sexta-feira, 13 de março de 2009

MANO CHARLES - SEJA BEM-VINDO A AMAZÔNIA

Consciente de sua responsabilidade social e ambiental, o Mano Charles chega ao Brasil acompanhado da mulher Camila Parker, em Manaus desembarca nesta sexta-feira treze (13) para encontrar-se com os povos da floresta, que são os principais atores participantes dessa rede de vigilancia do planeta. O momento é apropriado para o movimento social promover um balanço ambiental das políticas públicas do governo do Amazonas e sustentar novas alianças para o fortalecimento do combate ao preconceito, a criminalização da pobreza e o racismo ambiental sofrido em nosso Estado.

Ademir Ramos*

Envolta com os trabalhos comunitários resultados dos programas de Extensão da Universidade Federal do Amazonas, o Núcleo de Cultura Política do Amazonas (NCPAM) sob a nossa coordenação, vinculado ao Departamento de Ciências Sociais desta Universidade, vem participando de vários projetos junto às comunidades do Estado, promovendo o empoderamento (empowerment) desses comunitários e de suas organizações sociais.

Da mesma forma trabalhamos também em pesquisa com as comunidades tradicionais, em particular junto às nações indígenas, que lutam pela efetividade de seus direitos fundamentais contra a vontade de alguns governantes aliados aos interesses privados, que tudo fazem para folclorizá-los ou reduzi-los a povos exóticos cristalizados nos primórdios do processo civilizatório, visando o não reconhecimento de seus territórios tradicionais, suas culturas e suas identidades étnica-culturais.

O tratamento que devotamos a Sua Alteza, Principe de Gales, é de respeito e admiração. Mano é uma expressão fraterna, que nós amazônidas recorremos para manifestar profundo sentimento em relação à pessoa que dialogamos e com-vivemos. Em seus determinantes conceituais contemplam-se, entre outros, o valor da alteridade, que muito siginifica para o reconhecimento dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente, vindo garantir a afirmação e o ordenamento de novas prática culturais civilizatórias fundamentadas na diversidade cultural e na sustentabilidade do planeta.

Daqui de longe, da Amazônia Brasileira, acompanhamos todo o esforço feito pelo Mano Charles para controlar a devastação da floresta, a violação dos direitos fundamentais de seus povos e a erosão dos recursos naturais. Com esse propósito criou uma organização não-governamental chamada Prince's Rainforests Projects com objetivo de intervir nesse processo a partir do fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil Democrática, gerando novas tecnologias socio-ambientais na busca da sustentabilidade e proteção do meio ambiente como forma de combater as mudanças climáticas no planeta. Todo esse monitoramente vem sendo feito em rede por meio da página Prince´s Rain Forest Project.

Consciente de sua responsabilidade social e ambiental, o Mano Charles chega ao Brasil acompanhado da mulher Camila Parker, em Manaus desembarca nesta sexta-feira treze (13) para encontrar-se com os povos da floresta, que são os principais atores participantes dessa rede de vigilancia do planeta. O momento é apropriado para o movimento social promover um balanço ambiental das políticas públicas do governo do Amazonas e sustentar novas alianças para o fortalecimento do combate ao preconceito, a criminalização da pobreza e o racismo ambiental sofrido em nosso Estado.

O Encontro com os governadores da Amazonia Ocidental no Palácio Rio Negro capitaneado pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga, pode ser um chamamento a responsabilidade desses governantes. No entanto, parece muito mais uma jogada provinciana para afirmação da liderança de Eduardo Braga, como simulacro dessa política de combate as mudanças climáticas, buscando se afirmar frente ao governo Lula como o líder da Amazônia.

Se “gato escaldado tem medo de água fria” nós, que há anos militamos no movimento social do Amazonas, tememos o repente do governador, em voltar-se para a proteção de nossas florestas tropicais criando o sacolão do bolsa floresta e outras artimanhas midiáticas. Pelo modo como tem agido e pelos meios recorrentes do seu governo, Eduardo Braga tem sido reconhecido junto as agências financiadoras internacionais como mais um lobista, que manipula o poder público para carrear dividentos não em benefício do tesouro do Estado e de seu povo, mas para engordar a conta da Fundação Privada Amazônia Sustentável.

Mano Charles, para nós amazônidas, as florestas e os rios fazem parte do nosso imaginário mítico-cultural e histórico, definindo nossas culturas em manifestações de valores comportamentais relacionados à materialidade e espiritualidade de nossa gente. Nesse sentido, o NCPAM como integrante do Movimento SOS Encontro das Águas recorre a Sua Alteza para juntos somarmos na proteção desse monumental fenômeno natural, que é o encontro dos rios Negro e Solimões, formador do magestoso Amazonas, ameaçado pela construção de um complexo portuário avalizado tanto pelo governo federal (Superintendencia da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA) e pelo governo do Estado do Amazonas, vindo a perturbar todo o ecossistema e depredar os sítios antropológicos e geológico cinscunscritos nas Lajes.

À frente desse combate encontram-se os comunitários do Lago do Aleixo e os homens e mulheres amigos de Manaus, que estão indignados com a lógica instituída pelas políticas de desenvolvimento regional implementadas pela SUFRAMA e pelo Governo Eduardo Braga, em detrimento ao meio ambiente e a qualidade de vida das comunidades locais.

Portanto, submetemos à apreciação do Mano Charles, a seguinte Petição: For the Official Registry of the Meeting of the Waters and the Pontas das Lajes Geological Site Against the construction of the Porto das Lajes at the Meeting of the Waters. Aguardamos também manifestações de solidariedade aos comunitários do Lago do Aleixo, na Zona Leste de Manaus e de apoio a proteção do nosso Meio Ambiente, em beneficio do Amazonas e do Planeta.

*Professor, antropólogo e coordenador geral do NCPAM da UFAM.

2 comentários:

Anônimo disse...

Então, quem diria que um dia, todos os príncipes e reis do amazonas seriam desbancados por um Príncipe que detem a realeza de fato.
As cabeças coçaram, os cotovelos se bateram de inveja de um único homem sem beleza, mas com toda a realeza de uma família que carrega a coroa real a muitos anos.
É bom, para o amazonas que recebamos reis, principes e princesas por essas bandas, mas cabe salientar que eles não estão por aqui à toa, sabemos que nossa floresta e rios despertam os interesses de todo os governos mundiais. Então, devemos estar atentos ao que estes governantes estão fazendo as nossos rios e matas.
Fica a chamada para um maior interesse acerca das politicas mundiais para a Amazônia e os impactos delas em nosso cotidiano manauara.

Anônimo disse...

O principe Charles e mais um ladrão da biodiversidade e da amnazonia com o pretexto de preservar a floresta, juntamente com o governador, estão ambos tratando de negócios do carbono!