Aquiles Santos Pinheiro (*)
O projeto de pesquisa em nível de pós-graduação sobre os usos sociais e políticos da Língua Geral Amazônica (Nheengatu)oriunda do Tupinambá, que foi adotada como língua franca no período colonial,promovendo a comunicação e interação entre indígenas e não-indígenas, encontra-se referenciado na comunidade do "cartucho" no Município do Amazonas de Santa Izabel do do Rio Negro, antigo Tapuruquara. Nesse território cultural determinado, o Nheengatu vem sendo falado por diversos povos como instrumento de afirmação identitária, conforme fora observado entre os Baré, cuja língua tradicional já não é mais falada.
A escolha dessa região (Terras Indígenas do Médio Rio Negro II) se deve a diversidade cultural e linguística existente nessa área. As primeiras observações dão conta que a principal razão para a manutenção desse complexo etnolinguístico é a prática da exogamia linguística e a residência patrilocal, ou seja, nesse território os homens se casam com mulheres que falam uma língua diferente da sua. Nesse contexto etnocultural, as crianças crescem falando pelo menos duas línguas. Porém, a língua que identifica a pessoa, a aldeia e o grupo étnico é, principalmente, a língua do pai e não a língua do grupo linguístico da mãe.
Desse modo, encontram-se falantes também que dominam três ou mais línguas, as quais são faladas no cotidiano, no âmbito familiar, além do que, tais falantes são capazes de compreender outras línguas indígenas faladas na comunidade. Além das línguas indígenas, os falantes desta região dominam a língua nacional – o português – mas falam, entre eles, predominantemente o Nheengatu.
Esse cenário se apresenta como o ideal para o estudo que se pretende realizar, isto é, os usos sociais e políticos do Nheengatu em contexto de diversidade etnolinguística. A questão posta é saber as razões pelas quais determinadas línguas são faladas ou não, dependendo do contexto social ou das situações de comunicação e interação coletiva, circunstanciais ou não, em que os falantes se encontram nas “realizações concretas de fala”.
A orientação da pesquisa volta-se para o domínio do Nheengatu como diacrítico fundamental na construção de uma identidade supra-étnica de forma genérica como afirma de uma idianidade nas relações e poder com o Estado Nacional e outras instituições não-governamentais, bem constituindo uma marca de identidade cultural afirmativa.
Nessa perspectiva, o Nheengatu consolida-se como língua franca, sendo, por essa razão, o instrumento que intensifica a comunicação e interação social, servindo como mediador da interculturalidade existente na região e, mais ainda, consolidou-se como língua “materna” ou língua “tradicional”, na medida em que foi apropriada por alguns povos indígenas que perderam as suas línguas, como é o caso dos Baré, Mura, parte dos Baniwa e dos Mundurucu.
A metodologia adotada para a realização de trabalho de campo fundamenta-se na prática da pesquisa participante de forma interativa. A coleta de dados será feita mediante gravações de entrevistas individuais e coletivas, isto é, de locuções públicas nas reuniões da Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas - ACIR, bem como em outros eventos comunitários. Também está prevista como estratégia de pesquisa realização de 10 oficinas paradidáticas temáticas, onde alunos do ensino médio e fundamental terão a oportunidade de confrontar a sua competência linguística no domínio oral do Nheengatu com as formas de escrita proposta para essa língua. A escolha dessas técnicas, além de atender aos objetivos da pesquisa, atende também à demanda da comunidade pela inclusão do Nheengatu no conteúdo curricular da escola como forma de valorização da cultura local e afirmação identitária pela efetivação da escola indígena diferenciada, visando à construção de um projeto de vida culturalmente determinado.
(*) Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas PPGAS-UFAM e bolsista da CAPES.
O projeto de pesquisa em nível de pós-graduação sobre os usos sociais e políticos da Língua Geral Amazônica (Nheengatu)oriunda do Tupinambá, que foi adotada como língua franca no período colonial,promovendo a comunicação e interação entre indígenas e não-indígenas, encontra-se referenciado na comunidade do "cartucho" no Município do Amazonas de Santa Izabel do do Rio Negro, antigo Tapuruquara. Nesse território cultural determinado, o Nheengatu vem sendo falado por diversos povos como instrumento de afirmação identitária, conforme fora observado entre os Baré, cuja língua tradicional já não é mais falada.
A escolha dessa região (Terras Indígenas do Médio Rio Negro II) se deve a diversidade cultural e linguística existente nessa área. As primeiras observações dão conta que a principal razão para a manutenção desse complexo etnolinguístico é a prática da exogamia linguística e a residência patrilocal, ou seja, nesse território os homens se casam com mulheres que falam uma língua diferente da sua. Nesse contexto etnocultural, as crianças crescem falando pelo menos duas línguas. Porém, a língua que identifica a pessoa, a aldeia e o grupo étnico é, principalmente, a língua do pai e não a língua do grupo linguístico da mãe.
Desse modo, encontram-se falantes também que dominam três ou mais línguas, as quais são faladas no cotidiano, no âmbito familiar, além do que, tais falantes são capazes de compreender outras línguas indígenas faladas na comunidade. Além das línguas indígenas, os falantes desta região dominam a língua nacional – o português – mas falam, entre eles, predominantemente o Nheengatu.
Esse cenário se apresenta como o ideal para o estudo que se pretende realizar, isto é, os usos sociais e políticos do Nheengatu em contexto de diversidade etnolinguística. A questão posta é saber as razões pelas quais determinadas línguas são faladas ou não, dependendo do contexto social ou das situações de comunicação e interação coletiva, circunstanciais ou não, em que os falantes se encontram nas “realizações concretas de fala”.
A orientação da pesquisa volta-se para o domínio do Nheengatu como diacrítico fundamental na construção de uma identidade supra-étnica de forma genérica como afirma de uma idianidade nas relações e poder com o Estado Nacional e outras instituições não-governamentais, bem constituindo uma marca de identidade cultural afirmativa.
Nessa perspectiva, o Nheengatu consolida-se como língua franca, sendo, por essa razão, o instrumento que intensifica a comunicação e interação social, servindo como mediador da interculturalidade existente na região e, mais ainda, consolidou-se como língua “materna” ou língua “tradicional”, na medida em que foi apropriada por alguns povos indígenas que perderam as suas línguas, como é o caso dos Baré, Mura, parte dos Baniwa e dos Mundurucu.
A metodologia adotada para a realização de trabalho de campo fundamenta-se na prática da pesquisa participante de forma interativa. A coleta de dados será feita mediante gravações de entrevistas individuais e coletivas, isto é, de locuções públicas nas reuniões da Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas - ACIR, bem como em outros eventos comunitários. Também está prevista como estratégia de pesquisa realização de 10 oficinas paradidáticas temáticas, onde alunos do ensino médio e fundamental terão a oportunidade de confrontar a sua competência linguística no domínio oral do Nheengatu com as formas de escrita proposta para essa língua. A escolha dessas técnicas, além de atender aos objetivos da pesquisa, atende também à demanda da comunidade pela inclusão do Nheengatu no conteúdo curricular da escola como forma de valorização da cultura local e afirmação identitária pela efetivação da escola indígena diferenciada, visando à construção de um projeto de vida culturalmente determinado.
(*) Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas PPGAS-UFAM e bolsista da CAPES.
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