domingo, 11 de abril de 2010

BALCÃO DE PROJETOS: AS FEIRAS COMO TEATRO POPULAR DE RUA

A PROPOSTA DO NCPAM REQUER A PARTICIPAÇÃO EFETIVA DA PREFEITURA DE MANAUS, ENVOLVENDO AS SECRETARIAS AFINS, ARTICULANDO FORÇA COM OS SEGMENTOS CULTURAIS ORGANIZADOS QUE QUEIRAM PARTICIPAR DA CONSTRUÇÃO DESSE PROJETO, CONTANDO COM A PARTICIPAÇÃO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS E DO PRÓPRIO SEGMENTO PRIVADO EM ATENÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SUA RESPONSABILIDADE SOCIAL.

No final de semana é quando mulheres e homens vão às feiras para refazerem seus estoques alimentícios. Os mais modernos preferem os supermercados para suprir suas necessidades e vez por outra procuram as feiras para adquirir o pescado fresco ou quem sabe se encantar com o colorido das frutas, o cheiro dos temperos e a performance dos vendedores que se destacam não pelo produto, mas pela forma como oferecem aos clientes passantes a mercadoria sobre a banca. A feira é um fenômeno histórico, onde os homens secularmente se encontram para as trocas de bens materiais e simbólicos mitigado por discussões das mais variadas sob o signo da política.

A importância das feiras para as ciências sociais é de valor inestimável porque nela os homens se relacionam, formulando questões que exigem respostas convincentes tal como faz o vendedor de rua quando expõe seus produtos em praça publica anunciando suas funções e o benefício direto ao consumidor. Nesse arranjo das relações, o vendedor ambulante se notabiliza quando consegue fazer a grande roda entorno de si tal como faz também o artista de rua, que apostando em seu talento vai às praças para ganhar o seu troco.

As feiras até hoje encerram beleza e singularidade. Por isso, exige dos participantes mais atento observação arguta sobre valores econômicos, políticos, culturais e a respeito da trajetória de vida dos atores em cena. Em sociedades mais desenvolvidas, os gestores das feiras oferecem representações artísticas, literárias e oficinas culturais, investindo no desenvolvimento cognitivo do cidadão local, seguindo a máxima de que os produtores culturais devem ir onde o povo está.

No Amazonas, temos feiras das mais diversas seja no interior do Estado ou na Capital, assim como temos também os Mercados Municipais. Contudo, as feiras, muitas delas são móveis, agregando homens com seus valores culturais e ambientais. Nos subúrbios de Manaus, estas feiras tornaram-se permanentes sendo administradas pelo Poder Municipal.

Na Zona Leste, no Bairro do Coroado, temos duas feiras populares, que conhecemos muito bem. A mais antiga está localizada no centro comercial do Bairro, com graves problemas decorrentes de saúde pública. O domínio desse território está circunscrito ao Estado, não havendo entendimento com a Prefeitura para operacionalizar a gestão desse patrimônio popular, penalizando o povo pelas péssimas condições de higienização porque tanto o Estado quanto o Município nada fazem para sanear o ambiente.

Por essa razão, o Poder Público Municipal resolveu construir outra feira na rua principal com ares de urbanidade, no entanto, a Feirinha continua e o descaso público também, requerendo de imediato providência em favor da saúde pública. Nas sextas, a feira da rua principal do Coroado é a referência para se adquirir os produtos hortifrutigranjeiros oriundos da Colônia dos Japoneses, registrando a presença de novos atores sociais com poder econômico maior, o que faz elevar o preço dos produtos. A feira funciona noite adentro, servindo também como alternativa de lazer para os moradores do local, recorrendo aos churrasquinhos e as sopas oferecidas pelo bares de plantão.

Pelo fluxo de pessoas que circulam nessas feiras e nas demais por toda Manaus, bem que o Município ou o Estado poderiam oferecer melhores condições, promovendo o saneamento do ambiente, qualificando seus permissionários e promovendo espetáculos culturais de relevante valor artísticos e cultural.

Esta possibilidade é viável desde que os formuladores de políticas públicas queiram descentralizar as práticas culturais da cidade, investindo na valorização dos movimentos culturais da periferia, promovendo uma interlocução com produtores populares na perspectiva de se informar e formar cidadãos capazes de discernirem e optarem por novos produtos no mercado de bens simbólicos. Dessa feita, as feiras populares além de agregar valores culturais se transformariam também em Teatro popular de rua, com música, literatura, arte e linguagem cênica própria sob a gestão de um processo democrático participativo.

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