terça-feira, 2 de novembro de 2010

ZONA LESTE EM FOCO


Nascer do sol no Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões sob olhar das lentes de Valter Calheiros. O Cenário retrata não só beleza, mas, grave ameaça que paira sobre a natureza e o povo local. A beleza nessa circunstância explode na retina do artista fotógrafo, denunciando a maravilha que mora aqui. Calheiros é fotógrafo do Movimento S.O.S. Encontro das Águas e participa efetivamente dessa luta em respeito a diversidade cultural e sua sociobidiversidade.

O acidente em tela, que fere o paisagismo do Encontro das Águas, é a Adutora das Lajes. Obra do PAC construída em parceria com o governo do Amazonas com objetivo de oferecer a distribuição de águas para Zonas Leste e Norte de Manaus. Possivelmente, ainda este ano, o Presidente Lula estará por aqui para inaugurar esse "espantalho" conforme definição de alguns moradores da vizinhança. Espantalho porque mete medo aos navegantes e ameaça os moradores da Zona Leste, que há mais de 30 anos controla a distribuição de água para os moradores da Colônia Antonio Aleixo e adjacência. É nas imediações desta adutora que a Log-In Intermodal, controlada pela Vale, pretendia construir um Terminal Portuário das Lajes. Tanto a adutora e as restingas onde se pretendiam construir o Porto da Vale (Lajes) fazem parte da proposta de Tombamento do Encontro das Águas, que ora tramita no Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, barrando desta feita, o empreendimento que marcava de morte o paisagismo e toda riqueza que encerra no magnifico fenômeno do Encontro da Águas, símbolo identitário do povo do Amazonas.

A sensibilidade de Valter Calheiros, impressa em suas fotos, dão conta dos graves riscos que cercam os empreendimentos construídos nas imediações do Lago do Aleixo e do complexo ecossistema do Encontro das Águas. Em foco, o aterro feito na "boca de cima" do Lago do Aleixo para o funcionamento de um Porto Fluvial de médio porte, que ameaça a desabar a qualquer momento. A foto foi abstraída recentemente, neste período de seca, mostrando por onde os comunitários transitam em suas pequenas nevegações sob ameaça de sofrerem as consequencias de um dano ambiental prestes a acontecer. Nesta região, contamos mais de 8 portos clandestinos ou quando não, licenciado de forma criminosa com aval de políticos ou através de compra de favores. O deslizamento do Porto Chibatão ocorrido há poucos dias é o enunciado de uma tragédia, que poderá acontecer se os Agentes Públicos não cumprirem com o seu dever, embargando as atividades desses portos cladestinos e, reparando em tempo, os erros cometidos por outros agentes viciados, intrumentalizados por governantes corruptos que muito se beneficiam desses meios ilícitos para acumular riqueza e arrogância no exercício do poder de Estado.

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