverá ser uma questão central para a Amazônia, mas ressaltou que a região deve fundamentar sua base em uma “economia florestal”, onde o uso sustentável da floresta seja o modelo vigente.

Viana defendeu uma agenda econômica que melhore a vida das pessoas e ajude na redução de emissões (de gases de efeito estufa). Ele conclamou os demais governadores dos estados amazônicos a estabelecer juntos uma agenda de trabalho comum para a região.

O vice-governador eleito no Pará, Helenilson Pontes (PPS-PA) também vislumbra uma nova perspectiva econômica para a Amazônia, mas ressalta que deve haver mudanças na ocupação do território. Segundo ele, o Pará tem uma área desmatada de cerca de 25 milhões de hectares, dos quais 10 milhões de hectares estão abandonados ou não são aproveitados.

Pontes lembrou que o Pará tem cerca de 2,8 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, apesar dos altos recursos que gera a partir da exploração energética e mineral. Em toda a Amazônia, cerca de 40% da população está nessa situação. “Isso significa cerca de dez milhões de pessoas que precisam ser incluídas no sistema capitalista”, disse Pontes.

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