quinta-feira, 3 de setembro de 2009
GRINGOS NO CATALÃO
Chico Mário Feitosa
Há tempo, muito tempo se fala que existem vários “Brasis” dentro do Brasil. Do ponto de vista da diversidade cultural e étnica que é inerente ao nosso país tal conceito tem tido uma enorme importância, devido ao respeito e igualdade com o qual todo cidadão brasileiro pode e deve ser tratado por seus pares.
Mas será mesmo que existe igualdade entre os brasileiros e entre estes e o resto do mundo? Parece ser uma pergunta boba, ou ridícula até, mas justiça e igualdade de direitos não parecem ser o forte da nossa nação - como assim exclamam os respectivos poderes que tratam do assunto. Tomando posse de parte de um verso de Zé Geraldo “Eu já não sei o que mata mais, se o trânsito, a fome ou a guerra” eu me arrisco dizer que a indiferença faz tudo isso acontecer e toda forma de violência se traduz, ao fim em nosso país, em injustiça aos menos favorecidos.
Não deveria nem posso entrar no mérito da questão do que é justiça de fato; se existe igualdade de direito para o povo e o porquê de tanta gente passando necessidade em nosso país. Entretanto a busca por ser um ser humano melhor me fez perder algumas horas de descanso para refletir um pouco sobre tal situação, não que essa seja uma prerrogativa brasileira.
Como pode alguém pagar pra registrar a miséria alheia? Foi o que me perguntei ao ver um gringo fotografar em sua pomposa máquina digital o casebre flutuante no qual eu fazia coleta de bagres (Pisces, Siluriformes) para uma pesquisa do instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa no lago Catalão, Amazonas. Alguém pode até refutar minha indagação afirmando que o contrário disso não mudaria em nada a vida daquelas pessoas ou de milhares delas na Amazônia e no Brasil e por isso, eu lançaria mão de outra pergunta: O turismo em nosso país é um negócio sustentável a ponto de ao menos melhorar a qualidade de vida do seu povo?
Digo isso por que o Brasil é considerado em todo mundo como um pólo mundial no setor do turismo. É aqui que se encontram as mais belas e diversificadas paisagens naturais, fauna e flora atraindo milhões de pessoas de todo o globo. E o mais legal da história: essas pessoas não vêm de graça.
Assim como a indústria do turismo, até o setor primário (que é mais explorado no Brasil) para mim não é sustentável. É algo mentiroso e medíocre que os politiqueiros lançam mão de falar com garbo e elegância, para que sua falácia e retórica sejam engolidas a seco pelo povo que há tanto espera deles: que a democracia seja algo concreto e palpável.
Eu seria uma pessoa ridícula se perguntasse por onde anda esse dinheiro todo e o que ele está financiando. Sinceramente falando, parece que a época do Brasil Colônia ainda não acabou e pelo visto, vários imperadores não querem de jeito maneira alforriar nosso povo. Como disse Eça de Queiroz, “Os políticos e as fraudas devem ser mudadas freqüentemente e pela mesma razão”.
Pesquisador do INPA
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