sexta-feira, 4 de setembro de 2009

NO GRITO E NA BALA

Como nos velhos tempos:os latifundiários, invasores, madeireiros, seringalistas, os chamados “coronéis de barranco” resolviam seus conflitos no grito e na bala. Os tempos passaram, mas a saga continua. Dessa fez, o ocorrido se dá nos arredores de Manaus, na colônia Antônio Aleixo, na zona Leste da capital do estado do Amazonas, onde uma empresa até então desconhecida chamada Lajes Logística S/A, em conluio com o latifundiário local com aval do governo do Estado, pretende construir um porto intermodal, apelidado de Terminal Portuário das Lajes.

Os donos do poder reuniram-se além-mar e, mediado por agentes governamentais, definiram meio e modos para operarem no mercado comprometendo instituições públicas estaduais e federais, visando à implementação do Terminal Portuário nas imediações do Encontro das Águas, bem como na circunscrição dos sítios arqueológicos das Lajes.

A jogada é velha e conhecida, mas os “coronéis do colarinho branco” agem à luz do dia como se fossem senhores da lei e acima dos homens. Tudo isso, decorre da instrumentalização do Estado para fins privados, minimizando os interesses públicos em favor das sociedades anônimas privatistas.

Negócio fechado, cronograma das obras definido juntamente com o plano de marketing e vamos para o campo contratar a boiada. No entanto, para surpresa dos arrivistas da empresa Lajes controlada da Log-In Logística Intermodal S/A. O cenário era bem diferente.

Deparam-se os travestidos empresários com as organizações das comunidades de base da igreja católica, padres, religiosas, pastores e mais as lideranças sindicais, intelectuais orgânicos, ambientalistas, políticos e funcionários públicos não-corruptos, donas casas, estudantes, escritores, organizações indígenas, representação dos hansenianos devidamente organizados e, sobretudo operadores do Direito, comprometidos com o cumprimento da Justiça.

O que fazer? – Passaram a exigir do governo estadual as tratativas acordadas sem o eco efetivo junto à população do entorno da pretendida obra – comunidades da colônia Antonio Aleixo, Puraquequara, Mauazinho, Careiro da Várzea e outras. Mas, o pior de tudo é que o dirigismo governamental não ecoou a contento junto aos servidores do Estado, dificultando a trama planejada para assaltar o patrimônio público do povo do Amazonas.

Para esses homens, o tempo é dinheiro e quanto mais se retarda o início da obra mais difícil fica para se defender junto aos seus acionistas. Para os políticos também, associados ao empreendimento, a parada tem que ser resolvida logo, antes que se misture com o processo eleitoral, o que já está acontecendo.

Assim, quanto mais o Movimento Social resiste, barrando o licenciamento da obra, aumenta a sanha dos arrivistas, que partem para violência física ameaçando de morte lideranças, visando o desmonte de suas organizações comunitárias a base do grito e da bala, criando um território sem Lei e um Estado de Exceção, onde tudo pode em favor dos donos do poder.

Do interior da floresta do Amazonas às margens do Encontro das Águas (Rio Negro e Solimões) clama-se por Justiça, em defesa do homem e dos seus ecossistemas, garantindo a presente e futuras gerações um meio ambiente saudável e justo para todo o planeta.

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