quinta-feira, 10 de setembro de 2009

AMAZÔNIA E O OPORTUNISMO DE SEUS GOVERNANTES



Na formação do Estado brasileiro, a Amazônia tem sido colônia de exploração dos governantes aliados com interesses privados nacionais e transnacionais seguido de uma prática neocolonial caracterizada pelo saque e rapinagem de seus recursos naturais, minerais, madeireiros, não madeireiros... extrativistas.

No passado colonial os conquistadores recorreram a “ferro e fogo” para cristianizar os milhares de indígenas que habitavam nesse extenso território sob o jugo da “guerra justa” e dos “aldeamentos indígenas” nas proximidades das missões e das fortalezas portuguesas que fincaram seus domínios às margens do grande rio das Amazonas, visando à escravização da força de trabalho indígena direcionada para os feitos da metrópole portuguesa.

Águas rolaram e no século XIX e os interesses transnacionais passaram a pautar a exploração do látex natural para a indústria automobilística internacional, mobilizando milhares de trabalhadores pobres e miseráveis para o interior da Amazônia brasileira movidos pela ilusão do fausto decorrente da exploração dos seringais nativos.

Passada a febre da borracha a economia da Amazônia volta à estaca zero, sem nenhuma perspectiva de se afirmar no mercado nacional e muito menos de se projetar no cenário mundial. O quadro só mudaria a partir da implantação do projeto Zona Franca de Manaus, avalizado pela ditadura militar sob a lógica expansionista do grande capital na Amazônia.

Nessa perspectiva, a palavra de ordem dos batalhões de construção na selva era integração e, dessa feita, se estabelece uma política pretoriana de exploração e depredação da Amazônia, fundamentado no binômio “segurança e desenvolvimento”, injetando vultosos recursos em construção de estrada e equipamentos de controle militar. Enfim, iniciam-se os projetos faraônicos que nos levariam a lugar nenhum como bem vimos com a transamazônica e os grandes projetos agropecuários financiados pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM).

Integração é tema recorrente na formulação de políticas públicas relativo à Amazônia, em determinado contexto significava cristianizar, civilizar e expansão de fronteira; no caso da ditadura tratava-se de uma política de militarização da Amazônia sob a mira dos fuzis e baionetas aliados com a construção das estradas. No entanto, até hoje pela omissão dos governantes e por oportunismo eleitoral, a Amazônia continua sofrendo o dirigismo político de Brasília, seguindo regra instituída pelo fantasma da ditadura traduzido na máxima de que “governar é construir estrada”.

Até o presente governo, Amazônia, que poderia ser um grande Centro de referencia de pesquisa dos trópicos úmidos capitaneado pela EMBRAPA, Universidades e Institutos de Pesquisa, prática esta fundamentada numa política de cooperação científica ancorada na soberania e promotora do desenvolvimento endógeno pautado na sustentabilidade dos povos e governança dos recursos ambientais, vem, ao contrário, sendo reduzida numa usina predadora capaz de satisfazer os caprichos dos governantes tanto lá como cá, em cumprimento ao imediatismo das tratativas internacionais que violam a soberania dos povos da floresta e provocam a estagnação e o atraso da nação brasileira.

O fato é que sem governança dos recursos ambientais e sem gestão científica geradora de tecnologia própria, o Brasil, particularmente o seu povo, estará à mercê dos interesses internacionais, vendo seus governantes serem desrespeitados nos fóruns das nações por serem fantoches de corporações internacionais predadoras dos nossos recursos ambientais, gerando dessa feita, a pobreza nacional e a perda de nossa dignidade enquanto nação livre e soberana.

Nenhum comentário: