sábado, 24 de abril de 2010

O PT E AS PRÁTICAS DAS INSTITUIÇÕES TOTAIS

Uma instituição total assemelha-se a uma escola de boas maneiras, mas pouco refinada. Gostaria de comentar dois aspectos dessa tendência para multiplicação de regras ativamente impostas. (Goffman)

As práticas políticas provocam nos seus intérpretes múltiplas representações às vezes para explicar ou para confundir determinadas opções partidárias manifesta pelo comportamento de suas lideranças. A prática do PT não é diferente.

Por ordem do “companheiro Lula” o PT nacional bateu martelo em favor de um palanque único em todo território nacional. No norte do Brasil, o cumprimento dessa ordem está difícil de ser operacionalizada e cumprida devida as relações oligárquicas regionais e, sobretudo, pelo compromisso que o partido assumiu com tais lideranças, inclusive, participando não só das eleições, mas da própria máquina administrativa dos candidatos eleitos.

Nada contra. No entanto, o PT no Amazonas até hoje, não se constituiu como um partido de densidade eleitoral construindo um projeto próprio de poder. Ao contrário, o partido tem servido de escada para eleger candidatos que até pouco tempo eram espúrios as alianças da classe trabalhadora. O novo foco do partido tem sido as massas, o que minimiza seu viés ideológico em proveito das benesses do poder.

No Amazonas, está comprovado que a vitória estrondosa do “companheiro Lula” não foi mérito do seu partido. Sua aceitação popular também não. O PT no Estado pouco ou quase nada tem feito para merecer da Direção Nacional respeito e confiança. A presença do José Dirceu por essas paragens é prova inconteste de que os dirigentes locais são inconfiáveis e oportunistas.

Mas, a ordem é construir um palanque único. E como o PT no Amazonas não tem projeto de poder, bem diferente dos dirigentes que pretendem continuar mamando nas tetas do governo, o seu comportamento tem sido reprovável pela Direção Nacional.

Por isso, impera o torniquete político como instrumento real e objetivo para asfixiar os arrivistas que por vezes instrumentalizaram o partido e de forma vacilantes descuidaram de investir em candidatura própria tanto para o parlamento como para o executivo municipal e estadual.

Ademais, a ordem do dia da Direção Nacional torna-se lei no Amazonas porque o partido não tem capital eleitoral para contrapor o mando. E, assim como a tendência dominante transformou o PT no partido de massa irá também, conceituar sua agremiação pelos ditames do centralismo democrático, primando por resultados quantitativos eleitorais. É a velha regra: quem não tem projeto marcha à sombra do outro.

No entanto, a institucionalização do palanque único, embora esteja respaldado no mando de campo do “companheiro Lula” pode implodir o PT, transformando-o num meteoro perdido no universo eleitoral pronto a desabar, causando graves danos na candidatura majoritária do partido.

Pior do que o palanque único é a prática política fundada no pensamento único - “onde não se pensa, faz” - convertendo seus militantes em tarefeiros do comando dirigente. Dessa feita, imobiliza e reduz o partido no autoritarismo das instituições totais.

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