quarta-feira, 16 de setembro de 2009

GRAVE RETROCESSO



Ivânia Vieira*

Desde o dia 02 deste mês o padre Orlando Barbosa vive na condição de retirante. Pároco na Colônia Antonio, Zona Leste, Orlando tinha participação ativa na organização e mobilização da comunidade e legitimou-se como um dos porta-vozes daquela população na luta para instituir a participação comunitária na tomada de decisão sobre o melhor lugar de construção do Porto das Lajes.

A escolha da área para abrigar o futuro porto – nas confluências do Encontro das Águas e de comunidades situadas no lago do Aleixo – instaurou um embate entre empresários, setores governamentais que os apóiam e comunitários contrários a obra nesse lugar. Esse ato de escolha é, de fato, uma imposição de uns poucos.
Pe. Orlando tornou-se uma das vítimas da intolerância no local. A casa do sacerdote foi invadida no dia 26 de agosto e, ele, no dia 02 de setembro, forçado a sair do lugar do seu sacerdócio diante de ameaças feitas contra ele.

Isaque Dantas, eleito presidente da Associação dos Moradores da Colônia Antonio Aleixo, no mês de agosto, em entrevista ao blog do Núcleo de Cultura Política do Amazonas (NCPAM), fala das tentativas de intimidar os líderes comunitários. Promete que a luta para que o Porto das Lajes seja construído em outro lugar vai continuar.

As autoridades públicas sabem que há uma situação crescente de tensão. O noticiário expõe o cenário de conflitos. E mais, a comunidade do Antonio Aleixo e a sociedade aguardam informações sobre quem são os homens que invadiram a casa do Pe. Orlando Barbosa e a saquearam.
Essa situação, comum em outros períodos da história do País, não pode mais ser admitida na atualidade. Mas, a falta de respostas esclarecedoras aponta na direção contrária e mancha a Democracia conquistada e revela um grave retrocesso.

*Professora da UFAM e jornalista da equipe de A Crítica. Artigo publicado no dia 16.09.09

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