sábado, 25 de abril de 2009

MOBILIZAÇÃO CULTURAL NA COLÔNIA ANTONIO ALEIXO

Neste domingo (16), a praça principal da Colônia Antonio Aleixo, na zona leste de Manaus, será a referencia da cultura para celebrar a arte solidária dos artistas que exaltam o paisagismo natural do Encontro das Águas e seu valor cultural para a identidade do povo do Amazonas.

O cenário é perfeito para representação do auto de Ajuricaba, herói mítico do Amazonas, que lutando contra os colonizadores rompeu as amarras jogando-se nas profundezas do Encontro dos rios Negro e Solimões, formadores do caudaloso Amazonas, morrendo em liberdade.

Ajuricaba, herói amazônico, tem sido a grande motivação dos manauaras (Manaós –ara), que traduzido da Língua Geral Amazônica significa “terra dos Manaós”, para lutarem contra os invasores, oportunistas e corruptos que pretendem se apropriar da força de trabalho de seus filhos e do patrimônio cultural de nossa gente.

Para tarde de domingo a partir das 14h até as 19h, os comunitários do Aleixo juntamente com os jovens pesquisadores, estudantes do Instituto de Pesquisa da Amazônia, das Universidades Federal e Estadual mais o Movimento SOS Encontro das Águas, convidam a todos os amantes da cultura e homens e mulheres de bens do Amazonas a participarem desta mobilização cultural contra a poluição do Lago do Aleixo e pela preservação do nosso magnífico Encontro das Águas. A caravana sairá às 12h30 do Posto BR da Bola do Coroado.

Os internautas poderão participar enviando suas mensagens, que serão lidas no corpo das apresentações do trabalho. A mobilização cultural concentrará no Espaço Cidadão de Arte e Educação (ECA), contando com a realização de oficinas de educação ambiental com foco na importância socioambiental do Encontro das Águas, discutindo a questão da qualidade e gestão recursos naturais, bem como as Áreas de Preservação Permanente, oficina de reaproveitamento de óleo para fazer sabão, oficina de desenho, oficina de instrumentos e malabares com material reciclável e apresentação/exposição dos cartazes produzidos pelos alunos que participaram da I Conferência Infanto-juvenil do Meio Ambiente. Mais espetáculos de danças, teatro, música (Cabocliolo) e recital de poesia com a participação dos presentes.

As luzes se apagam com a sonoridade dos versos do poeta Quintino Cunha (1875-1943), nascido no Ceará, mas embriagado de paixão pelo nosso Amazonas, o que se manifesta no poema Encontro das Águas:

Encontro das Águas

Por Quintino Cunha

Vê bem, Maria aqui se cruzam: este
É o Rio Negro, aquele é o Solimões.
Vê bem como este contra aquele investe,
como as saudades com as recordações.


Vê como se separam duas águas,
Que se querem reunir, mas visualmente;
É um coração que quer reunir as mágoas
De um passado, às venturas de um presente.


É um simulacro só, que as águas donas
D'esta região não seguem o curso adverso,
Todas convergem para o Amazonas,
O real rei dos rios do Universo;


Para o velho Amazonas, Soberano
Que, no solo brasílio, tem o Paço;
Para o Amazonas, que nasceu humano,
Porque afinal é filho de um abraço!

Olha esta água, que é negra como tinta.
Posta nas mãos, é alva que faz gosto;
Dá por visto o nanquim com que se pinta,
Nos olhos, a paisagem de um desgosto.

Aquela outra parece amarelaça,
Muito, no entanto é também limpa, engana:
É direito a virtude quando passa
Pela flexível porta da choupana.

Que profundeza extraordinária, imensa,
Que profundeza, mais que desconforme!
Este navio é uma estrela, suspensa
Neste céu d'água, brutalmente enorme.

Se estes dois rios fôssemos, Maria,
Todas as vezes que nos encontramos,
Que Amazonas de amor não sairia
De mim, de ti, de nós que nos amamos!...

Um comentário:

Anônimo disse...

Caríssimo... um fenômeno natural como o encontro das Águas (onde os rios Amazonas e Negro), encontram-se e seguem juntos por todo os seus leitos, não vai acabar, salvo se os dois secarem... aí está a questão: pense caríssimo!! Uma construção gigantesca (mais de 200 milhões), torna inviável a adutora que vai abastecer toda a Zona Leste de Manaus, "danifica" o Lago do Aleixo (saiba que as pessoas vivem da pesca), os mais de 250.000 containeres desaguarão seus restos nos rios), as vidas "animais" (saiba que eles também tem vida), serão prejudicadas e a área das Lajes já reconhecida nacionalmente como Sítio Geológico sofreria um crime contra a humanidade. Ah! e os empregos que surgiriam... com certeza é tudo robótica (não contempla), as pessoas da CAL. Esses são apenas uns motivos pela não contrucão desse Porto Lá. Seja vc também um filho...da Amazônia e ajude a preservá-la e não vendê-la Para esses Empresários.